segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Apesar de mal conseguir ter os olhos abertos, o corpo letargiar toneladas mas, em compensação, ter o coração escancarado, aqui vos deixo o


Relato de uma viagem veloz a uma arte aberta.


Quem quer saber do sono quando se trata, Vanda e Alien, de preparar a amizade cimentada para gritar Agrandaté niña? Se a voz não sair da garganta, porque a ternura não deixa, hão-de falar os olhos. É saber antigo que não mentem. E salta-se para o chão na expectativa de se saltar para os braços.




Sevilha, luminosa, está ainda mais cheia de vaidade do que é hábito.





Durante um mês recebe gente entusiasta e estudiosa, antiga e contemporânea, ortodoxa e inventona, teórica e prática, mas toda amante do flamenco. Mais umas hordas de turistas com fome de exotismo moreno latino. Chovem americanos arrastados pelo espírito mítico e patético de Hemingway. Manda o álcool que berrem um Carmen entaramelado a todas mulheres. O que algumas respondem, não cabe aqui, que é sítio de respeito.


Lá explico à Eva, suada do obrigatório aquecimento vocal e muscular, tão amiga de fusões de géneros, que botei o No me arrepiendo de ná e que, sabe-se lá porquê, ora canta só trinta segundos ou dois minutos e trinta e um, coisa que não lhe tirou as ganas nem duende para que se lhe soltasse a alma rouca e o corpo furioso. Pareceu-nos ouvir as palmas das mãos frágeis da Edith Piaf .



E, ia o espectáculo a três quartos, jaleo ao rubro, saímos para o reino de um amor antigo.

O tal cimentado com a água doce dos olhos, tantos já são os anos de sobressaltos e cumplicidades entranhados. Nos bastidores, quem não conhece, estranha que eu, mais velha agora seis anos, que muito em breve serão reduzidos para cinco, seja chamada de Madre, cariño.

Histórias antigas da que começou como bailarina clássica, foi desviada por duas Madres para o contemporâneo e que semi reformando-se tem agora mais tempo para inventar um flamenco afoito, baseado na história das vielas clandestinas mas projectado já para uma evolução futura.

A criatura vai demonstrar as variantes de uns passos. Cheira-nos tal coisa a uma espécie de tese de doutoramento.

E Madres e Padres sentam-se na plateia. Cada um com seu tique e aflição. Eu passo as mãos pelas minhas coxas que sinto inseguras e trémulas, do meu lado direito palpa-se o estômago, do esquerdo já me mete nervos tanto alisar da sobrancelha e na cadeira da frente rola um brinco entre o polegar e o indicador.

Acendem-se os holofotes e os corações unem-se nos batimentos.





Sabemos que ali, na ponta, naquele momento, há uma solidão profunda. Como há em todas as pontas por muitos agrandaté que se abracem. É o que todos sentem.

E enquanto os tiques vão morrendo, vai nascendo o orgulho. Quem nos dera ter olhos de mocho para ver o que os senhores e senhoras vão escrevendo nos caderninhos enquanto nos bastidores se troca a bata de cola, ou seja, de vestido com cauda .




O público aplaude de pé aos gritos. Ay, mi niña más rica!

Descansa os pés e é bom que vá mudando de cérebro.





Daí a três horas, noite portuguesa muito entrada, ainda criança lá, subirá para um palco mais pequeno. Será apenas uma curta demonstração de dança, com toque de flamenco, imagine-se, do Gata em telhado de zinco quente, enquanto se comenta a morte de Paul Newman e Elizabeth Taylor está por pouco.

É uma loucura à solta feita corpo magoado.




No caminho a pé para a estalagem, sabe bem o ar frio, lavado, na face. Ainda há curiosidade para comprar cantos de outras eras que se prolongam até esta. Aqui, de forma mais ou menos académica, não há quem desrespeite a História.




E mais umas voltas depois do sono curto. Por todo o lado se vêem resquícios das festas de rua.




Mais uma vez surge o baque do porta bagagens. Mais uma vez os carros se separam.

A noite não tardará e ouve-se uma voz que soa a solitária ,que liga com o rolar do motor, com a lonjura e com as cores do campo.






Amanhã, que é agora, põe-se fim ao intervalo dos dias iguais.


terça-feira, 23 de setembro de 2008

Boto o presente inspirado na mania das grandezas elogiosas da minha amiga P. e no desejo simpático de outra amiga, Graça B., que eu desembrulhasse (a expressão é dela) um bom 21 de Setembro. Assim, por veneta e ganas, tirei a fotografia da moldura e escrevi-lhe uma

Carta ao regresso do que fui





Miúda:

Ficaste assim estática num dia 21 de Setembro, no Jardim dos Inglesinhos, ali para a Lapa. É o que está escrito no teu reverso.

Estamos em igualdade de circunstâncias: eu não me lembro de ter sido tu e tu não sabes o que a vida correu para além desse instante. Tanta metamorfose.

Cresceste, mas não muito. De corpo. De alma, talvez o normal, dependente como é do exterior. Percebeste várias vezes que a alma é um jogo de espelhos em que tudo reflecte tudo, desde a luz às trevas. Só as almas cegas pensam poder saciar-se com a sua própria água.

Ficas já a saber que virias, por andanças várias, a lidar diariamente com esses seres secretamente animados e implacáveis que são os espelhos. Com sorriso, riso, medo,lágrimas, dor. Tal como muitos outros, conheceste-lhes a exigência. Ouviste-lhes os reparos vorazes.



Com os olhos bem abertos, virias a saber que a perfeição, para ti, não existe, embora com amor, lhe tenhas conhecido o rosto no corpo e na mente dos outros. Todos juntos, aprenderam o incómodo que é aquela máscara chamada vaidade. Como os outros, sentiste o pavor na hora de dar um passo na direcção do foco.


Para o bem e para o mal, aprendeste muito cedo a perceber o significado das duas palavras curtas mais poderosas do mundo em todas as línguas: SIM e NÃO.

Também ficaste a saber, com tenra idade, que não existem verdades únicas, mas só pontos de referência: vou-te dar um exemplo escandaloso:

eras um bocadinho maior do que aí e num jantar solene, tu que falavas tão pouco e a trocar sílabas, sem aviso preparatório para a catástrofe perguntas-te: mãe, o qué puta?

Uns acharam natural dada a parca idade, outros riram-se, outros fingiram que não ouviram, outros que era bom prenúncio de espírito curioso, outros levaram-te à pressa à pia baptismal da igreja da Praça de Londres: se morresses, com aquele feitio de lembranças repentinas, talvez Deus ainda te desse o benefício da dúvida, com entrada para o purgatório, porque paraíso, o sítio onde ninguém pergunta nada, para ti, nunca!

Grosso modo, talvez estivessem ali resumidas as opiniões que irias encontrar no resto dos dias. Até hoje, que ainda estás viva, embora estivesses cara a cara com a morte duas vezes.

A água benta, minha filha, não te limpou o pecado da teimosia. Entre outros, não dignos de inferno, convenhamos. Com plena consciência e intenção disso, está descansada: nunca prejudicaste ninguém. Não nasceste com fome de competição com quem quer que fosse a não ser contigo.

Mas enfim, talvez tenha sido ela, a teimosia, que te levou, com outro nome, J.S., até quase te esqueceres daquele com que nasceste, para paisagens distantes que guardaste no interior dos olhos. Tiveste a noção que não passavas de uma entidade microscópica.

Percebeste quanto trabalho e aprendizagem te esperava. Não pudeste fugir ao entendimento, ali, naquele caldeirão de nações, que a maldade, mas também a bondade, podem ter todas as pátrias e raças.



Talvez não percebas, aí tão parada, os acasos do mundo. Mas olha que tiveste, num dia 21 de Setembro, sentada à beira deste lago de uma outra cidade com vocação de cor outonal perfeita, muito tímida face àquele ser que transpirava tanta competência, sabedoria e sensibilidade - a ordem dos factores é arbitrária-, uma conversa que te tatuou a vida para o futuro.





Aprendeste que existem pessoas que são rochas, árvores, que abanam mas nunca caem nem abandonam, que mesmo com instrumentos de corte, conseguem unir, colar pedaços. Na altura ainda não sabias, mas acabavas de descobrir uma jazida de diamantes sem preço: a AMIZADE.





Ficaste rica. Ainda hoje te sentes milionária. Mudaste de terra, aumentaste a fortuna.

E nesta tua nova cidade tudo era, e é, veloz e vivo. Entre o passado e o presente, entre paz e uma guerra sempre latente.


Chegaste lá já mais crescida. Deitaste a cabeça num peito seguro e ouvindo-lhe o estimulo do bater do coração, descobriste de forma aberta que com tudo se pode criar. Nenhum mito inibe o que se quer dizer, ou a forma como se quer dizer.


A urbe colou-se-te à pele. O som do linguajar grave, arranhado e rouco ficou nos teus ouvidos.
Qualquer dia conto-te porque voltaste para Lisboa. Mas sempre com um pé cá outro lá.
Como na vida de todas as pessoas, acontecem coisas felizes e infelizes. E nada se apaga, como dizem algumas canções mentirosas.













Nunca se começa do zero sem história. Quanto muito, as boas e más cicatrizes esvanecem-se e quando se dá por isso, já não se sente a dor.
Dizem que faz falta saber gerir estas coisas. Como se a vida fosse uma questão de teoria económica...de equação com resultado certo.
Olha, eras um pouco mais velha quando começaste a aprender e a trabalhar o equilíbrio.





Mas nunca se sabe saltar no arame. Há quem chame crescer à sucessão de quedas. E sobrevivência e esperança aos músculos que retomam a verticalidade. Mas cada um tem a sua forma, sem a rigidez de uma ciência exacta.


Baseada em ti, prefiro olhar para as coisas boas, recolher-me nelas quando os dias são envinagrados. Quando todos os cansaços parecem vencer tudo.


Às vezes dizem-me que tu saltas da fotografia e me invades. Que não me largas, por mais inocência que perca. Más línguas sem espelho, que eles também são possuídos pelas deles. E ainda bem.



E segue a folia!

No Ritz,


Puttin on the Ritz - Fred Astaire


ou numa qualquer cabana simples pintada e decorada com sonho e ternura onde pode caber tanta gente. Vai-se enchendo a arca dos afectos.


Qualquer dia volto a escrever-te. Agora volta para a moldura.

E pára de bambolear e dar com os pés que ainda partes o vidro. Credo, há manias que só morta perderás.

A tua versão já tão grande vai tentar esquecer sombras e medos que o futuro, pensa ela, ainda não acabou.

terça-feira, 16 de setembro de 2008


...que botei nos dois posts anteriores este género musical, segue-se, estimados leitores e ouvintes, se fizerem a fineza e o obséquio, breve história da canção nacional espanhola mãe de tantas outras ,chamada


C o p l a
(sem referir métricas poéticas e estruturas musicais, aspectos técnicos demasiado complicados para a minha ignorância no assunto).




Dizem uns entendidos que é descendente dos cantos de amor e escárnio dos jograis da Idade Média. E, ou, porque contam histórias com princípio, meio e fim, dos Romances da mesma época.

Outros, que também reclamam sabedoria das origens, afirmam que nasceu nos portos da Andaluzia, sem pais certos a não ser o improviso anónimo, a simplicidade do senso comum e as histórias trágicas das almas femininas quebradas pelos instáveis e passageiros homens do mar. Sem esquecer os da terra.

Lendo-lhes as letras de antanho, lá estão os desgostos das paixões intensas mas fugazes.




Ni contigo ni sin ti
Tienen mis males remédio
Contigo, porque me matas
Y sin ti, porque me muero

……

Cinco sentidos tenemos,
Todos los necessitamos
Y á los cinco perdemos
Cuando nos enamoramos

Com alterações, lá foram sobrevivendo à passagem dos séculos. E lá se foram reproduzindo nas colónias espanholas da América Latina, deixando genes fortes sobretudo no flamenco, no tango, nas canções nómadas dos mariachis mexicanos, trepando mesmo até alguma música country and Western dos Estados Unidos.

A partir de meados do séc.XIX algumas têm assinatura de autoria pelo dois sexos mas até ao pós Guerra Civil do séc.XX, eram cantadas exclusivamente por mulheres. Consta que sempre foram veículo da mágoa feminina.


Vem a propósito dizer, que as coplas se caracterizam por ter música fácil de memorizar, boa de entrar no ouvido e não sair “da cabeça”, mesmo contra a vontade do ouvinte. Já me aconteceu.

Ao contrário do flamenco, cantam-se a aspirar a casa, a preparar o jantar ou a tomar duche, a cuidar da horta ou na fábrica.

Frederico Garcia Lorca, Rafael Alberti, António Machado foram letristas de dezenas e dezenas delas. Aliás o baú do primeiro parece não ter fundo.

O regime de Franco promoveu as que glorificavam Espanha grandiosa, fosse em forma de mulher ideal temente a Deus e amante da raça toureira máscula e destemida, ou de pátria intocável, dona das verdades do mundo.

Passaram a ser prato constante dos espectáculos de variedades oficiais para não falar na produção em série de filmes musicais.



Escapavam à ditadura as que, por meias palavras, iam denunciando o regime, cantando-lhe as agruras e falsidades:

Cazador sálio a cazar
Patitos en la laguna
Salió el patito y le dijo
Cazarás, pêro la pluma!

Depois da morte de Franco, as desgraçadas das coplas quase o acompanharam na tumba. Mas estavam habituadas a sobreviver. E continuaram, embora em voz mais baixa.

A surdina durou pouco tempo. A Movida madrilena ligou os altifalantes.
Rocio Jurado foi elevada a deusa no canto do sofrer os amores traiçoeiros




e Isabel Pantoja (para mim uma fobia, credo) tornou-se ídolo de travestis na feminilidade dorida.
Até hoje, não há filme de Almodôvar que não inclua uma.

Na altura, a extrema direita classificou, e continua a classificar, o género como traído, vítima como a raça, da venda a “maricones” e a “bolleras”(termo correspondente para lésbicas).

Nada mais falso:
Plácido Domingo, fã,




cantou-as, às vezes acompanhado por Monserrat Caballé;

Paco de Lucia e outros musicaram-nas.

Muitos nomes, de diferentes quadrantes políticos e sociais continuam a produzir e a ouvir os cantos de amor e mal dizer, seja nos mais sofisticados cenários e encenações




ou, como sempre, nos sítios mais vulgares.




Nos dias que correm estão em alta e são adaptadas às circunstâncias, ajeitando-se a qualquer gosto e vocação sem perderem as caracteristicas básicas com que chegaram até aqui.



Podem ter o toque de flamenco (da Estrella Morente p.ex), da zarzuela, do rock ou do jazz, como o cantado pela, de sugestivo nome artistico, Martirio,


especialista em em vestir com nova roupa as mais antigas histórias, como esta copla oitocentista , (prometo que é a última que boto nos tempos mais próximos) aqui cantada pela "Amália" da Coplas, Concha Piquer.


Pessoalmente, só gosto de algumas, sobretudo as mais antigas (espanhol por espanhol prefiro o fogo corporal do flamenco), mas olhando em volta, e suponho que já desde o fundo dos tempos, muitos olhos por aí, seja qual fôr a razão, vão cantando:

Qué me sirvan quatro tragos
Com dinero yo los pago
Pá calmar este sufrir.


Tlin tlon









segunda-feira, 8 de setembro de 2008


O utero da memória


Aqui chego com a voz tonta de rouquidão no prolongamento deste intervalo nos dias obrigatórios, prosaicamente dita, constipada. Escrevo entre espirros a pressagiar tosses.
Mas cá vai!

E mais uma vez a pensar que deus, circunstãncia ou destino me condenou a esta sorte de ter a alma espalhada por territórios que me levam a sempre partir com vontade de ficar e a ficar enclausurada no desejo de partir. Ou voltar. Vida de vice-versa.

E chego à pressa a Toledo que me urgem os abraços, as saudades.



E antes que o pano suba, dou a mão aos que vêem nela refúgio de segurança. São mãos que se aprendem com longos anos de nervosismos disfarçados, a bem da ilusória calma comum. São os tais, Vanda, de agrandaté niña! Quando a voz se silencia, as mãos impulsionam.
E com olhos rasos, bato palmas, àquele agrandamento.



E segue a viagem!


A minha mãe cumpre setenta e cinco anos. E não sei, juro que não sei, se, ao olhar para aqueles olhos tão grandes e pestanudos, foi o coração que se me cresceu ou a caixa torácica que diminuiu mas fico asfixiada com a torrente de ternura. Cheira a inocência.

Depois

é grande a sede, tão grande a sede de pisar campos de água.


Põe-se e deita-se o sol colorido de fogo a chamar os sonhos.





A quem me acompanha, e a mim, apetece espaço vazio de gente, mar bravo, rendas de espuma, sinfonias de ondas nos pés, brincadeiras quando o corpo aquece, camisolas nas noites frias que na esplanada rudimentar, talvez o peixe, ainda conte histórias aos temperos, de profundezas desconhecidas enquanto os nossos olhos tentam desvendar lonjuras nas estrelas e no mar misterioso e escuro.

Ouvem-se risos e loucuras, silêncios e empatias a quatro vozes.


Não me apetece ter idade nem juízo, embora o tempo não seja pródigo em parança e por isso, arrumam-se os pedaços de troncos abandonados na areia, pedrinhas que inventam cores, guardam-se na memória as últimas magnitudes da paisagem e ouve-se o fechar dos porta bagagens, som que ali tem o timbre de definitivo, de sentencioso, de facto consumado.

Ao cair da noite, Madrid orgulhosa mas triste.


Está com ares de dama castigada sem saber qual o crime. Quer saber quem assassinou um avião que caiu em Barajas. Em todo o lado se levantam hipóteses. Já é uma cidade desconfiada. Mas sempre altiva com a vida a correr. E a dançar. Sempre. Seja o canto de amor ou raiva.



Aproveito para rever, como se fosse num espelho atrasado, as expressões típicas de um mundo rígido e respeitoso aos mais velhos. Ali, por gosto e vocação, ainda têm idade para pensar que os que já fizeram carreira sabem tudo. Hão-de crescer para dar conta do engano.



A Maria Papoila, coitadinha, pede, antes que eu bote opinião sobre pecados e tentações que se ensaiam ao som de trovas do séc.XII



que castelhanos repitam “travadoiro da perna” da augusta Emma Larbos, salvo seja, bem entendido. E começa a rir com o desengonçado da fonética. Esta mujer me vuelve loca cada día. E lá vêm os carolos. Recíprocos.

Tomo o pequeno almoço na varanda maior da casa. Já vejo pena nos olhos, já sinto os movimentos arrastados a puxar o tempo para trás. Dói-me deixar a cadeira vazia. Talvez ela tenha pena de ficar sem a encenação em play-back da música antiga que aqui vos deixo. Talvez tenha saudades das gargalhadas aderentes aos trinados do Juanito, quase equivalente em lenda ao Alfredo Marceneiro, talvez se lembre dos 19 graus do vinho da Mancha.




Outra vez a sentença do baque do porta bagagens.

Mas alguns pormenores destes dias diversos engravidaram a memória. Ficarão em gestação, e desde que ela viva, há-de dar nascimento a uma qualquer obra, mesmo que abandonada ou secreta. Acto de amor que não cabe numa mera bagageira de um carro a vencer paisagem.