sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Vai este a correr e como modo distractivo e inspirador, já que a seguir tenho que redigir relatórios obrigatórios em nome da boa produtividade numérica mas não qualitativa, e que poderiam resumir-se a
Outubro: os ovos soltaram as pernas e fugiram;
previsões para o próximo ano: as galinhas emigrarão com mochila definitiva;
conclusão: não há condições para a confecção de Bacalhau à Brás.
Mas, não aceitando os destinatários, de todo, tal catástrofe aviaria e sendo necessária prosa digna de função ajuizada, resolvo sacrificar-vos à minha idiotice, ou seja,

De como, abrindo arcas, pode sair a mais alcoviteira e idiota das prosas


Estimadas Leitoras (que aos Leitores já lá vou):

Se vos olhardes ao espelho em corpo inteiro e maldisserdes a magra fatia de beleza com que a natureza vos brindou, não esmoreceis. Outras mulheres, varridas, não desfazendo, pela vulgaridade como nós, se tornaram beldades dignas de qualquer arrebatamento do coração mais duro.


Assim, se achais vossos seios escravos da infeliz lei da gravidade, fazei como Jane Russell e Marilyn Monroe (quando me passar esta onda de estupidez, abrirei a arca séria que contém alguns despojos desta última):

ide-vos ao congelador buscar gelo e antes de aparecerdes frente a olhares ou toques públicos, deitai-vos em decúbito dorsal, mais conhecido pelo plebeu “de costas”, e passai, pelo menos duas horas, com vossos seios envoltos na mais gelada e sólida das águas. Isaac Newton perderá toda a razão.


Se mesmo assim, vossos mamilos se apresentarem frouxos e planos, não desespereis: na impossibilidade de voltar aos anos 30, 40 ou 50 para romaria a uma loja de Hollywood, podeis sempre dirigir-vos a um estabelecimento na lisboeta Rua da Conceição, a das retrosarias, e coser botões de forma compatível, no vosso soutien. Marilyn e outras, sempre os usaram e não foi por isso que deixaram de ser estrelas.

Se quiserdes realçar as vossas femininas curvas, não compreis vestidos já feitos. Contratai um costureiro como Travilla e ele vos coserá, au moment, o tecido esticado sobre a vossa pele. A mesma Marilyn, bem como Rita Hayworth, copiaram a ideia de Madame Julliette Recámier, a melhor amiga da napoleónica Josefina.

Mas, notai, que Lauren Bacall,


se tornou céptica de tal metodologia, quando teve que ajudar Marilyn, antes de esta subir ao palco, a despir o famoso vestido vermelho, por uma inconveniente e urgente necessidade fisiológica, natural mesmo em imortais.

Se quiserdes ter um andar bamboleante em que bem se note a ondulação calma de vosso modesto traseiro, comprai sapatos de salto alto e, the most important of all, cortai uns milímetros tão só e apenas num dos sapatos.

Não chegareis a coxear e ficareis exuberantes no passo.

Se fordes, damas e agora também para cavalheiros, de cara arredondada, vulgo bolacha,



dirigi-vos sem demora ao dentista e fazei extrair os molares.

Quase todas as estrelas o fizeram. Porque não nós, simples e baços minúsculos planetas perdidos na vastidão do espaço?
E se, a vossa pele, também para cavalheiros, vos parecer terra em fase de árida secura e sem o macio da melhor seda da China, , untai-a durante três horas com espessa camada de vaselina ou banha de porco.

Se, a bem da vossa sensualidade, homens e mulheres, for vossa intenção baixar as pálpebras, aí tomai uns bennies, ou seja, uns comprimidos hollywoodescos, que vos darão sonolência de olhar baixo, mas sem que Morfeu vos vença. Nada mais apelativo ao desejo próprio e alheio que um olhar semi-cerrado e lãnguido.



E, leitoras, para subir as nossas maças do rosto, esse fruto tão nosso, podeis colocar, com cola apropriada, uns pachos de compressa, entre a parte superior da gengiva e a bochecha. Se vos disserem, ao falar, que tendes som de conversa debaixo de água, é porque o vosso interlocutor sofre de surdez ou a vossa interlocutora de inveja.

Se não falardes, tanto melhor: nunca se viu uma distinta estrela, que use este método, ser de palavras inteiras. Uma certa interioridade calada potencia sempre fascínio e langor românticos.


E para lábios carnudos, relevantes e apelativos, pintai-os, numa mesma sessão, com cinco tonalidades diferentes. Entre o claro e o escuro. Tornai-os discretamente policromos. Conseguireis, assim, fazer recuar umas partes e salientar outras.
Mais uma vez, Marilyn, sempre os transportava na mala de porão que era a sua necessaire.



E não vos esqueceis, damas e cavalheiros, da exigência de Marlene Dietrich quanto a fotografias: o foco de luz deve sempre ser colocado numa linha obliqua por cima da vossa cabeça.


Explico melhor: imaginai uma linha recta que passa encostada ao vosso queixo e continua de forma a tocar na ponta do vosso nariz. Mais acima, quando já vai longe da vossa testa, pode então ser colocado holofote.

Tal estratégia fotográfica, de preferência a preto e branco, eliminará a maior parte das vossas rugas e imperfeições.

A sombra terá o condão de esconder o que a luz denuncia.


Agora, umas breves palavras, em exclusivo, para os meus leitores:

Cavalheiros:


Se os vossos ombros forem mais estreitos do que as regras do poder da masculinidade impõem, usai casaco largo com proeminentes chumaços.

Não vos envergonheis já que tal invento, veio de um alfaiate presidencial com mestria na arte de disfarçar as debilidades do presidente Franklin Roosevelt que, como sabem, era seguramente, mais raquítico que qualquer um de vós.



Se estiverdes em informais mangas de camisa, usai suspensórios com a linha deles a passar o mais junto possível do vosso largo pescoço ( para o alargar é absolutamente necessário livrar a nuca de cabelo, se o tiverdes). Tal conjunto, tornar-vos-á os ombros mais rectos e potentes, bem como vos salientará os músculos peitorais.


E por falar em vigor peitoral, se fordes daqueles infelizes de abdómen saliente e com, enfim, uma espécie de pneus na cintura, usai calças de cós alto.

Disfarçareis assim o hábito de beber cerveja a rodos e fora de horas e, com o cinto, ou suspensórios, na linha das ultimas costelas, as flutuantes, vislumbrar-se-á o V do tronco atribuído a Adão e a Tarzan própriamente dito ou mesmo a Luso Tarzan, o Taborda.


E, sobretudo, não devereis esquecer nunca os ensinamentos de Frank Sinatra: homem que é homem e não ser duvidoso, hesitante ou amaneirado, cultiva a imagem máscula, predadora e resoluta do gangster dos anos vinte e trinta.

Para conselhos mais específicos e personalizados, podem os leitores enviar fotografia de 10x15 em corpo inteiro, frente, perfil, três-quartos e costas para

Aviário das Galinhas Emigrantes, apartado 2010, Lisboa Codex




Os meus mais glamorosos cumprimentos.

33 comentários:

Anónimo disse...

idiota????



só tu é que lembrarias !!!!!!!



:-)))))))))))))

audrey disse...

as coisa de que te lembras !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

:)

o Reverso disse...

Senhora,

rogo-vos não brinqueides com coisas sérias. não, as galinhas não. não basta já o pessoal de enfermagem estar a dar de frosques e terem também saído do país todos os homens idóneos e agora falais nas galináceas?!

não, por favor, nem a brincar. como poderia eu sobreviver à falta do tal bacalhau à brás ou à da deliciosa roupa velha feita com os restos sobejantes do cozido à portuguesa?!

mil vezes preferia eu ter uma proeminente barriga ou os tais peneus de que falais a ter de passar sem os meus deliciosos ovos, nem que fosse só numa simples omeleta de salsa ou de cebola.

e sempre vos digo, Senhora (a chatice que é carregar no caps lock) sempre vos digo, que fiquei com uma séria vontade de mandar fazer um chapéu, depois de ter estudado o local onde passaria a tal linha, um chapéu muito especial onde pudesse pendurar uma lampada que possa disfarçar os emergentes sinais do tempo.

quanto à fotografia, agradeço Senhora (outra vez; tenho de arranjar maneira e evitar isto),
agradeço o endereço mas, apesar da minha elegância, cabia lá eu numa fotografia de 10 x 15! nem de costas nem de frente nem à três quartos.

mas, mais uma vez muito obrigado.

Arábica disse...

Zizzie,

conselheira única de um paraíso de beleza, muito te agradeço os sábios conselhos a que vou dar inicio, na prática, mesmo hoje.
Peço desculpa de só agora vir ler-te, ms estive retida (leia-se submersa) em leite de cabra, durante 24 horas, só agora tendo liberdade para vestir o roupão turco branco.

Ai que euforia se apossa de mim ao imaginar-me holliodescamente bela, daqui a nada (seguindo à risca todos os truques) saboreando um pastel de nata quente e tostado, de perna traçada numa esplanada de bairro da cidade!!! :))

Ai beleza a quanto obrigas!
Desta sempre escrava da dita, um abracinho de domingo :)) (não muito temperamental não vá o vestido rebentar pelas costuras)

Alien8 disse...

Lizzie!

Vou já, já, comprar uns suspensórios :)

Há alguns conselhos que se me não adequam, mas os suspensórios... sempre pensei que gostaria de usá-los, só que as experiências não foram grande coisa...

Para que é que as pessoas compram certas revistas, coño? Deviam era ler este post, e mais nada! Nem as mais célebres estrelas escapam. Ele é acessórios, pichagens, luzes enganadoras, gelo...

Too bad que não se possa confeccionar o bacalhau à Braz, devido à fuga dos ovos e etc. :)

Um abraço.

Lizzie disse...

Anónima-sei-quem-é:

só eu?

Não sou tão distraída como vocês que se preciso fôr até vão para o duche despidos. Olha se aparece alguém...qual é a vossa imagem?

Pois eu concordo com Lady Hamilton que desde que subiu de criada a amante de Lord Nelson dizia que uma verdadeira mulher se deve levantar da cama, de manhã, como se fosse cear com um principe.

Portanto, faz o favor de dormir de saltos altos e esses rafeiros que se levantem já barbeados.E com after shave.
Ele há alguns que parecem caniches em dia de tempestade:))

Um enorme abraço e aproveita o descanço.

(se não fôr quem estou a pensar, paciência. Apanha por tabela)

Lizzie disse...

Audrey:

acho graça!

Só não botei aqui mais truques infalíveis por questões de economia de palavreado e pressa.

Aquela de pôr solução de potassa para lourear o cabelo é que não me entra na cabeça, nem literal nem figurativamente:))

Lizzie disse...

Estimado:

penso que já lhe disse estar dispensado do toque do dedo no caps lock.
Fico bem, na aparência, com uma minúscula. A bem dizer qualquer letra me fica bem e me assenta como uma luva.

Quanto às galinhas, estou consigo: no que depender de mim, tudo farei para que não emigrem. Sobretudo as de ancas largas.

Até porque tal seria um prejuízo para o turismo: onde iriam os espanhóis comer o bacalhau à brás e os pastéis de Belém (não conheço nenhum que com tais coisas não se lambuze)?

Além disso, onde iria eu buscar material para a prática de omeleta de anchovas ou espargos, a horas tardias, quando finjo que sei cozinhar?

E depois, ser-me-ia penoso ver o riso escarninho dos estrangeiros ao ver bandos de galinhas com mochilas às costas, da marca CR19, abanando as penas, territórios fora.

Imagine-as, atravessando, estóicas, a Alcalá ou os Campos Elísios cantando "Foi por vontade de Deus" e pior ainda "Ó comadre Maria Benta seu marido está melhor?"

Ai, Estimado, que tudo foje e só ficam restos de sucata e a preços de saldo.

Pensei em arranjar uma armação para os ombros que sustente um holofote: nunca se sabe quando alguém dispara e estes pés de galinha, mais evidentes quando me ponho idiotamente a rir, são um cipreste num lindo campo de neve.

Os meus respeitos e inveja já que não cabe num 10x15. Eu caminho para um 9x12. Mas não espalhe esta minha confidência.

Lizzie disse...

Arábica:

com que então de Cleopatra? Essa era de leite de burra para clarear a pele.
Consta que Luis XIV também era adepto, já que se bronzeava a partir do sol que tinha dentro.

Pois eu, desde que me conheço, sou adepta, logo de manhã, quando me levanto, de salientar as maçãs do rosto. Encho a boca de compressas: limito assim os meus dotes de oratória a hum (sim) e hum-hum (não). Toda a gente me gaba a poupança de vocábulos:)


Se vais para a esplanada, não te esqueças de untar as pernas: o besunto com um ligeiro brilho, ajuda a torneá-las. Podes até ficar, com uma saia rodada, em cima de um respiradouro do Metro. Em plena praça dos Restauradores:)
Se vires um carro preto escoltado à frente e atrás, até podes cantar "happy birthday mr. president".

Fica sempre bem:))

Boa e elegante semana.

Lizzie disse...

Alien:

há lá coisa mais glamorosa que um homem com suspensórios, junto à bancada da cozinha, a picar salsa e, eventualmente, quiçá, coentros, enquanto beberica medronho e reflecte sobre o infinito?

Claro que não!

Por acaso, já tive que usar suspensórios. E eram muito elásticos.Tinham que ser.
E comecei a brincar com eles. A esticar, a esticar. Com os polegares. Como nas danças dos cowboys. E houve uma vez que os elásticos se soltaram dos dedos. E ouviu-se um aiiiiiii tão profundo que não sei como não houve alguma coisa em mim a ganhar pernas e a emigrar.

Ai, como os suspensórios podem ser tão assassinos como um ganster:))

Tens que treinar, porque, agora a sério, conheço homens que usam e dizem que é confortável.

Acho graça, desde que não se pareçam com desenhos animados japoneses com história passada na Áustria, género avôzinho da Heidi.


Abraço, não suspenso, e boa semana.

Arábica disse...

Zizzie,

deveria ser de burra, com (e para fazer maior) efeito, mas não bastará já saber que os burros estão em vias de extinção? Retirar-lhes o leite materno não seria um grave atentado na preservação da espécie? Taditos, sempre tão carregadinhos, sem escoliose que lhes valha para um atestado veterinário...deixá-los pelo menos ter o consolo materno...

Quanto ao gelo, Lizzie Zizzie, estou capaz de te pôr um "processo em cima": disse-me o médico que me atendeu umas horas depois nas urgencias, que devido a ele, estava eu às portas de sucumbir...
não fosse a ajuda rápida das vizinhas a tirar-me da arca congeladora...

De mais fácil e prosaico uso me parecem os suspensórios do Alien, ainda assim. :))


Enfim, aventuras e desventuras...

;) Beijo (elegantérrimo)

Arábica disse...

Ps- e sim devido ao frio fiquei com a pele completamente seca e descamada pelo que a prescrição é para me besuntar de 4 em 4 h. ;)))

Emma Larbos disse...

Ó Céus, ó deuses, ó tempos!
Como poderei dar graças por tantas dádivas?
Pelos meus seios de atmosfera lunar.
Pela total ausência de botões nas minhas gavetas,
descontados casacos e rosas.
Pela calosidade no meu pé esquerdo,
Que levemente o ergue do plano terreno.
Pelo meu rosto esguio qual coração de S.Valentim.
Pelas minhas lentes de contacto
que protejo do pó da estrada semicerrando-as ao vento.
Pela minha avó tártara, pelas maçãs que me deixou.
Pela minha timidez de poucas falas.
Pelo relevo intimidante dos meus lábios e, sobretudo, pela bondade do tempo, que passa, passa, e não deixa ficar nada. Nem um sulco, nem uma rugazinha...
Espelho meu, espelho meu... Obrigada!

Lizzie disse...

Arábica:

se calhar as coitadinhas das burras até ficam mais aliviadas quando se lhes suga os excessos. Assim como as vacas. Haverá lá coisa mais de lamentar que uma burra explosiva...pum... em natas e lá vai Nívea, Pond´s, Lander e isto só para falar nos clássicos mais abrangentes da época.

Pois eu acho que não deve haver mais firmeza nas carnes que um bom naco de pessoa congelada. Uma espécie de elixir da juventude eterna.

Por acaso houve um homem canadiano, no séc XIX, que conservava em gelo, por culto da beleza,as adolescentes campestres que ia apanhando em ansiosos passeios.

Vá lá que no Alaska ninguém me achou suficientemente bela...
o ar vítreo não é o que assenta melhor.

E já pensaste porque é que os cremes de beleza são brancos ou cor de rosa?

Ai o insconsciente colectivo...

Lizzie disse...

Ai Emma:

como te compreendo!

Quando me levanto, de manhã, a outra pessoa que está do outro lado da janela do espelho sorri, enlevada.

Adora a minha expressão de amuo, tão cinefilamente adequada. Às vezes,elogia-me o carácter temperamental, expresso no esgar de birra e fúria. Tão Bette Davis.

E as pálbebras caídas, olhar mortiço e vago com uma pitada de desprezo pelo mundo.Tão Marlene Dietrich.

E o cabelo revolto, desordenado na nascença, como que penteado pela descapotabilidade do Cadillac em estrada de deserto. Tão Katherine Hepburn.

E os lábios, nem demasiado carnudos nem esqueléticos mas cheios na figura, com desenho suave na maternalidade do traço. Tão Ingrid Bergman.

E o olhar de esguelha para o relógio, sobrancelha ligeira erguida, co quem se retira no desdem do tempo. Tão Greta Garbo.

E os seios a extravasar do decote, na linha exacta da volupia descarada dos ombros. Tão Sophia Loren.

E, coitada, não me vê as pernas nuas, afoitas mas quase devassas. Tão Louise Brooks.

E depois olha para ela, para o do espelho e amo-a. Eu. Tão EU.

E reconcilio-me com os deuses, com a genética. Adoro cada volta da espiral do ADN.

Haja paixão!

Lizzie disse...

E, Emma,

fica sabendo que és responsável pelos meus pés de galinha que quanto mais uma pessoa se ri maioresmais pés lhes crescem.E maiores. Pés enormes numa ave tão pequena.

Lizzie disse...

ATENÇÃO, Damas e Cavalheiros:


Vou substituir uma imagem só para verem o extraórdinário efeito dos botôes além de ser a pose em que gosto de ser fotografada.

Uma senhora, deve botar sempre os ombros para trás de forma a salientar o busto. Resulta sempre e é prático. Tudo depende do hábito.No Metro, no autocarro, no café,no chá, no whisky, no gin, na banca da hortaliça...

Arábica disse...

Ai! Tenham clemência! :-D
A imagem diz tudo!
Mas...não provocará ataques cardíacos? Não suscitará a inveja das que mesmo com botões, saltos de diferentes tamanhos e camada sobre camada de baton, não conseguem os favores masculinos, como por exemplo um lugar sentado num autocarro apinhado de gente para a Damaia?

Bom, enquanto vou despir o meu vestido de seda e descalçar os sapatos de salto agulha, vou pensar nisto. Com a ajuda dos meus fartos caracóis louros oxigenados, evidement!


Besos com creme branco anti pé de galinha :))
:)) besos

Haddock disse...

ohhh... já desistimos disso tudo, lizzie!! optámos por fazer dos nossos - quase imperceptíveis!! — defeitos estéticos traços de personalidade, um pouco à semelhança da rosselini e do seu dentinho lascado.

para verdes, da última vez que tentámos usar corpete matámos (certeiramente...) um casalinho de piriquitos, tal a velocidade esvoaçante - qual rolha de espumante - com que a coisa se nos largou das esforçadas mãos!!

e lamentamos o triste dia em que decidimos amputar os mindinhos dos pés por causa dos stilettos e também um outro em que, para resolver o trágico problema das "orelhas de abano" acabámos por ficar com elas tão escarrapachadas que não seguram auricular de que espécie for...

mesmo às toxinas botulínicas dissemos "jamais!!", depois de
na última aplicação nos terem perguntado que bicho nos havia mordido...

agora achamos que esta questão da beleza se resolve por analogia à do whisky... nada a mascará-lo: quer-se puro!! ou então é acreditar na galga que afirma que a beleza está no interior...


vénia...

Lizzie disse...

Arábica:

pois que se falassem diriam "abram alas", que tal armação mete medo.

E não costumo ir para a Damaia, mas suponho que certas modas de andar com abundante e bojuda parte abdominal à mostra bem como as lycras não imunes aos celulíticos refegos, provocarão mais cardiopatias que um "bra" bem apontado.
Quem não temerá o milagre da multiplicação de Miss Piggy:))

E pobre de mim, que por ser encolhida na mostra e utilização dos atributos femininos que a natureza tão gentilmente me ofereceu, quando ando de Metro, me vejo na contingência de levantar o rabinho para deixar sentar uma ruguenta ansiã ou um artritico velhinho de tão frequente que é ver os cavalheiros olhar para o lado com cegueira momentãnea.

Quiçá, um dia destes, experimente uns destes misseis terra-terra para algum estudo estatístico e empírico comportamental que me ocorra.:))

Lizzie disse...

Capitão:

somos de lamentar o logro de vossos esforços. E a má sorte dos piriquitos. Que culpa tiveram de vossa vaidade?

Já desconfiávamos que usais vossas barbas negras para disfarçar as bolhas de botox que vos inundam o queixo na tentativa de vos parecerdes a Gregory Peck.

Fomos até de ouvir dizer, ou lemos no Correio da Manhã, que sem barba, pareceis vós uma urbe de mosquitas ladronas, vampíricas e terroristas.

Mas não vos desgosteis que a Marilyn sem maquilhagem, o que só acontecia quando estava internada ou prestes a entrar em coma, tinha pele de "papelão". Segundo dizem os hiperrealistas desiludidos.

Mas ficai sabendo que falais de dois itens que muito gostamos: a Rosselini e whisky (mas este último ligeiramente diluído em água ou chá que ela não sabemos como fica em solução aquosa).

E somos, imaginai, fartas vezes de nos encantarmos justamente com os pequenos ou grandes defeitos dos que conhecemos. Pensamos até que sem eles não seriam "nossos".

Por coincidência ou vocação, tais irregularidades despertam-nos ternura.
Adoramos é expressões bonitas. E as expressões genuínas são difíceis de maquilhar.

Por tudo isto, embora não sejamos a galga, temos tanta dificuldade em achar alguém absolutamete feio como de ficarmos fascinadas com Nicole Kidman.

Mas enfim, somos agora de perceber como conseguis andar com essas botas de matar formiga cos cantos: oh quão sacrificiais foram vossos torturados mindinhos!


Continência

Frioleiras disse...

faço minhas as palavras da Audrey (é claro............).

Lizzie disse...

Frioleiras:

Claríssimo,como almas gémeas, é claro:)

Sara França disse...

AHAHAHAHAHAH...

que delícia!

mas, enfim, tia, tem que modernizar os seus conselhos, vivemos outra era, sabe? essa do gelo nas mamas, dos botões e mesmo a do foco de luz-à-Dietrich são muito medievais! Estamos na era da foto digital que apaga as rugas e os defeitos todos só com uma teclada e agora há meios menos grotescos de fazer crescer e apetecer as mamas e mamilos...

não falaste aí do hábito acho que da rita hayworth de lavar a cara de manhã primeiro com água quente, a ferver, e logo de seguida com água fria, gelada - para manter a elasticidade e a juventude da pele... É uma dica importante...

que venham mais relatórios dos teus!

Lizzie disse...

Hidra:

Krida, kriducha, kridazinha, a menina não sabe que a tia é vintage alzéimica? Não?
Que não percebe nada de pôr pó de arroz com o computador nem rolos na cabeça com o teclado?

Essa coisa da água quente e depois fria serve para abrir e fechar os poros. Para não se ficar com vulcões na cara. Ou crateras.
Todas faziam isso assim como rodelas de pepino para refrescar os olhos.

E depois havia a moda dos clisteres. A tia não falou nisso porque acha obviamente inestético. A tia gosta de coisas limpas. Credo!
Mas era prática corrente. Aliás até há uma teoria que diz que a avó Marilyn foi assassinada por essa via. Mas não se sabe porque quem lhe fez a autópsia não "aprofundou" bem a questão.

Então, quando puder a tia faz mais relatórios.

Beijinhos asiáticos. Credo!

Sara França disse...

ai tia, gostava de saber mais sobre os clisteres e o assassínio da avó da Marilyn, a tia não pode contar essa história?
não sei que histórias prefira - se as suas, tia, se as alentejanas da madrinha...

eu também tenho uma história: as meninas indonésias que perderam a virgindade antes do casamento vão a um mercado de rua tradicional aqui em Jacarta comprar hímenes artificiais ao preço da chuva; as mais endinheiradas vão a Singapura fazer uma cirurgia que repara o hímen rasgado, simulando a virgindade perdida...

quando é que a tia e a madrinha me visitam?

Lizzie disse...

Hidra:
para a semana a tia vai-te visitar com atenção, scones e whisky com chá.

E hoje, à tarde se tiver tempo, vai botar aqui prosa sobre o assassínio ou não, da avó (salvo seja) Marylin, coitadinha.

Quem é especialista na criatura é a tia C. pois que não teve outro remédio senão pôr peruca, vestidos estranhos e interpretá-la.

A minha é mais a Greta Garbo que não tinha por hábito emagrecer com clisteres (já era magra e alta) nem, por essa via, fazer limpezas orgãnicas dos efeitos das drogas. Limitou-se a arrancar os molares e a corrigir um incisivo.

Qualquer dia a tia mostra-te o sotaque com que ela falava "amaricano".

Quanto a virgindades, olha que a tia conhece um senhor que tem agora 45 anos, mais ou menos, e andou à procura da mulher perfeita em pose, dignidade e nome de família, para casar e lhe dar filhos. De preferência machos.

E vai daí, exigiu que um ginecologista de confiança visse se a noiva era virgem intacta e sem truques aos trinta e tal anos. Como a nubente é tão estúpida como ele (que é pessoa muito conhecida em certos meios)lá foi mostrar a íntima honra, após o que se celebrou casamento com a noiva legitimamente fardada de puro branco.

Apesar de não ser família, por diversas razões, a tia foi convidada mas não não pôs lá nem um pézinho (como outras pessoas) porque lhe cheirou que ia haver pancada dada a mania que o noivo, a noiva e respectivas famílias têm de chamar putas (a expressão é deles)às mulheres ligadas às artes e que se recusam a ir à vistoria honrada do médico das partes.

Agora o estado melhor da história é que o noivo, passado pouco tempo, e como não foi à higiénica vistoria do urologista que a noiva deveria ter exigido, iniciou um tratamento para a sífilis que já levou para o casamento.

Conclusão: agora sentam-se os dois,doentinhos e sem filhos,na sala de espera da clínica.

É só para veres que núcleos de Jacartas existem em todos os lados.

Arábica disse...

Lizzie,

de facto os transportes públicos são ninhos possuídos por diversos virus, causadores de cegueiras subitas. Julgo que os bichos, como tu bem reparaste, vivem nos acentos das cadeiras, pelo que os que vão sentados são-coitados deles- logo acometidos de tal desgraça. O para a Damaia, deverá ser igual ao de para Odivelas: autocarros urbanos que atravessam a cidade até à sua periferia.
Utilizo diariamente um outro, com as mesmas caracteristicas: longos percursos, muitas paragens, muita gente. Cega. Como ontem uma senhora, na casa dos 50, com um ar perfeitamente inofensivo que ao chegar à paragem viu perfeitamente os dois casais de cor chocolate que estavam atrás de mim com dois carrinhos de bébé e se meteu entre nós. Eles nada disseram e eu nada disse. Como já vou tendo algumas teses destes cursos intensivos de transp.públicos. cheirou-me que ela faria tudo para se sentar no acento individual que a livraria de companhia na viagem e por isso, sentei-me eu em tal lugar, tendo o cuidado de observá-la, com ar de espanto desanimado seguiu em frente para a retaguarda com olhos postos no acento perdido. É uma constante: todos os que não respeitam as filas ou se sentam nestes lugares (individuais) ou nos acentos para pessoas com dificuldades. Este verão foram 3 casais americanos que embora nos vendo na paragem, quando as portas se abriram, entraram a correr, para lá se sentarem, embora nos vidros, através de desenhos se perceba que são reservados. Fotografei-os. Os cavalheiros vendo-me fotografá-los tiraram os chapéus sorrindo, as senhoras riram. Tenho esperança que no decurso das suas férias em Lisboa tenham percebido a quem eram reservados os lugares. :)) E porque foram fotografados dentro de um autocarro. :))

Se não entenderam, devem ainda hoje pensar que somos um povo tão desinteressante que até fotografamos o interior de um autocarro numa tarde quente de agosto...

Besos, niña.

Madame Maigret disse...

iú iú chére Madame Lizzí :-) Comment ça va? Presque dois anos passados já escrevo melhor na lusa langue. Devo dir-lhe que até me arrepiei com os gelos das estrelas! (E, já agora... para a sua sobrinha Hidra - quem fazia aqueles tratamentos gelo-quente era a vaidosa da Crawford, contava a minha mãe). Quanto aos botoes no soutien não percebi bem. Para os botoes fingirem de mamilles?... E imagine que não conhecia essa minha conterrânea Récamier. Será dela que vem o vosso“recamar” ? Os bennies também me chamaram atençao. Alors aquele olhar insuperable do Rudolfo Valentino era por causa de comprimidos? Pois a minha mãe dizia que era encanto natural dos míopes… Quanto os cavalheiros, mon mari Jules sempre teve bela figura embora haja engordado por causa da pinga. Mas como não é vaidoso nunca teve essas preocupações, mas levantou a cabeça do journal e sorriu quando as li-lhe. À propos de pinga, venha daí que finalmente acabei as obras lá em casa.

Madame Maigret disse...

Esqueci-me de dizer que também tenho uns segredos de beleza bem guardados, embora eles nao sirvam durante muito tempo. Depois conversamos...:-)Au revoir ma chère.

Lizzie disse...

Ó Arábica,

antes de mais deixa-me dizer-te que tiveste sorte em os americanos não te terem pedido para apagares as fotografias. É absolutamente proíbido (ética e legalmente) tirar fotografias a pessoas sem lhes pedir pedir licença.

Já tentaram tirar num restaurante da Expo, estava uma pessoa espanhola conhecida connosco e olha, "delete" logo ali e mai nada!
É uma invasão da imagem e da privacidade de qualquer um.

Não sou socióloga, nem psicóloga, nem psiquiatra mas acho que o comportamento na estrada, nas filas, nos transportes, diz muito de um povo. Colectivamente considerado.Claro que em todos os países há excepções individuais. Para o bem ou para o mal.

Ainda gostava que me explicassem porque é que perto da minha morada, havendo um troço de estrada com 1,5 km de boa visibilidade, vai tudo atrás (a maior parte com carros de vaidosa gama média ou alta, num país rico, coladinhos uns aos outros) de um trator que anda a 30 à hora. Ainda hoje, de manhã, ultrapassei 15 de uma vez só. E sem esforço:))

Isto para não falar nas inúmeras vezes que quero entrar em casa e tenho o portão bloqueado. E o que não falta nos arredores são lugares de estacionamento:)mas como dizem os infractores: "olhe, desculpe lá mas calhou, nem reparei..."

Enfim, boa semana:)

Lizzie disse...

Madame:

QUELLES SOIDADES DE VOUS!!!!

Je ne cabe pas en moi e i´m going a votre morade não tarda nada, coño!

E era isso mesmo Madame, os botões eram mesmo mamilos erectos a fingir. E para acentuar a pujança das glandulas mamárias.

Madame Récamier tinha mesmo umas manias muito engraçadas e espartilhadas, que muito fariam rir, suponho, votre Jules.
De certe forme foi a percursora de muitas modas futuras, até aquela de ir ao ginásio, de forma obcessive, tirar idade do corpo.

E vous savez que a dama dormia(quando sózinhe) com uma apertada espécie de soutien para que o peito tomasse sempre forma altiva? Tipo molde? Marilyn também assim fazia, embora poucas vezes tivesse a(s) cama(s) só para ela.

Ah, Rudolfo Valentino e o seu olhar de miope...ainda ontem à tarde, que não sei porquê,ou talvez por grande insónia nocturna, só me apetecia sofá e o estive a ver, seguido do encantador e ligeiro estrabismo alcoolico de John Gilbert.
Madame, já não há homens assim, com tanta e tal penetrante falta de vista nem mulheres como Bette Davis a sofrer de hipertiróidismo...

Bennies naquele tempo seriam mais ópio e cocaína, non?

Madame, je vous embrasse e até já...

Lola disse...

Querida Lizzie,

Em prantos com a decepção que me deste.

As belezas todas que me povoaram a infancia, afinal são truques, ilusões de óptica ou a arte de costureiras e alfaiates:(((

A tradição já não é o que era, a beleza também não e eu própria já duvido do meu espelho.

Divertido texto e com imagens à altura

Beijos grandes