segunda-feira, 23 de novembro de 2009

E este segue em forma de pagamento de promessa à minha jacartiniana sobrinha e pode conter, para as mentes mais resguardadas ou sensíveis às reais situações do mundo ou ainda alérgicas a lamas policiais, palavras ou situações chocantes. Vou tentar ser breve que, a bem dizer, tudo isto dá infindável prosa.

Da mulher que, inventando-se, se esqueceu de morrer.


À laia de preâmbulo e como toda a gente sabe, a Monroe não nasceu Marilyn, nem loira, nem rica, nem famosa, nem ajuizada, nem de pai absolutamente certo.

A sua mãe, chamada Gladys, que lhe sobreviveu muitos anos, alguns dos quais internada em hospital psiquiátrico, já tinha herdado da sua própria geradora uma esquizofrenia exuberante, pelo menos segundo as classificações da época.

Embora por outros motivos aparentes na superfície, Marilyn também passou por internamentos vários.

Gladys mostrou uma fotografia do suposto pai a Norma Jeane (ou Jean) Monroe Mortensen que haveria de ter consequências funestas no futuro. Por parecença no fenótipo de homem, Marilyn veio a convencer-se ser filha de Clark Gable, afirmando tal coisa a quem a quisesse ouvir, para grande espanto do actor. Foi uma das suas primeiras invenções.
Segundo testemunhos de várias famílias de acolhimento, já em criança, Norma vagueava entre a tristeza, a confusão e a fantasia desafiadora.
Por estas e por outras nunca ninguém soube quando Marilyn falava verdade ou mentira, quando inventava calculadamente tragédias e infelicidades para cativar e comover o sexo oposto ou quando acreditava piamente nas vidas que de si construía.

As únicas declarações que manteve estanques em toda a curta vida foram o desejo de ser fada do lar, submissa ao ser superior que é um marido e Chefe de Família. Era feroz adepta do tão publicitado modelo de família dos anos cinquenta.


Fez diversas e detalhadas descrições, de uma suposta violação em criança, para justificar a sua muito precoce voracidade por homens.

Casou aos dezasseis anos e contam terceiros e também ela (chegou a auto classificar-se publicamente como rainha dos felatio), que enquanto o marido estava na guerra, não houve mancebo, de preferência fotógrafo, que lhe escapasse.


Cedo começou a tomar analgésicos para paliar as dores fruto dos problemas ginecológicos resultantes de inúmeros abortos feitos em sítios pouco habilitados para o efeito. Mais tarde, teve-os naturais. Nunca chegou a conseguir o que mais queria: um filho. Tal impossibilidade fê-la cair em actos do maior delírio.
Ao longo da instável existência, a discrição acerca da sua vida, da dos outros, e sobretudo da sua com a dos outros, nunca foi propriamente virtuosa.


Tal falta de contenção face a segredos e o hábito de seduzir e partilhar qualquer leito com qualquer homem que lhe aparecesse à frente, pode ter levado ao seu assassínio embora para o grande público se lamentasse o suicídio.

Marilyn foi construída e construiu-se como o protótipo de mulher famosa, bonita, frágil, traída nos amores. Uma espécie de aristocrata da infelicidade com brasão desenhado nas chagas da desventura.

Durante a sua vida e após a sua morte foram vendidos, em todo o mundo, milhões de romances de cordel sobre a deusa com penas mortais.

De facto, Marilyn sempre viveu dependente de várias drogas. Para além das analgésicas, recorria excessivamente a comprimidos para dormir (sofria de insónias crónicas) e para matar a ansiedade. Misturava-as com álcool e por diversas vezes entrou em coma.
Eram desesperantes, para colegas e realizadores, os seus atrasos (chegava a ser maquilhada enquanto ainda estava a dormir), e as omissões de memória.

Um exemplo da decadência global do seu estado, foi na festa de anos de J. F Kennedy, quando cantou o famoso “Happy birthday, Mr. President.”


E começa aqui o enredo policial.

Já era dado adquirido no meio, que Marilyn era amante simultãnea de John Kennedy e do seu irmão Robert. E de Frank Sinatra, com ligações ao sucessor em poder de Al Capone, Giancana. E deste a quem era favorável a extrema direita.
(Segundo alguns investigadores a figura central desta renda era a voz de oiro, angariador do vasto rol de mulheres que os presidenciáveis irmãos partilhavam e mestre de cerimónias nas festas de famosos com orgias de poder a todos os níveis.)

A meio de uma das festas, dada em casa de um cunhado dos Kennedy, Marilyn foi para casa. A meio da noite foi encontrada bastante morta e em rigor mortis na cama, agarrada ao objecto de que era dependente: o telefone. Telefonava a quem quer que fosse a qualquer hora.



A polícia fotografou o quarto. De forma exaustiva. Foi feita autópsia com o veredicto de suicídio (suponho que por negligência de vida )dadas as doses de álcool e barbitúricos concentradas no fígado.
Mas, um professor da especialidade inglês, em honra da veracidade anatomo-patologista-forence levantou o pó da certeza.
O estômago de Marilyn estava limpíssimo. Nem comida nem resquícios de comprimidos ou cor dos mesmos no dito órgão. Parece que, com tal dose capaz de matar, o coração pára antes que todas as pílulas se desfaçam. Mesmo quando passados em almofariz e diluídos em líquido, deixam rasto por onde vão passando.

Não haviam sinais de injecção intramuscular ou endovenosa.

Perguntou o Douto Professor Inglês, onde estava a análise toxicológica ao cólon. Não existia porque o autopsiante se limitou a olhar o e a verificar que Marilyn tinha o órgão massacrado por obsessivos clisteres , como era prática corrente nas actrizes e modelos como forma de perder peso.



Indignou-se o inglês com tal negligência já que eram muitos os assassínios discretos praticados dissolvendo as mortais drogas na água utilizada para a prática.

E se o autopsiador fez longo relato dos pêlos públicos da famosa defunta, não lhe examinou o canal vaginal.

Por não ser sítio muito exposto ao comum dos olhares, também era forma corrente de, através de injecção, administrar o mortal princípio activo, levando-o a espalhar-se sangue fora.

Mais tarde, juntando todos os elementos, muitos se viraram para o assassinato por um destes dois últimos meios.



Por outro lado, ouvindo quem estava na festa, comparando horas, chegou-se à conclusão mais apurada, dado o estado de rigor mortis, que Marilyn por lá andou, de copo na mão e passeando-se, já finada.


E nas fotografias do quarto não se vê nem copo nem garrafa de líquido por onde Marilyn tivesse empurrado para dentro de si os comprimidos.
E mais muitas coisas que agora não me ocorrem.

O processo foi fechado e reaberto várias vezes e, parece que só em 2025, poderão ser de acesso à investigação publica documentos reveladores. Alguns dizem que a História vai trocar anjos e demónios.



Talvez tudo seja tão irónico como o corpo esventrado de Marilyn dias a fio na morgue, sem que, no meio de tanta fama e utilização, alguém o reclamasse para lhe dar definitivo descanso. A família desprezou-o, os famosos ignoraram-no.

Como muitas outras vezes em que o Ícon era massa disforme, o seu controverso ex-marido, Joe Dimaggio, encarregou-se de a chorar e lhe fazer o funeral. Toda a vida, apesar da violência gerada nos ciúmes doentios, lhe tinha chorado o lado mais recôndito dos desaires.



Tinha visto mais da mortal Norma Jean que do ambíguo produto Marilyn.

De qualquer forma, talvez ainda se continue a ouvir em todos os plateaus, teatros e famas em qualquer parte, o que tantas vezes ela disse:

“Em Hollywood, pagam-te mil dólares por um beijo e cinquenta cêntimos pela tua alma”



A preços da época, claro!

30 comentários:

o Reverso disse...

Senhora,

vossa sobrinha está certamente satisfeita pois abristeis amplamente os cordões à bolsa de onde tirateis o pagamento para
a promessa feita.

será caso (visto que só em 2025, poderão ser de acesso à investigação publica documentos reveladores...) será caso que já venha de tão longe, em tempo e em kilómetros, a proverbial fuga de informações?

se assim é ainda bem, pois sempre vou ficando a saber novos pormenores que desconhecia.

eu era um fã da m, dela e de mais duas ou três. ouvi a notícia da sua morte estendido na minha cama de doente pois encontrava-me com icterícia

e,

a título de curiosidade sempre vos digo que o desenho que pubiquei no meu blog nos dias 14 e 18 do mês de novembro do ano pasado foi feito depois de ouvir a notícia do passamento da m.

nunca me dei ao trabalho de consultar um psiquiatra que me dissesse se o desenho teria alguma coisa a ver com o finamento ou não.






....que a rapariga passou as passinhas do algarve...






despeço-me desejando que a semana vos corra de feição.



e desculpai a desconexão...



nota- antes de publicar este comentário vou fazer "ctrl c" pois fiz um anterior com a cabeça e os membros um pouco mais bem colocados mas ao publicá-lo perdeu-se e apareceu-me uma mensagem a dizer ter sido impossível satisfazer o meu pedido e que eu informásse não sei quem.

boa semana




ps-ah, e sem vir a propósito: ando sem pachorra para blogar.

Lizzie disse...

Lola:

Respondo-te neste que tem relação com o anterior.

Todas as épocas tiveram os seus "photoshops" e os seus padrões de beleza. Em todas as épocas se fabricaram ilusões.

Pela minha experiência e pela dos que a têm mais do que eu nestas lides, o que interessa mesmo é o carisma e esse nunca pode ser manipulado porque vem de dentro e é indefinível.

Quanto a mim é o que fica para a história. Vendo bem, não interessa mais uma ou menos uma ruga. Afinal foram a expressão e o modo de olhar que eternizaram a Greta Garbo para não falar da Marlene Dietrich.

A Marilyn, tinha-o a rodos e, por acaso, gosto mais das fotografias dela sem do que com maquilhagem. Aliás foi um fenómeno de fotogenia.

Suspeito que para nós e para o bem ou para o mal, os espelhos são sempre uns mentirosos: nunca nos conseguimos ver com os olhos com que os outros nos vêem e cada olhar nos sente de forma diferente.

Grande abraço, Patatita.

Lizzie disse...

Estimado:

não sendo psicóloga nem psiquiatra, penso que o seu desenho (que adorei) com insónia tem uma forte relação com toda a circunstância Marilyn. De certa forma, está lá tudo:

corpo vivido e gasto para além da idade,cabeça virada para o longe que é como quem diz, com ponto de fuga em sítio nenhum.

Quanto a fugas, houve-as da parte de muitos dos que lidaram com ela e que viram factos em datas chave, como pilotos de aviões particulares e motoristas. Muitos outros ficaram calados.

Além de outros documentos, estão "guardados" os diários dela. Toda a vida escreveu sobre si e sobre os outros.
No fim, percebeu-se que ela sabia demais. E que, por acaso, não era exactamente estupida. Até o guarda inquisidor Hoover tinha "medo" dela.

Pode ser uma mancha em muitos mitos e santidades que se venderam à populaça. Cada época cria e consome os seus. Servidos em bandeja dourada.

E, Estimado, não posso dizer que seja fã dela, embora não me desgoste até por aquilo que foi passando.

Não sei se teria pachorra para lhe aturar as birras e os caprichos mas quem os aturou, também ganhou bom dinheiro com o investimento em paciência.

Mais que actriz, foi um produto comercial e uma moeda de troca. Como Montgomery Cliff. Que coscuvilheira que sou!

Enfim, que descance em paz. Finalmente, com algum repouso de espírito.

E, Estimado, blogar tem dias...

Os meus respeitos e agradecimentos por ter contrariado a birra do computador.

Alien8 disse...

Lizie,

Conhecendo embora grande parte do que contas, ainda assim tive algumas novidades sobre a mítica e controversa figura que foi e continua a ser Marilyn. Tenho dúvidas de que o mistério da sua morte venha algum dia a ser esclarecido. O mesmo posso dizer em relação à de JFK, com quem andou, conforme muito bem dizes.

Um pormenor: Um relatório de autópsia não tem como fim determinar se a morte ocorreu por suicídio ou homicídio ou seja o que for: Tem que explicar e demonstrar, no âmbito da análise do cadáver, A CAUSA DA MORTE, o agente ou agentes que a que a provocaram. Se a causa relatada foi qualquer coisa como ingestão de álcool e barbitúricos, que veio a provocar paragem cardíaca ou respiratória ou..., então haveria que dizê-lo E que explicar porquê - ou seja, quais os elementos colhidos e observados em que a conclusão se baseou. Nada disso existe, ao que parece, concluo do que contas. O que, francamente, cheira a esturro à légua. O mesmo se diga de vários relatos que dão como presente no quarto um frasco de comprimidos vazio... contradizendo as fotografias.

Depois, há a falta dos exames que referes... e a gente com quem Marilyn se dava. Giancana é um bom exemplo.

Para além da preservação do mito (que foi, obviamente, conseguida), outras coisas houve certamente que preservar. Como reputações de altas figuras que todos conhecemos.

Salve-se o Joe DiMaggio que, apesar dos pesares, continuou durante 20 anos a enviar rosas vermelhas para a campa de Marilyn.

Belo post, belas ilustrações, uma vez mais.

Beijos, Lizzie.

Alien8 disse...

Esqueci-me de referir que, com base no relatório da autópsia e nos restantes elementos de prova, são as autoridades policiais e, em última análise, os tribunais, que determinam (ou não), para os devidos efeitos, se a pessoa morreu de morte natural, de suicídio, se foi morta... etc....

Lizzie disse...

...e, já agora, Estimado

e já que era seu fã, esqueci-me que era conhecida como a "borboleta de ferro".

Quanto a mim, não é alcunha mal lembrada...

Lizzie disse...

Alien:

tudo cheira a esturro e muitas personalidades assim opinaram. Talvez por isso o processo tivesse sido várias vezes reaberto.

A causa de morte "escrita" foi a de hemorragia gástrica por overdose de barbitúricos. Na forma de morte foi escrito "provável suicídio".
A palavra "provável" foi depois apagada. Logo aqui começou a cheirar muito a queimado.

E, se bem me lembro da história, os orgãos dos casos que envolvem "prováveis" têm que ser conservados por um período mínimo de cinco anos.Pois, levantada a lebre, foram incinerados por...descuido.

Tanto quanto sei a morte dela foi além de um caso, enfim, médico, um caso imediato de polícia para além de político: havia interesse de um grupo culpar o outro e vice-versa.Vários grupos.

Uma das hipóteses levantadas é que ela morreu na casa do Lawford, o tal cunhado dos Kennedy e, evidentemente, levada para casa.

E, também se sabe que ela entrou, por estar em decadência de protagonismo, numa série de chantagens e intrigas. Queria que influências fossem movidas para voltar à absoluta ribalta.

E pois, o DiMaggio, bem se esforçou para a afastar do Sinatra, embora este tenha sido cumplice das loucuras daquele enquanto casado com ela.

Outra figura que veio a defendê-la foi Elizabeth Taylor apesar de Marilyn a odiar por ser considerada...beleza pura.

A "gélida" Greta Garbo interrompeu, anos antes, o silêncio e pitonisa, previu tudo com declarações que rondam o comovente.

E mito, pois ela e o Charlie Chaplin são considerados, neste campo, os maiores do séc XX.

Obrigada e um grande abraço

Madame Maigret disse...

Ah chère amie, que historia tenebreuse, si lointaine de grafonoles romantiques, d'asparges fresques et de roses...

Mon mari também me contava ses enquêtes, quand chegava a casa e lhe apresentava as pantufas e o journal, antes de jantarmos. Mais je vous garante que não tinha cinq per cent de votre piade, pitoresque, detaille et glamour horrifique...

Fiquei un peu deprés. Não fazia ideia de tanta desgrace! Adorámos vê-la em Certains l'aiment chaud, Les hommes préfèrent les blondes et tants autres. Si belle...pobrezinhe, était une joie de notre vieillesse. Toute la beauté attire les criminels. Cést ce qui est! Bon Dieu. Je dois prende un petit liqueur...

Lizzie disse...

Madame,

ne vous deprimé pas senão também eu sois deprimide. Alors acompanho-a dans la bebide mas avec whisky.
Mon figadô não suporta licores talvez por causa do sucre.

Quando eu morrer,Madame, vou dar muito trabalho aos analistes para distinguir o whisky escocês do canadiano e do Kentuky dans mon figadô. E de mon cerebrô nem há paroles que cheguem.
Oh lá lá, quelle internacionalisation alcoolique!

Et oui, pauvre Marilyne!!

Desde há muitos ans atrás que, quando vejo um dos seus filmes ou photos, penso nas histoires macabres que vivia naquele momento.

Tal como Sir Lawrence Olivier, penso que era uma criança grande a quem é dado um palácio envenenado de brinquedos.

Fez sobretudo um mau negócio com a vida e a vida com ela. Como se fossem duas entidades diferentes.

Pardon Madame, por cette philosophie baratuche.

Votre Jules, junto com Miss Marple e Sherlock Holmes, decerto teria resolvido este este estranho caso.

C´est domage que não os tenham ido chamar aos livros onde nasceram.

Maintenant je marcheré chez vous pour manger un petit peau de espargues. Et de vinhes. Et de pãozes, assise dans la senhorinhe.

J´aime expericier votre prates.

Lizzie disse...

e Madame, não se assuste com a image que subtituí agora: la moce não está morte.Está só a fingir-se defunte no meio dos panos.

Dada a sua sensibilidade apurada, podia eventualmente apanhar um suste e ficar mal do seu coeur ou entornar o licor.

Lizzie disse...

Errata:

lá em cima onde digo "eu sois deprimide"

deve ler-se

"eu soit deprimide"

No resto não noto mais nenhum erro!

Arábica disse...

Lizzie,

foi sem dúvida um caminho arriscado o dela à beira do abismo...sempre à beira do abismo por uma razão ou outra...como as cobras que procuram a morte.

E contudo, perante a ausência de provas, tal como tu, acredito mais no homicidio.

Juntamos-nos por aqui em 2025.

Ou em 2050.

Pois...

Um abraço.

Lola disse...

Lizzie,

A morte é sempre um mistério para o comum dos mortais.
E é a nossa unica certeza.

A da M.M. faz parte do mito.

Não sei como seria chorar a dita com 80 anos e Alzheimerada.

Não haveria Diva. Seria igual a todos nós.


É fugaz o brilho da ribalta.


Beijos grandes

Lizzie disse...

Arábica:

com ou sem assassínio não iria viver muito tempo.Nem como pessoa nem como actriz. Por questões de personalidade.

Foi tentando o suicídio vezes, ou melhor, encharcou-se tanto de medicamentos, que esteve à beira da morte.

Em algumas dessas vezes teve o cuidado de avisar por telefone o que ia fazer e era comum o médico ou os amigos, voarem de Nova Iorque para LA às pressas.

E, no fim, afastou toda a gente que, sem interesses monetários ou outros,a tinha ajudado. Acabou por matar os seus anjos da guarda.

E esticou a corda da paciência de muita gente, quer por necessidade de atenção quer por protagonismo.

Vários psiquiatras discutiram, e discutem, uma questão: fazia o que fazia por psicose, não tendo consciência ou de forma magoada, sim, mas consciente e com cálculo?

"To be or not to be, that´s de question".

Se não estiver cá em 2025 ou 2050, vou vendo as notícias no telejornal da eternidade.:))

Ou, com um bocadinho de sorte, encontro-a e pergunto-lhe. Se eu me lembrar da pergunta e ela souber a resposta:)

Abraço

Lizzie disse...

Lola:

Pois só nos lembramos do que dá escãndalo ou diferença e morre em idade imprópria.Se não tivesse morrido aos trinta e seis anos e com dúvidas, teria sido mais uma entre as demais.

E nem todos os actores ou actizes tiveram uma infãncia de ouro. Quase todos tinham o ferro da infelicidade.

Afinal, quem sabe como morreram a Greta Garbo ou a Marlene Dietrich, por exemplo? Esta, sobretudo, teve um fim de vida contrário ao que viveu. Até certo ponto é mais chocante. A morte da Marilyn, ao fim e ao cabo, foi coerente.

Vivia para a celebridade de tal forma que se disfarçava com perucas e outros adereços para supostos retiros não sem antes telefonar a fotógrafos e jornalistas: aquela morena que vai para a cabana sou eu.

Nesse aspecto, pode estar descansada: conseguiu talvez mais do que estava à espera.

Abraço, abraço:)

Arábica disse...

Pois, Lizzie,nunca saberemos se ela teria consciência... nunca saberemos até que ponto a esquizofrenia faz das suas vitimas completos inocentes ou até que ponto a esquizofrenia toma conta destes destinos: por muitas pessoas que magoem, pelo que tenho lido, a si mesmos,ainda se magoam mais (e olha que o percurso da nossa diva é exemplo disso)...

E por imortal que seja a sua lenda, lamento ainda assim, a mulher que embora quisesse, nunca teve um filho...

Não há lenda que resgate o preço de uma vida se não feliz, pelo menos realizada.

E bom fim de semana, coño!

E muito mar e muitas gambas e muito sumo de limão! Beijinhos, Lizzie, Zizzie :)

Lizzie disse...

Arábica:

se calhar ainda bem que não teve filhos. Iria utilizá-los como medicamento ou como paliativo.

É coisa que, infelizmente, acontece muitas vezes e pelas mais diversas razões. Depois em vez de um são vários os infelizes. E sem terem pedido para conhecer o inferno.

Isto tudo mais o facto de ela ter, em linha recta, o gene da loucura. Coisa hereditária.

O que cada um sente, sofre ou ri e o quanto se realiza é coisa muito individual. Seja-se doido ou não.

Para as raparigas que sonham com cinema, notoriedade, amores revoltos, ela realizou-se e é ídolo.

Para outros terá sido uma tonta e imatura desgraçada.

Para outros foi uma pessoa que fez filmes num determinado contexto e, portanto, vê-se a figura sem bastidores.

Para outros foi um ícon de um certo padrão estético e de glamour

e por aí fora...

Depende de cada um como a quantidade de sumo de limão nos grelhados ou toque de picante nas gambas:))

Abraço e bom fim de semana

Haddock disse...

vossa sobrinha, dizeis, é "jacartiniana"??... coisa de feitio ou portadora de uma nova estirpe viral??

pelo sim, pelo não, optamos por esmola profiláctica.


confessadamente, a monroe nunca fez parte das nossas preferências. talvez por antecipada preocupação médico-legal, sempre a achámos (eufemisticamente) alheada.

e se isso pôde - como ainda pode - justificar a sedução de tantos intelectuais, a nós fez-nos prever (ainda que postumamente...) um desfecho trágico.

depois, a teia de relações perigosas a que facilmente cede
um ego frágil e, no caso, pouco esperto (e discreto) só apressa a data de uma vida eterna.


vénia...

Lizzie disse...

Capitão:

Vamos responder-vos apesar deste portátil laboroso que trouxemos estar, aqui, de birra ou com fúria nacionalista talvez porque só ouve dizer mal de certo futebolista luso que muito ganha e pouco marca em proporção.

Se não entrar resposta bloguistica, tentaremos depois.

Nem de feitio nem de estirpe é nossa sobrinha de feição jacartiniana. Digamos, sim, que é de grande versatilidade viajante.

Não deveis, portanto, temê-la.

Quanto a Marilyn, sempre a achámos produto de supermercado em promoção, daqueles que se compram mesmo quando não necessários.

Também nunca percebemos o namoro de certos intelectuais à figura, tanto enquanto viva como depois de finada a não ser que seja para apanharem boleia de tema tão mediático.

Lemos, uma vez, ensaio sobre a dita, e achámos graça às mil e uma voltas dadas, para lhe atribuir inteligência superior que, francamente, nunca vislumbrámos. Outras celebridades houve que, essas sim, dá gosto.

Quanto a indiscrições, pasmámos com algumas entrevistas que deu à Vogue e que nunca foram, na época, sensatamente publicadas.

Mas enfim, cada época tem,parece-nos, de criar os seus mártires e os seus heróis. Nem sempre correspondem à realidade. Se calhar quase nunca.

Continência!

Madame Maigret disse...

Oh madame Lizzí, ouço-a falar de toda essa experienciagem em beberrage e lembro-me logo de mon mari. Ainda hoje estou para saber como conseguia ele deslindar com tanto alcool a marinar-lhe os miolos. Bem sei que não era o unico a conseguir tal prodigio, mais enfin! A propos, ele tem cá vindo espreitar sorrateirramente muitas vezes. Não sei se pour causa da morte se pour causa dos botões... Quant au texte, excellent francais, moi aussi non dei pour erre algun. je vous embrasse. A la prochaine!

Emma Larbos disse...

Podíamos fazer uma galeria com todas as figuras que tocaram ao mesmo tempo o céu e o inferno, que não puderam alcançar a grandeza da arte, do génio ou só a da fama sem ser caminhando em cima de uma passadadeira de espinhos, da qual acabaram por se despenhar. Inquietam-nos e incomodam-nos porque nunca sabemos se admirá-las por chegarem lá se culpá-las por se deixarem cair. Nunca sabemos se havemos de lamentá-las como vítimas se reconhecer que pagaram o preço necessário pelo que receberam.

Arábica disse...

Zizzie,

tentei, analisar, lamentar e comentar sob uma perspectiva m.m..
Isenta da minha. Que sou de ténis confortáveis, botas sem salto e cara limpa (suja qb com as olheiras que me dão um falso ar noctívago). Fujo de abismos como o diabo foge da cruz, sofro de vertigens. Picante e limão, qb, também e depende dos pratos.

O abraço que aqui deixo é que não depende de nada. :)Continuação de semana. :)

Arábica disse...

Continuação de BOA semana, ora pois, claro!!!

:)

Sara França disse...

Tiiiiiaaaaaaa!!!!!!!!

Só agora leio este belo texto, o prometido! Que bem que vou dormir hoje...

Confesso que esperava ler mais sobre clisteres assassinos (eis um título sugestivo para um novo romance do Sr. Maigret...); acho que a tia se poupou bastante àqueles detalhes (onde moram o diabo e as vísceras da humanidade) que costumam ser seu apanágio - veja lá, se é por mim: não se esqueça que eu já sou crescida!

Fiquei muito intrigada, tia. Tenho de pensar melhor sobre isto tudo... Quando é que vai ser o teste para eu dissertar sobre texto? E não referiu bibliografia para eu estudar e ter uma boa nota...

Caro Sr. Haddock,

a tia chama-me jacartiniana desde miúda porque eu sempre gostei dos textos de Jacartes que ela me dava a ler - e interpretava-os muito bem, não era tia?

Agora ela dá-me textos bem mais complicados.

Frioleiras disse...

Eu acho-a como em algum dos comm. dizes...

Ela era "como Sir Lawrence Olivier, penso que era uma criança grande a quem é dado um palácio envenenado de brinquedos."...

e estou com o Haddock...
não era dos meus icons favoritos...

a Audrey Hepburn encarnava, para mim, a graça, a Raça e a doçura da adolescência...
(com grande empatia por isso tudo que lhe achava, sobretudo pela "Raça" que é uma condição, para mim, essencial para empatia e admiração... ela seria incapaz de dizer: queres um cházinho? diria simplesmente: queres um chá?
Seria incapaz, mesmo com os copos, de ser grosseira...

Ora a Marilyn diria: queres um chazinho? e poderia ser ordinária se estivesse com os copos ... )

É em pequenos pormenores que se estragam ou elevam os icons........... e a admiração ou indiferença pelas pessoas etc etc.

E ter Raça .... para mim é o mais importante. Ora, a Marilyn ... não a tinha !

e a Beleza pura ... para mim era a da Brigitte Bardot...
(sem empatia mas com grande admiração pela sua enorme Beleza. apenas por isso. A Raça dela era estragada por uns laivos de grosseria (estou certa, imagino-a, com os copos a ser grosseira ou ordinária... e eu ligo bastante à Beleza das pessoas mesmo q n tenha empatia p elas. é um factor estético, temos de concordar. E detesto Grosserias ).

O que têm em comum era que nenhuma delas era "foleira"...

e Foleirice tb é um elemento q tira os icons do trono. Tenho o ex da E.Taylor q , para mim, sp foi um tanto foleira.........

Depois.....(da Raça e da Beleza) vem ainda a Inteligencia e o Humor.............. e o meu icon é
indubitavelmente Woody Allen.

Vem ainda a Sensibilidade misturada com Volúpia com Raça, Beleza e Inteligência e aí, o meu icon (o meu Rei) é Visconti..................


(frivolidades ou frioleiras a que sou Fiel)........................

Lizzie disse...

Oh Madame:

Mons mioles aujourdui estão piores que se tivesse bebide beaucoup de viskís. Je n´avait dormire ponte de corne ou presques.

Je suis arrivé au Portugal cheia de sono.Comme d´habitude.

Marilyn seria mais feliz se tivesse mais churros, espargues e champignons e vin de La Mancha que comprimidos no buche.

Com que então, votre Jules está com deformations professionales? A vir aqui espreitar? Oh lá lá quel vampire me saiu.

E en terres de Espagne muito me lembrei de vous, Madame...en écoutan unes chansons de France sur ton de antiquário.
Je pense que je meterré un certe jeune et beau garçon a bailar uma delas.

Sou comme votre Jules: quando se me mete une dans les mioles não sai tão depressa.

Je vous embrasse aussi, dans la senhorinhe, que além de sono je suis esfomeade de petisques.

Lizzie disse...

Pois Emma,

a galeria seria muito extensa, tantos e tantas foram os que pisaram a passadeira vermelha cheia de vidros partidos, tão cegos que nem lhes viam o brilho.
E em todos os campos.

Chegados à morte ora os espera a santidade ou o desprezo do inferno.
Estou-me a lembrar da Princesa Diana, por exemplo.

Fica-nos sempre o porquê e o para quê.

Ao fim e ao cabo, imagino-os sempre numa tombola: às voltas como bolas de sorteio à espera do número da dignidade. Da dignidade e do respeito que ultrapassem a necessidade de qualquer conflito de juízo.

Se calhar são perturbantes e incómodos porque são, em grande e notório, o espelho da espécie humana. Com todas as qualidades e defeitos. Mas sublinhados e a bold.

Lizzie disse...

Arábica:

é sempre muito difícil ser-se isento nestas coisas da perspectiva de.

Dão-nos os factos, as interligações entre eles e imaginamos o que seriam os sentimentos ou sensações mas sempre segundo a nossa experiência e a nossa sensibilidade.

Falando de palco, é isso que é fascinante. Vi duas pessoas interpretarem, em dança-teatro, a MM de forma completamente diferente. Com a mesma coreografia, encenação, texto, tudo.
E, ainda por cima, ela era em muitos aspectos e já de si, uma encenação de si própria.

Nisto, como em muitas outras coisas, a isenção perfeita e completa é uma utopia.

Boa semana para ti de preferência sem abismos:))

Lizzie disse...

Sobriiiiiiiinhaaaaaa:

A tia hoje também acha que vai dormir bem. E cedo. Tudo o que tem que pensar, vai transferir para os sonhos. A tia adora pensar nesse estado porque se cansa menos e deixa de botar cancelas nas ideias.
A dormir elas andam à solta. Coitadinhas!

E sobre clisteres não há muito mais a dizer. As damas e os cavalheiros injectavam água com alguns óleos, como o de rícino, para dentro das vísceras infernais, para que as diabólicas calorias não ficassem lá a ser absorvidas e a serem tranformadas em gordura espalhada pelo corpo.

Se em vez de óleos ou outros meios escorregantes, a água levasse consigo veneno, as paredes do inferno absorviam-no até chegar ao sangue e catrapum.

Mais te explico que certa Mafia, usava este método nos homens por ser mais humilhante que uma facada ou um tiro: ao mesmo tempo que matavam, usavam a entrada das visceras, porta essa que é absoluto tabú nos viris filiados de tais criminosas organizações.

Não sei se sabes que nos rituais de iniciação, os membros têm que provar que não são dados a essas portas. De forma alguma.

E, sobrinha, que bem sempre interpretaste(s) Jacartes. Ficáva eu, tia babada, a admirar-te as viagens interpretativas no labirinto daquele pensamento intrincado.

A tia dá-te textos cada vez mais complicados só para ver os aviões supersónicos dos teus neurónios na exagese da complicação. Vejo-lhes a velocidade acrobática no brilho dos teus olhos.

Dá gosto ter sobrinhas assim. Pois dá!

Lizzie disse...

Frioleiras:

cházinho com bolinhos numa mesinha pequenina cheia de naperónzinhos... (e com sorrisinhos com cabecinha tombadinha para o ladinho:))

exactamente ao contrário do que diriam a Greta Garbo, a Marlene Dietrich, a Bette Davis, a Barbara Stanwick, a Carmem Maura...e por aí fora.

E duas se celebrizaram pela ordinarice, com ou sem copos: a Marilyn e, imagine-se, a muito bem nascida Grace Kelly. Não conheci nem uma nem outra:) mas é o que dizem e relatam.

E, estou inteiramente de acordo contigo: é nos pormenores que tudo se define. Para o bem e para o mal.
Pessoalmente sou muito de olhar, mesmo sem querer, para os pormenores. São sempre células de um organismo maior. Posso gostar de uma pessoa, de um actor, de um bailarino, de um músico...por pequenos filamentos da sua fibra.

Também posso des-gostar embora ache que tenho que dar espaço à liberdade dos defeitos. Ninguém é perfeito. Digamos que há uma margem entre o que gosto, o que tolero, o que detesto e o que me é (a mim) absolutamente insuportável.

Sobretudo, já sabes, admiro pessoas genuínas. Onde sinta autenticidade. Mesmo que eventualmente não me dê bem com elas, não concorde, etc. Para mim talvez isso seja Raça.

Puzzles de artifícios convenientes, o "jeitinho" da meia tinta, é que não.

O Visconti é uma tela de tinta completa. De tons absolutos. Uma cor que nunca cansa nem desilude.

Beleza é o que me dá conforto a um sentido e se prolonga para os outros sentidos e sentimentos. Sob esse ponto, a Bardot não me estremece.
Sou mais pelas suecas: Ingrid Bergman e Greta Garbo:))
Cada uma no seu oposto género. E o viscontiniano Helmut Berger?

A Liz Taylor, acho-a extraórdinária a preto e branco. Foi uma das que, a cores, fica com uma tonalidade kitsch. Questões do excesso de maquilhagem a partir dos anos sessenta.

A Audrey Hepburn tem graça, sim senhora, num estilo adolescente a que sucedeu a Sarah Jessica Parker. Pelo menos segundo os intentos das épocas.

Enfim se me ponho para aqui a discorrer nomes e considerações, olha, nem três bules de chá chegam.))

E olha que não acho que isto sejam conversas frívolas e se o forem, são tão legítimas como outras.

Das exclusivamente problemático-existenciais de sobrolho franzido como demonstração de seriedade, sensibilidade e inteligência, está o mau humor adolescente cheio.

Já temos idade para falar de tudo.