e foi até utilizado na propaganda dos regimes totalitários, fossem negros ou vermelhos
neste caso nazi, na boa tradição do olhar ao longe do romantismo alemão, porque, em Inglaterra, no romantismo latente nos pré-rafaelitas, era mais comum a pose também Desartiana, da melancolia do olhar baixo, mão junto à face, cabeça, ou coração
aliás, também muito comum, no Ballet Clássico de inspiração lendária nórdica, como o Lago dos Cisnes ou a Giselle
(espero que a Ana Lacerda da Companhia Nacional de Bailado não me cobre direitos de imagem).
Se olharem à volta, verão ao vosso lado todos os dias pessoas com este padrão de inspiração romântica. Verão melhor se forem surdos, ou desligarem o som das televisões. Ou se forem leitores de fotonovelas. Classificamo-las, até, de muito teatrais.
Se observarem pessoas pouco habituadas ao pequeno ecrâ, ao teatro ou ao cinema, porque o público da dança quase se conta pelos dedos, como os trabalhadores do campo-campo, por ex, verão que a gesticulação já é um bocado diferente.
É que os gestos são, consciente ou inconscientemente, linguagem apreendida, de identificação com um grupo , como a roupa que escolhemos vestir.
Continuando, um protegido de Delsarte levou o método para os Estados Unidos. Teve mais sucesso que a fast-food. Parecia o vírus da gripe. Espalhou-se por todo o lado até a manuais como este
Exactamente. Poses de sedução adequadas, acompanhadas de palavras a rigor para um frutuoso e feliz posterior casamento. Vi, mas, confesso, que nunca apliquei. Também há para homens.
Como os gestos têm cenário, tempo e moda, consoante as flutuações e exigências sociais, esta vaga lãnguida foi adaptada, nuns casos, repudiada noutros, por uma senhora chamada Edna Woolman Chase, editora da revista Vogue, na altura já líder no lançamento das femininas atitudes. Aqui temos Desartianas do mundo laboral. Qualquer dia falarei da moda e das suas variações de poses.
Mas posso ainda dizer que a seguir veio Ruth St Dennis que foi professora de Martha Graham que fez uma coreografia e interpretou uma obra maior chamada Lamentation (não sei fazer links mas, quem esteja interessado, pode ir ao Youtube e botar Martha Graham e Lamentation e logo aparecerá) onde estão, na essência, os princípios do método e que por sua vez foi tinta que coloriu tantos e tantos que vieram depois, até hoje e a este preciso momento.
Sobretudo aqueles que olham para o mundo, e de alma transferida para o corpo, lhe desenham as dores silenciadas. Com ou sem voz a ilustrar.
E , já agora, pedindo emprestada a caneta à miúda Maria Papoila, junto complemento visual à resposta dada ao comentário da tia adoptada
Primeiro a eterna moribunda pulmonar, a inglesa Lizzie Siddall em pose romãnticamente inspiradora
e o furacão Lou Salome, sem medo nem doença no olhar
e aqui literalmente pronta a chicotear os seus simultâneos e buliciosos amantes Wagner e Nietzsche
e mais quem quisesse casar com ela ou a contrariasse.