sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Boto este como explicação mais detalhada do meu “desastrado nascimento”( como referi em comentário abaixo) bem como aos seus arredores dele.

Mais digo que vai dedicado à Senhora Minha Mãe, talvez das pessoas com um mais doce sorriso que conheci e que, a rir, coraria de vergonha se soubesse os dislates que neste, como noutros sítios a duas ou três dimensões, este seu rebento vai disseminando pelo mundo.

Resumo, o mais discreto possível, de um alvoroçado 21 de Setembro

Para vos ser franca, ainda não me lembro de ter nascido.


Tudo o que sei me foi contado pela fonte fidedigna das recordações de Minha Mãe, pessoa absolutamente imprescindível ao acto, e por outras pessoas, que em acontecimento funesto relativamente recente e de reunião forçada, como costumam ser os funerais, ao reverem-me após anos de ausência minha ou delas, me falaram de mim como se fosse eu a defunta.
Assim me senti, embora cordialmente sorridente de mobilidade vertical e sem apoios ou efeitos cinematograficamente especiais.

Algumas dessas pessoas são de tal forma idosas, que me parece recuarem a minúcia da memória até do momento em que foram elas próprias concebidas.


Como se sabe a velhice é uma espécie de espelho que apenas reflecte o fundo da sala onde está colocado

Mas continuando, dia 20 minha mãe foi de esperanças já adiantadas mas ainda não muito urgentes, de Lisboa para o Alentejo a fim de assistir a um casamento mais aos tradicionais festejos religiosos, em alguns aspectos pouco respeitosos dos dez mandamentos, cujo dia grande é 21 de Setembro.


Por a noiva e o noivo serem parentes do meu pai, por um lado e da minha mãe por outro, juntaram-se ali, de forma mais ou menos contrariada, as duas famílias.

E digo contrariada já que por razões várias, os casamentos e mais ainda os baptizados, eram considerados obrigações a que bastavam só os directamente interessados assistir. Normalmente os colaterais achavam que tinham mais que fazer ou onde se divertir.

A maior parte ficou alojada em casa farta de salas e quartos.

Em edifício contíguo, tomaram poiso uma trupe de flamenco de Sevilha, um grupo musical e dois fadistas levados de Lisboa, todos contratados pelo padrinho do noivo como forma de animar o casório. No dizer dele, com noivos tão enfadonhos e bispo tão monocórdico, começaria logo a meio da homilia um coro de ressonadores, prolongando-se copo-de-água fora.

Uma das ciganas flamencas, olhando para minha mãe, tirou uma moeda da bolsa e meteu-lha na mão informando-a que ia dar à luz no dia a seguir e como o sol se ia alinhar com a estrela não sei quantas, era nascimento especial e mais que nunca deitasse a moedinha (“la plata”) fora e que sempre se lembrasse da gitana Maricarmen.


À tardinha, minha mãe foi com meu pai ver uma das procissões.
Deu dois passos, escorregou e estatelou-se na calçada, com a pança como amortecedor.

Devo ter tido o meu primeiro ataque de mau génio, tal foi a agitação que lhe fiz sofrer. De facto, os pontapés tornar-se-iam, quando virada a arruaceira, uma das minhas especialidades.

Por insistência alheia, mais que por disposição própria e contra a sábia vontade de meu avô muito estrangeiro, minha mãe foi assistir à sessão de fados, garrafas e jazz familiar num dos salões.

Refilei furibunda quando quando uma senhora amiga da parentagem e de voz de oiro entoou o seu “Não sou fadista de raça”. Nunca ficou ofendida com a confidência de minha mãe: cantas bem mas eu já não te podia ouvir…

Ia alta a noite quando o Fernando Farinha cantava os “Belos tempos” e da minha mãe desaguou farto rio com foz no tapete de Arraiolos, começando as contracções.


Estando os dois médicos disponíveis com o espírito nublado por néctares frutados da zona, meu avô muito estrangeiro e calmo dispôs-se a fazer o parto.

Algumas damas de ascendência judia argumentaram que nunca tal se tinha visto: partos eram coisas de mulheres e a que ali estava não tinha nada de ovelha, égua ou vaca.

Pressionado, meu pai mandou que fossem chamar a parteira que morava na rua de baixo. Veio o mensageiro aflito com as novas da irreversível bebedeira da perita.

A tia A. Mandou buscar e limpar um berço ao sótão.

A prima H., disse que era tão velho que tinha caruncho, ao que a outra, aproveitando o ensejo para lavar a paciência que nunca tinha e só recentemente a passou a ter de forma definitiva, lhe chamou estúpida, que o caruncho atacava madeira e não carne. Os ratos que lhe saíssem da farta e armada cabeleira é que talvez gostassem de carne fresca. Por isso, até morrer a H. era conhecida por Pompadour.

A prima A.L., espanhola, virando-se para o meu avô muito estrangeiro manifestou o desejo que dali saísse varão. Já por demais históricamente enfadado e recorrendo a tradutor tal avô ripostou-lhe um velho dito da sua terra: quando um espanhol se arranha, sai mouro. Trocaram-se mimos, eternos, de cariz rácico-político.

Entre contracções, minha mãe bem se lembra da pouco conclusiva contenda.



Já tinha chegado mensageiro do avô muito estrangeiro com uma senhora espanhola, sua empregada e refugiada da Guerra Civil, caracterizada por chamar a propósito de tudo e de coisa nenhuma, gran hijoputas aos franquistas e gran cabrones aos republicanos, o que feitas as contas, dá a mesma categoria e estatuto social aos dois.

Soavam as alvoradas fogueteiras, ouvia-se o primeiro desfile da banda filarmónica, abria-se em dor a minha mãe, quando eu perdi, e para sempre, o mais suave e puro aconchego. Nunca mais lhe ouvi o lado de dentro da voz.



Disse-me a espanhola comadrona, que protestei logo de forma tão sonora e rápida, que nem da ritual palmada precisei.

(Durante toda a minha vida, nunca larguei esse grito, embora de forma silenciosa, quando o despertador toca. Trauma evidente de quem é obrigado a levantar-se mais cedo do que a sua natureza pede.)

Foi comunicado que era absolutamente uma rapariga, perfeita e limpinha.



Ao tal ouvir, um másculo e conhecido figurão do toureio e criação de touros, disse, com a elegância e desprezo que sempre notei em tal tribo:
estas fêmeas só dão gado rachado!



Após tradução, que o tom cheirava a despeito, o meu avô muito estrangeiro presenteou-o com um valente murro nos “quêxos”. Tombou-se-lhe a virilidade pela força bruta, respeitosa e alta do afecto.

A prima C., conhecida pela Dama das Camélias



mulher votada ao melodrama pessoal e alheio, como forma frustrada, mas recorrente, de sedução ao sexo oposto, desejou que eu não morresse, coitadinha, como o meu irmão antecessor.

A irmã dela



que não precisou de compaixão para casar cinco vezes com maridos por ela escolhidos (e após rejeitados), entre vários pretendentes, entrou em conflito histriónico com tal pessimismo e alvitrou que havia de ser saudável, brava como o primeiro choro. Com sangue na guelra.

A vitima Camélias chorou mais uma vez de infelicidade sem que ninguém lhe valorizasse a grandeza da alma, a irmã mandou que se abrisse uma garrafa de bom vinho, símbolo do Outono, bebendo-o e partilhando-o em sonoras gargalhadas.

Os noivos maldisseram-me



por ter causado tanto alvoroço e noite passada em branco pelos convidados e por uma parte dos padrinhos não estar na cerimónia, ou sejam os meus pais.

O bispo,


bocejante,e eclesiástica e teológicamente acostumado a observar e reflectir sobre as consequências do pecado, disse que com tanto fado, música e multiplicação de ceias, pouco ou nada se dormiria.



Com ou sem nascimento.

Por quem teve alguma curiosidade de me ir ver, fui chamada de batata albina, obeso anjo barroco, hermosita, olhuda, beautiful blonde baby, careca, grandalhona, sweetest, pastel de nata inchado,berrona, miúda, gaiata, niña, nova menina, mamona,cara de papa Nestlé.

Minha mãe pôde finalmente dormir

quando os sobreviventes foram para o casamento e depois do meu avô muito estrangeiro ( pouco crédulo em coisa alguma mas respeitador das pátrias tradições e provavelmente desejando assim melhor sublinhar a sua ascendência no meu nascimento) me oferecer uma pedra alentejana em honra da mística e das cerimónias de 21 de Setembro em Stonehenge.


Que eu tenha dado por isso e até hoje, a moeda da cigana e a pedra do avô muito estrangeiro, nunca se deram mal, lá na caixinha, onde, em silêncio, trocam histórias, seguramente muito mais sábias, antigas e futuras que as minhas.



Disso, não haja qualquer sombra de dúvida!

35 comentários:

Anónimo disse...

como sempre.....................


entre o riso e a ternura.......






tu........tu......tu

Arábica disse...

Ai Zizzie, até me esqueci que a praia estava ao virar da esquina!

o Reverso disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
o Reverso disse...

Senhora,

que a 21 de setembro e, durante muitos anos, eu possa vir aqui congratular-vos e a mim também por cá poder vir.


agora vou ver o "postal"...

o Reverso disse...

Senhora Lizzie,

diria, quase, que foi por devoção que, até aqui, hoje peregrinei.

a vontade de escalavrar as rótulas pelos pelos caminhos difíceis da blogosfera era nula. mas, o respeito que os meus deuses sempre me merecem fez-me colocar as joelheiras e rastejar a este santuário.

imagino-vos deitada nas palhinhas.

imaginai, se puderdes, que são reais os incensos, o ouro e a mirra que, virtualmente, aos vossos róseos pés deposito.

possam, a moedinha e a pedra, espalhar pelos séculos vindouros, a notícia da minha oferenda.

desejando-vos um excelente dia, deixo um casto e respeitoso e devotado afago na vossa camisinha de cambraia.

Lizzie disse...

Tu...tu...tu:

parece-me que andas com mal pegadiço: ainda hoje me telefonaram daí a dizer que no dia em que eu não disser disparate é porque morri.

O que seria da vida se não se desse ternura, não da empacotada mas da verdadeiramente sentida, a quem a merece?

A propósito, toma lá um grande abraço que me estás a apetecer:))

Lizzie disse...

Arábica:

pois que se tivesse parado de fazer anos antes de ter ido para a escola, agora podia estar na praia, a brincar com baldes,a chapinhar e a dar pontapés a um ou outro primo ou prima mais irritante.

Mas nem moedas nem pedras tiveram o dom de me parar o tempo. Vai daí estou, meia parva e completamente constipada e tússica, a cumprir um dever profissional. Ou a fazer de conta que cumpro.

Se calhar lá para a adiantada tarde, assim mais próximo ainda do equinócio, dou um salto até ao mar que não há nada melhor para a tosse que umas gambas com bom branco, embora tudo ainda me saiba a bifana desenxabida.
Se logo souber a pescada cozida sem sal,já não é nada mau.

Dá, então uns mergulhos por mim e faz um castelinho com quatro torres:))

Obrigada e besos, coño:))

Lizzie disse...

Estimado:

Já aqui virei para lhe tratar as chágas dos joelhos.

Chamam-me ali para um rápido milagre:))

Até já!

Lizzie disse...

Estimado:

já milagrei!

Agora sente-se que, apesar das joelheiras, vejo que tem equimoses.

Enquanto besunto o seu sacrificado joelho com Betádine Creme, muito lhe agradeço esta esforçada peregrinação a esta casa.
Aproveito também para lhe oferecer uma bebida que o bar já abriu e hoje é aberto.

Pois Estimado, que duremos os anos necessários para nos lembrar-nos e discutirmos o nosso primeiro olhar para a luz, mesmo que a demência senil já nos troque os factos.

Mesmo que o Estimado diga:
- quando eu nasci, em 2050...
e eu responda
- corria o ano de 1640, ia minha mãe com o meu pai arrumado no colo do decote e um foguete pela mão...

não interessa. Cá continuaremos a conversar.

E guardarei as suas oferendas na caixinha da minha santa memória. Sou de guardar nela tudo o que de bom me dão.E, nesse campo, saiba que a caixinha está sempre em bom estado de conservação.

Não há nada, como lá em cima disse, como um bom óleo de sorriso misturado com uma boa essência de ternura, para que todas as caixas, antigas ou novas, mantenham o brilho.

Quanto a palhinhas, ai Estimado, revoltam-se as minhas ascendências das estrelas de cinco pontas, que ainda estão à espera que haja ciança abençoada que nelas se deite.

As outras minhas ascendências, pois que não desdenharão que eu nelas me deite desde que tome um antihistaminico antes, pois que nunca se viu uma "batata albina" a espirrar e muito menos a tossir.
Nenhuma delas teve nunca muita paciência para crinças ranhósas.

E ficai ciente, que, na minha próxima visita a casa de minha mãe, abrirei a caixinha e contarei a "la plata" e à sucedãnea de Stonehenge, a oferenda deste seu comentário.

Fiéis como são, contarão a todos os futuros a companhia que tiveram neste presente dia 21.

Os meios mais humildes Respeitos e Agradecimentos.

Lizzie disse...

Errata Até Parece Que Nasci Ontem:

Onde se lê crinça, deve ler-se criança.


As minhas infantis desculpas.

Haddock disse...

uide!! deixai que nos apressemos antes que se vá este 21 de setembro...

parabéns!!!

e que enredo puerperal nos trazeis, lizzie!! aproveitando a oportuna lembrança do triliti, diríamos que vossa história de natal bem que compete com a do menino jesus!!

sendo que as diferenças são de sorte (vossa), pois acreditamos que não gostaríeis de vos ver pela primeira vez cá fora em pleno curral estendida numa manjedoura sob o bafo de um burro e de uma vaca... (não obstante a presença protectora e serena dos pais biológicos ou afectivos)

vossa vinda ao mundo, porventura não tão anunciada nem ainda tão ecumenicamente celebrada, foi seguramente muito mais divertida!!

é claro que duas celebrações num mesmo dia nunca deu grande resultado... azar dos nubentes de então, que fazer!?!


vénia com brinde!!

Arábica disse...

Pois atrasada chega de facto, a rainha e maga baltazar :) mas nem por isso menos carregada de incensos (atchiiiiiiiim!!) :)
para ofertar a tão distinta Senhora :))

Pois que é um facto que tentei atempadamente comunicar por sinais de fum, mas duvido que o vento tivesse permitido leitura escorreita de parabéns e felicitações à altura do momento.

Submeti-me assim, que de outra forma verifiquei não ser possível, às novas tecnologias, com abreviaturas fáceis, não esquecendo o castelo de quatro torres e a afamada púcara de chá preto, em gesto largo e alvoraçado de bebedeira sossegada :)

Considere-se Senhora dos Limões devidamente festejada, pela minha parte também :))

E agora com as habituais vénias me despeço que está chegando a hora da ginástica acrobática da neta a que vou assistir como ritual do inicio do Outono :)

Acendam-se as fogueiras, que o frio não tarda, coño :))

Kk disse...

Lindo, agradabilíssimo de ler. Textos e imagens de um bom gosto raro e sóbrio.
Poesia, sonho e realidade, tudo muito bem dosado, bem distribuido numa combinação que não cansa e diverte.
Parabéns pelo blog.

casa de passe disse...

ternurenta a sua descrição.
Eu já não tenho Mãe. Talvez por isso seja devota da Senhora de Fátima, por muito que disso possam troçar. Mas eu sinto-me protegida sob o seu manto. (estou a falar a sério e tenho umas saudades enormes dos tempos em que tinha família. curta mas família. agora, praticamente, ela desapareceu...)

nini

Lizzie disse...

Capitão:

AIDE,(muito gargalhámos com vosso UIDE), queriamos lá nós nascer Jesusas. Credos, dirieis vós.

Despediríamos já o nosso ministro S.Pedro por não nos trazer o fresco de outono.

E não nos falais em vacas e burros que nos tornamos bucólicas.

Do divertimento do nosso nascimento não contámos tudo, mais por motivos de encolher a narrativa que por pudor.

Faltou-nos falar da criatura, chamada de Maria Maluca que nos foi comprar roupinha antes que começassem a rezar junto a nós. Tal como Jesus, nascemos nuas.

Agradecidas a Vós, pedimos desculpa pela demora na resposta a "vódes" mas temos estado em retiro com pneumonia ligeira.

Vede que conste, além de não ter biblioteca, Jesus também, que se saiba, não necessitou da cruz dos antibióticos nem de campanhas eleitorais nos noticiáros.

Continência reforçáda.

Lizzie disse...

Arábica:

vê lá se a Maga se actualiza e tráz de presente uma garrafa cheia de fresco para eu apanhar uma bebedeira de outono.

Raio de Reis Magos míopes que não vêem os pedidos da Menina Jesusa...

São tais as minhas eruditas tosses, que fico à noite, sentada no jardim a ver se vejo sinais na lua e a única coisa que vejo é meio comprimido a flutuar no firmamento.

Agora vou correr mas sem acrobacias, ver se ainda não me afoguei de dentro para fora. Espera-me a Maga do Estetoscópio de Alvura Vestida.

Ay qué coño de tos neumónica::))
Y gracías tía!

Lizzie disse...

Kk:

Muito obrigada pela visita e elogios.

Volte sempre.

Lizzie disse...

Nini:

longe de mim troçar das crenças de cada um. É território absolutamento privado digno de respeito.

Cada um sente, ou cria, os seus mantos, embora por vezes não perceba que eles existam. Ou que se precisa deles.

Da religião à política passando por amores e artes, vejo mantos em todo o lado. Basta fazer uma espécie de radiografia das almas.

Felizmente a minha mãe ainda está viva. Felizmente voltou a contar agumas histórias do meu nascimento. Felizmente ainda se lembra que eu existo. Não sei por quanto tempo.
A melhor prenda é ouvir-lhe a voz, cada 21 de Setembro de manhã. Cada Ano é prenda maior.

Também alguma da minha família, grande, se dissolveu.

Alien8 disse...

Lizzie,

Um de nós é do contra. Talvez os dois... tinh que estar ausente e esquecido do conto do 21st ou 21th September, coño!

Venho só penitenciar-me (já me flagelei como é devido) e, sobretudo, casaco, gabardina, capote alentejano (hehe) dar-te, em meu nome e no da ocupadérrima Lola um enorme abraço de parabéns, atrasado mas... e daí? E desejar-te muitos e inesquecíveis September 21st, 21th e mais ainda.

Depois virei ler o post, mai-lo anterior, e botar comentário, que o tempo agora escasseia, coitado.

Vá lá, só me atrasei 4 dias e picos... por curiosidade, a senhora que me trouxe ao mundo teve o seu aniversário a 23.

Outro abraço apertado.

Lizzie disse...

Alien:

já que, ainda convalescente desta maleita pulmonar, passei por aqui, deixa-me dizer-te que nunca estás atrasado.

E mais, olha que não sou Jesusa Setembrina que aprecie flagelações como penitência. Gosto mais de remissões destes pecados através do sacrifício de um bom prato, um bom vinho, uma boa conversa, um bom whisky, um bom gazpacho, um bom sofá,...

Deixemos que o estômago chore, na companhia da vesícula (para quem a tenha),os maus estares das almas.

Também não te vou dar pontapés. Vou reservá-los para certa entidade espanhola que, tendo-me acompanhado ao reino das batas brancas, teve o desplante de dizer que ando a fumar quase tanto como fumava.
Já não pode uma pessoa doente, em convalescença, mentir ligeiramente e à sua real vontade.

Aventuradas as que nascem em Setembro. Já somos duas.
Não fora voltar para o sofá e fumar um ou outro cigarro, para além do racionamento, às escondidas, e contaria o peso que tem Setembro noutras paragens.
Um mês místico com deuses escondidos e doidos à solta.
Enfim, equinócioses:))

Toma lá um abraço e mais outro para a Lola.

Alien8 disse...

Como prometido, vim ler e saborear.
Pois, mi patatita albina (!), sempre guardaste "la plata"! :)

Pudera, há nascimentos desta conformidade, onde não falta praticamente nada, a não ser, muitas vezes, não se saber contá-los, coisa que aqui não acontece. Bom, também não esperaria outra coisa, confesso... não sei porquê, mas tinha de ter sido assim, uma confluência de acontecimentos incríveis e variados presságios...

Essa convalescença, já que fas no assunto, vai mesmo ser acelerada com um bifinho, pois... parece que sou bruxo! :)

Um abraço.

Alien8 disse...

* errata: (comeram-me umas letras, e nem sequer foi na sopa): "já que falas..."

Arábica disse...

Neumónica, Senhora? A virulenta peste que nos mata cordeiros e dizima rebanhos? :))Longe vá o agouro, que muito desejo conservar ainda no colo por muitos e bons anos o cordeiro, que tira o pecado do mundo :))e afagá-lo como se de leão se tratasse!! :))

Já de camelos não gosto tanto, não Senhora :) talvez de tanto mundo percorrido, em vidas passadas, no seu dorso ou simplesmente porque cheiram muito mal os desgraçados, sendo chamariz constante de moscas e outros insectos, que como rainha e maga, observo, com asco :))

Nada como o início de um ano lectivo para nos lembrarmos do equinócio, mas muito grata ficaria se pudesse ler através da sua graça, a passagem do mesmo, noutras latitudes e de forma mais pagã, espero eu :))


Também a 24 fui eu mãe, felizmente com mais recato que a senhora tua mãe. :))
Ainda assim, entre umas ervilhas com ovos e uma mousse de chocolate (esta última já degustada entre a primeira e a segunda contracção)e uma ida a correr à basilica da estrela, a rapariga nasceu-se-me assim a modos que a correr, não dando tempo à medica de abotoar a bata branca. Continua assim, entrando e saíndo sempre a correr, feita furacão apressado com medo de atrasos no picar do ponto dos fenómenos intempestivos. :)

Resta-te seguir o conselho do Alien e vingares-te das meias luas voadoras num bom bife da vazia, ingredentiado qb e a teu gosto de forma a que não saiba a bifana :))

Volta rápido e sem antibióticos para podermos festejar a rigor alcoólico, nascimento e a desejada ressurreição :))

Besos

Arábica disse...

Passo só para dizer que hoje no meu blog tens olhos azuis. Não interessa nada que não estejas.
Não importa quando lerás.
Parece-me a bem dizer, que terás sempre olhos azuis :))

o Reverso disse...

Senhora,

esta semana tenho-me apercebido,
por já o ter lido aqui e ali, que ter olhos azuis deve ser algo de bom.

por que os meus são de um castanho escuro não sei se irei pensar nisso quando me deitar e, se preocupado, irei ter dificuldade em adormecer.

...e, nem um limãosito tenho em casa, que, com uma limonadasita (não sei se estes enormes diminuitivos levam "s" ou "z"), mas uma limonada sempre me ajudaria a descontrair e a adormecer.

sim, porque

o meu pc hoje parece estar a aquecer mais que nas outras noites e faz aqui no meu canto um calor bastanre desagradável.

o Reverso disse...

Senhora,

desculpai voltar aqui: venho somente informar que passei agora mesmo pelas pequenas doses da Arábica e já estou esclarecido sobre o azul dos olhos.

boa noite.

Anónimo disse...

mas



a senhora tem os olhos


verdes


mto verdes

Anónimo disse...

aqui!!!!!

Lola disse...

Lizzie,

Maravilhosa sequência de fotografias e relatos dos teus últimos momentos no colo da tua Mãe e a tua estrondosa chegada ao Mundo de cá.

Lindos os olhos com que nos olhas.

Milhões de beijos

Lizzie disse...

Aliencito:

Ai que fome do bife. Até fui logo petistar à tua casa. Cada vez que lá vou engordo cinco quilos fora os que a balança, enfim, atacada de compaixão, esconde.

Qualquer dia boto retrato mais detalhado de algumas personagens, cuja "plata" protegeu até avançada idade, apesar das desmesuras.
A mim, não sei quantos anos la plata me dará ainda.

Além destes presságios houve outros que nem me passavam pela cabeça quando nasci.Esses foram, embora remotamente, mais ligados à pedra.

Assim que tiver um bocadinho já conto.

Abraço bem temperado:))

Lizzie disse...

Arábica:

agradecida pelo olho azulinho.

Pelos vistos ainda não foi desta que que o rebanho perdeu mais uma ovelha pois que continua a tossir ainda que não de forma a fazer fugir o pasto.

Onde é que já se viu uma ovelha comer gambas?

Pois sete vezes os pastores perguntaram à ovelha o que lhe apatecia e num balir rouco, sete vezes ela respondeu gambas, camarão, camarão, gambas acrescentando cogumelos salteados.

Por influência de um Extra Terreste, agora pede bifes.
Oh, fabulosa história da ovelha omnívora.

Não teria a tua filha a imortalidade mais garantida se tivesse nascido em plena Basílica da Estrela?

Quando arranjar um bocadinho já conto dos Setembros e presságios a ele ligados.

Até lá, não desdenharia um pão de Deus misto, sobretudo a parte do coco.Muito coco:))

Ai que falta me faz a sesta para ressuscitar melhor...

Lizzie disse...

Estimado:

Que o limão não lhe falte, que o limoeiro que tenho na minha morada está cada vez mais parecido com um coelho hermafrodita.
Ontem caiu até um limão que parece fenómeno do Entroncamento do grande que se fez.
Não fosse eu, nestas coisas, altiva e inscrevê-lo-ia no Guinness.

Pois que não me parece que ter olhos castanhos escuros deva tirar o sono a alguém. Normalmente são dotados de grande profundidade.
Repare que verdes ou azuis têm um maior descaramento no olhar.

Espero que o seu computador perca os acessos de febre. Agora que parece que o tão desejado Outono está a chegar.
Nem imagina o cansaço que a febre do sol me tráz. Já é tempo de o Universo e sobretudo o hemisfério norte irem tomando uns anti-piréticos.

Os meus frescos respeitos.

Lizzie disse...

Ay, Mi Patatita Lola:

Ai, coitadinha da minha mãe, que ainda se lembra do combate de boxe que lhe pratiquei nas entranhas. Que parecia que tinha o diabo na barriga. Até começou a desejar que a professia da gigana Maricarmen desse certo, com ou sem encontro da lua com a estrela.

E vê lá tu que se lembra que uma prima, que devia estar com gripe B ou C, H3N4, disse que eu tinha voz de contralto. Espantosa a versatilidade do ouvido humano.

Obrigada!

Milhões de beijinhos sem contágio:))

Lizzie disse...

Anónimo Rectificativo Acho Que Conheço:

Veria Sherlock Holmes que a referência a olhos azuis vem de um prémio com olho da mesma cor referido no blogue "Em pequenas doses".

No que à nascitura se refere, pués coño, dá igualita la color, aquí en blanco y negro, no?
Entonces, hasta viernes:))
A ver qué sale:))

Abrazos

Arábica disse...

Ai Lizzie,

inspirada na Basilica, isto mais parece festim de salão paroquial: ele são ervilhas, gambas, camarão, mousse de chocolate, pães de deus, bifanas desenxabidas, cogumelos salteados, cordeiros e ovelhas, una patatita albina e por fim, o bife do Alien :))