quinta-feira, 23 de abril de 2009

Por ter ouvido, hoje e quase todos os dias, que não sou, felizmente, surda, conversa complicada, novelesca, como que embrulhada em papel de jornal e suspirada entre duas senhoras com maridos corriqueiros na tradição, mas a sonhar com cavalheiros postiços de telenovelas, segue a propósito

Guinness dos amores imaginados



Estava eu refastelada no sofá a ver, sem atenção alguma, a rotina noticiosa e enfadonha do Tele Diário, quando ouvi que Corín Tellado se tinha finado, aos oitenta e alguns anos.
Espantei-me e espevitei da letargia sobretudo porque pensava que a senhora, de tão residual e dinossáurica me soar, já tinha falecido, eventualmente, várias vezes.



Nunca, e mesmo nunca, nem na naturalmente escondida adolescência, li nada que tivesse escrito porque nunca me seduziram as histórias de amor vocacionadas para a utilidade do lençol e renda do enxoval, olhos de “carneiro mal morto”, beijos com pôr do sol ou lua cheia à beira mar como cenário paradisíaco. Sei lá se por mau feitio ou exigência de criatividade.




E, já agora, ao folhear fotonovelas, logo os meus olhos rejeitavam os cortes de cabelo arrumados e rígidos de laca e as poses estereotipadas em categorias como a patente ansiedade, desgosto, expectativa e paixão assolapada sem esquecer as cabeças juntas a ilustrar a palavra FIM.

Parece-me que fiz mal, já que Vargas Llosa, tão recorrentemente chamado a emitir opinião, rivalizando, lá e nos tempos que correm, com Saramago no patriarcado do saber, em assuntos que vão desde o preço da batata para assar ao índice Dow Jones, lá apareceu a garantir tratar-se de uma grande senhora das letras espanholas.

Grande em retratar antropologias sociais do amor




e enorme em produção, chegando mesmo a entrar, e sem esforço de feijoada em inauguração da Ponte Vasco da Gama, para o digno garante de proezas que é o Guiness Book.
Vem logo a seguir ao Cervantes e Lope de Vega e só porque estes são, ou eram, obrigatórios, nas escolas.

Não estando interessada nas diatribes do desporto rei, em zapping, aparece-me a dita escritora, ainda em estado vivo, em última entrevista.

Não tivesse eu ouvido, de voz clara e sonora, que nunca se apaixonou, nem amou verdadeiramente, nem sentiu necessidade de tais estados na sua longa vida e teria zappado outra vez. Mas enfim, coscuvilhice é coscuvilhice. Raridade é raridade.

“Não tem problema nenhum escrever sobre o que não se conhece”, coño guapa, não inventou o Júlio Verne tanta aventura sem sair de casa?

Ao menos ela, nem que fosse na padaria e nas revistas cor de rosa, ia buscar mote para as prosas. E em fecundidade de inspiração, nunca ninguém a convenceu não se tratar de um clone de Balzac.

Fiquei a saber que começou a escrever porque sempre achou que dar produtos de sonho às mulheres pobres e infelizes era uma espécie de terapia para dias de destino invariável.
Localizou as suas intrigas, na alta sociedade.
De vida em subúrbios com homens orgulhosa e masculamente suados, de bofetada embebida em álcool, este já era enredo sem surpresas que as espanholas de norte a sul estavam fartas.



Nada melhor que vidas imaginadas de ricos, bonitos, famosos e distantes para entreter os pobres.



E nada melhor, também abrangendo as ricas reais, que atenção e ternura para lhes mostrar as bestialidades que tinham em casa. Híja mia, se só comeres carne nunca saberás o sabor do peixe. Conhecendo-os, podes fazer o gosto ao paladar. E ver a solidão em que vives, que a companhia não se compra nem se joga na bolsa.


Mais foi dizendo que nunca acreditou no amor eterno, mas sim no respeito e admiração mútuas. E confiança solidificada pela prova dos anos em comum. Sem isso, ay híja, basta ir ao cabeleireiro da esquina, para ver a realidade das famílias felizes.



Perdeu todos estes ingredientes na sua relação conjugal, quando o marido, à semelhança de tantos outros maridos de outras tantas mulheres, anos fora até hoje, inclusive, não aceitou o facto de ela ganhar mais que ele.

Se fosse portuguesa diria que tinha descoberto, na impossibilidade de cumprir o seu sonho de ser repórter de guerra, a árvore das patacas. Sendo asturiana usou expressão que me escuso de botar aqui por tão… enfim, por ultrapassar a comparação gastronómica.

E cedo ficou multimilionária. Logo após o segundo livro e depois ao ritmo de dois livros por semana, cinquenta ou mais páginas por dia, com finais felizes de casório obrigatório e longamente preparado, antes da morte de Franco



e do saltitar desvairado e compulsivo nos três ou quatro anos após o enterro.
Assim, num caso e noutro, mandavam os editores espanhóis a bem do politicamente exigido e correcto.
Para países sem sobressaltos, seguia texto menos acentuadamente bipolar. Coño, outra vez, se antes a censura proibia que as mulheres tomassem a iniciativa de dar beijos, depois era obrigatório follarlos primeiro e beijar depois. Pediam-lhe a inversão do sentido anterior: primeiro sexo, depois afecto.




Foi por estas condicionantes que, acha ela, se tornou mestre na arte da subtileza e da manha, ou seja, na de compor os argumentos como queria que fossem compostos, escapando às malhas das diversas imposições.

Coisa que dado o seu temperamento assumidamente frio e calculista não lhe custou nada, apesar de ter o benemérito nome de baptismo Socorro, que tem diminutivo de Socorrín podendo ainda ser abreviado para Colín.
Garante que foi a primeira escritora ( talvez em Espanha, digo eu irónica), a pôr as mulheres ao volante, a verter álcool para dentro do seu próprio copo e a acender o seu próprio cigarro.


Para se distrair da função literária, escreveu baixo pseudónimo de que não me lembro, vários folhetos pornográficos também imbuídos de algum didactismo, para mulheres (e homens) de fraca ou retraída imaginação. Diz que se vendiam, às escondidas, como calamares e que ensinaram às mulheres a palavra proíbida no corpo e no espírito: orgasmo.


Acaba por dizer que as artroses, a gota e a diminuição da função renal lhe impedem a escrita tão produtiva quanto a sua imaginação. Vira-se de frente para a câmara e diz-nos olhos nos olhos, que não é estranho, sendo velha como é.

Ainda de olhos descarados e fixos e à laia de confissão, diz que acha alguma da sua obra francamente enjoativa, mas alguém tinha que a fazer. Que muitas mulheres, ao longo do tempo, e agora por mail, lhe escreveram a agradecer as horas de descoberta e evasão.

Vira-se para a entrevistadora, boceja, pergunta se já chega, diz que está cansada, a jornalista agradece, desaparece a imagem, é substituída por uma espécie de cortina lisa cor de rosa em que surgem letras pretas:

Colín Tellado
Astúrias, 25 de Abril de 1927-11 de Abril de 2009

Levantei-me e fui fazer chá. Por trabalho, tinha, ainda uma meia hora, para reler umas passagens do De Profundis de Oscar Wilde.
Lá, fora todo o mundo,suponho, continuava no seu passo.


Entardecia em Madrid. E acendi a luz.

34 comentários:

Arábica disse...

Lizzie,

li um ou dois, na minha necessidade compulsiva de ler todos os dias. Tinha 11 anos, era Verão e foi durante um fim de semana, em casa de umas primas. Quando a minha mãe soube, proibiu a prima de me emprestar tais livros. Quanto muito, o John Chauffeur Russo, do qual não guardo memória.
Da Corín, lembro-me exactamente do cigarro e que as mulheres já conduziam, saíam à noite e que os homens tinham olhares frios e lábios cerrados. Brinquei durante muitos anos com o conceito "Corin Tellado" quando a história raiava assim o dramático. :)

A minha prima (prima do meu pai) leu-os durante toda a vida. Nunca fumou, nunca conduziu, mas quando o marido chegava, ao fim do dia a casa, sorria-lhe assim de forma sedutora, rosto ligeiramente para trás e eu quase jurava que ela tinha saído, de uma capa desses livros...

Um beijo, bom fim de semana.

Lizzie disse...

Arábica:

não tenho, como tu, essa localização exacta das coisas no tempo.
Para mim os factos andam a vagar no espaço como os planetas:))
Ando sempre a perguntar à minha mãe e a outras pessoas que idade tinha quando isto ou aquilo:) Uma desgraça!

Mas lembro-me que, em miúda, gostava de livros de aventuras e lendas, sobretudo inglesas e nórdicas.

Na adolescência saltei logo para pesos mais ou menos pesados.

Tanto num período como no outro,tinha pouco tempo disponível: entre aulas de dança (depois já em estágio),os estudos normais, corridas de bicicleta av. de Roma acima e abaixo e disparates, sobravam fins de semana e férias. Aí,sim, lia muito.

Quanto à tua prima, se calhar não era só dos livros da Colín Tellado. Durante muito tempo, as meninas e as mulheres eram ensinadas, até pelas revistas femininas modalidade Modas e Bordados,Clube das Donas de Casa com extenção mais plebeia na Maria, a agradar e a serem submissas face à vontade masculina.
Claro que eram consideradas o elemento estável. Eles o móvel.

Isso passava, claro pela sedução contínua para que os homens não "fugissem". Aliás,quando fugiam, a culpa era sempre de quem não os sabia "agarrar" ou das impuras. Deles nunca:)

Ainda hoje ouço essa filosofia das "mães de Bragança" quase todos os dias.:)

Besos, bom fim de semana para ti que o meu vai ser de trabalho. Ai, ai...

Lola disse...

Lizzie,

Corin Tellado, nem mais.

Não tenho memória dela ou do que escrevia.

Eu era mais a Ilha do Tesouro.

Mas a tua descrição é fabulosa, deu-me vontade de ter lido pelo menos uma novelazita.

Beijos grandes

Emma Larbos disse...

Lizzie,
Já que está toda a gente a confessar se lia ou não a Corín Tellado, sinto-me compelida a fazer também a minha confissão. Nos tempos da infância e da adolescência eu lia compulsivamente qualquer coisa que me aparecesse à frente. Os meus livros, os das bibliotecas, os da família, os dos amigos. Tudo. Assim, li mais ou menos na mesma altura - lá pelos 10 anos - as colecções inteiras da Enid Blyton (Cinco, Sete, Uma Aventura, O Colégio das Quatro Totrres, etc.), O Avarento de Molière (seguido d'O Senhor de Pourceaugnac), os Infortúnios da Virtude do Marquês de Sade (sim, leste bem, não tenho culpa que me tenha vindo parar às mãos) e quilos de Corín Tellado.
Confesso: conservo gratas memórias da senhora (nesse tempo pensava que era um senhor). Os heróis industriais trintões iam ao aeroporto buscar as filhas dos sócios que tinham visto partir para o colégio na Suiça gordas, de óculos e aparelho nos dentes e elas voltavam curvilíneas, sorriso dentífrico e miopia curada. Apaixonavam-se loucamente por elas mas elas só cediam depois de eles admitirem que já não as viam como crianças. Quando comecei a sofrer de miopia eu própria, convenci-me de que aos 18 anos ficaria curada e que ao mesmo tempo seria prendada com tais curvas que teria facilmente um idustrial trintão aos meus pés. Assim, devo à Corín ter ultrapassado a adolescência sem excessos de complexo de imagem. Afinal aos 18 anos os industriais trintões já não estavam na moda e a miopia acabou por se resolver com lentes de contacto.

(Aproveito para apresentar os meus cumprimentos à senhora tua avó, que antes não pude, e para a acrescentar ao ficheiro daquela famosa saga que um dia secretariarei).

so lonely disse...

A minha tia avó, com quem eu estava a ver as notícias quando falaram na morte dessa senhora escritora garantiu-me que (ela andou por terras dos states americanos), garantiu-me que o filme Sabrina (com a Audrey Hepburne e dois actores cujos nomes não me ocorrem e não me apetece estar a puxar cá para fora, foi baseado embora isso não tenha sido do conhecimento público, em escritos de C. T.
Como ela o sabia desconheço mas se me lembrar ainda lhe pergunto.

E agora só quero acrescentar que estou deslumbrada com o seu post.

Miguel Batista disse...

ola lizzie!!
passo so para dar um oi
ainda nao li o teu ultimo port mas tratarei de o fazer em breve.
quanto ao ultimo, infelizmente nao conheci os meus avos que devia ter conhecido, os que conheci, nunca me trataram la muito bem....porem felizmente tenho uns pais excelentes que embora ja nada novos, e de geraçao mais antiga sempre tiveram uma mentalidade livre de complexos e preconceitos.... isso vale por tudo

dark kisses

Alien8 disse...

Lizzie,

Sou virgem. De Corín Tellado, sou. Excepto das capas de livros que estavam bem destacadas nos quiosques de jornais, revistas e tabaco.

Mas, em contrapartida, li, muito novinho, fotonovelas brasileiras, revistas como "Capricho" e "Grande Hotel"... Não seriam a mesma coisa - para já, eram à base de fotos, assim como um cinema estático que o próprio leitor ia movendo... Lembro-me de que os homens se chamavam quase sempre Fábio ou Rogério, as mulheres Tânia e Carina, mas havia algumas variações... e o cenário tanto podia ser de luxo como proleta, ou até ambos na mesma fotonovela.

O Mário Vargas Llosa, enfim, parece que lhe aconteceu o mesmo que ao Peru... (cf. "Conversa na Catedral":) Mas isso não lhe tira o mérito do que escreveu, já que qualquer um tem direito a dizer os disparates que bem entenda sem que isso lhe belisque a qualidade da obra. Incluindo o Saramago. Ou o Jorge Luis Borges...

Não posso deixar de me perguntar se o marido da senhora não se escapou por via de enjoo, considerando o retrato que dela traçaste, através do qual a fiquei a conhecer a título póstumo.

Acerca dos folhetos pornográficos, desconhecia, mas não me surpreendem, são até assim como o reverso da medalha...para não dizer a mesma face. Mas diz-me lá: os calamares vendiam-se às escondidas, coño??? :)))

Grande post, só senti a falta das imagens...

Um abraço.

Lizzie disse...

Lola Patatita:

Depois de ter visto a entrevista, também eu tenho pena de nunca ter lido nada escrito pela criatura, tanto mais que acho que se deve conhecer tudo para se poder emitir opinião.

Esqueci-me de dizer que tive uma fase da ficção científica.:)
Já não me lembro a que propósito mas deu-me a veneta de ser cientista virada à física:)

(Quimica é que nunca. Só de me lembrar da tabela periódica dos elementos, fico com a vesícula a vazar para o centro do estomago:))

Ficou-me. Ainda hoje adoro livros de divulgação da coisa. Carl Sagan? Todos e mais alguns:)

Depois tive a fase da História e das biografias.

Grande beijo.

Lizzie disse...

Emma MÍA (pensávas que já me tinha esquecido da lição?)

Degeneradas!
Também li o Marquês de Sade muito cedo:)) Adorei os Infortúnios! Realismo intemporal:)
E adorei o Colégio das Quatro Torres.

Também ia às bibliotecas (nomeadamente à da Gulbenkian). E às trocas. E lembro-me de juntar dinheiro para comprar os livros RTP e os de bolso da Europa América.
Também li, com a restante "família pequena" um pornográfico e com profusas ilustrações.

E lembro-me de um que ajudou, além dos castigos empáticos como esfregar corredores com esfregão de arame ou lavar carradas de loiça,à formação: Humilhados e Ofendidos de Dostoievky.

Deste aqui um excelente resumo da temática da Corín.

Na interessante entrevista,ela justificou a razão de todos esses enredos. Uma delas, como digo, é exactamente a auto estima.

Se ela era tão up-to-date, os industriais terão sido subtituídos por quem?:)

Olha que a saga ainda não acabou! São tantos...

Lizzie disse...

So Lonely:

escrevo-lhe com a sensação que já lhe escrevi noutra vida. Uma questão de criatividade sua, sei lá:))

Não me espantava nada que a sua tia avó tenha razão.
Pois eu cá, além da Sabrina, ouvi dizer que também no Breakfast at Tifanny´s se fizeram umas alterações ao livro do Truman Capote quando transposto para guião cinematográfico. Tanto quanto sei, foram muito ao jeito da Corín T., a pedido das bilheteiras.

Também andei pelos states e devo-lhe dizer que a senhora marcava presença em todo o lado, desde livrarias até supermercados.

Os meus agradecimentos.

Lizzie disse...

M Angélus:

Ninguém escolhe nem pais, nem avós que lhe calham na rifa.

Essa coisa das gerações tem o seu quê de inesperado. Por acaso as pessoas de mais idade na minha família (já estão quase todas mortas) eram bem mais abertas que a geração que veio a seguir.

Uma prima avó que morreu o ano passado ( com 80 e tal anos), ia para a Brasileira do Chiado e adorava ver os jovens de cabelos às cores, vestidos com "excentricidade". Dizia que, finalmente, Lisboa se estava a tornar numa cidade com cor. E mais dizia, que os jovens de hoje, sobretudo os ligados às artes, eram muito bem educados, mais saudáveis de cabeça e menos sonsos do que os do tempo dela.

dark kiss

Lizzie disse...

Alien:

Pois que também apareceu um comentador a elogiar o grafismo e as poses das fotonovelas. Com gráficos e tudo.

Pelas razões que apontei, folheava mas nunca li. depois de adulta e mais "instruída", continuo a achar que continuavam presas, as poses, a teorias de teatro que já não se usavam desde os anos vinte/trinta.
Mas quem sou eu...

Como escritor gosto do Vargas Llosa. Admiro a inteligência metafórica do Pantaléon y las visitadoras ou da La tía Júlia e el escribidor. Imaginação e senso de humor.

Agora, não se pode negar que é (são)o comentador do regime, sobretudo em termos de televisão pública e outros meios de comunicação afectos.

Quando foi desta última guerra israelo-palestiniana, disseram coisas que, concorde-se ou não, não correspondem à verdade. Mitos inquisitoriais transpostos para o séc. XXI e muito parecidos com argumentos da extrema direita.

Aliás, são um bocado autoritários. Não dizem "eu acho que..." mas "é" ou "não é", como se fossem detentores da verdade absoluta.

Vejo-os pouco, mas a opinião dos meus espanhóis e de outros, é que já não os podem ouvir. Volto a dizer, concorde-se, ou não, com o que dizem.

Quanto a calamares, olha, deve ter sido má radacção minha:)
Não são, nem nunca foram proíbidos, mas desde miúda que não há sítio de tapas onde não apareçam e sejam comidos:))

Por acaso, na entrevista, não percebi bem se foi ela, ou o marido, que pediu o divórcio. Pareceu-me um bocado confusa. Mas lá que se fartou de dizer mal do homem...:)
veio a propósito de ela achar que as mulheres ainda não se libertaram. Só o farão quando for absolutamente indiferente quem é chefe no trabalho, quem ganha mais, quem trata dos filhos, quem lava a loiça.

Deu um exemplo: se uma directora de qualquer sítio (ou política) casar com um empregado de balcão, toda a gente se espanta mas se o director casar com a secretária, já se acha mais normal.

Abraço.

Emma Larbos disse...

Os industriais terão sido subtituídos por quem ? Bem, na minha fase de fresca juventude eram os yuppies mas oiço dizer que também já não estão na moda. Tenho pena. Não consigo esquecer-me do Mickey Rourke nas Nove Semanas e Meia. Só espero que a moda actual não recaia sobre os lutadores de wrestling ! Cruzes, credo !!!

Lizzie disse...

Emma:

por via da minha ida muito próxima e inesperada, a terras de Sua Magestade Elizabeth the Second, estou com uns diabinhos pendurados nas pálpebras a ver se conseguem fechar as cortinas mas, mesmo assim,ainda me consigo lembrar que

nada, mas nada, está mais fora de moda que os yuppies. Esquece, portanto, o Mickey Rourke quer em versão nova quer em mais idosa.

Como sempre, em alturas de crise, a modalidade vai para o herói romãntico: mais empregado que empregador, sem profissão identificável.
E para o aventureiro sem passado nem futuro. Homem de aparência Marlboro que, vindo de parte nenhuma, salva, e parte sabe-se lá para onde. Fica a dama com a recordação do seu salvador vagamente niilista e... faz-se à vida. Agora já trabalha:))

(credo, pareço uma estilista a explicar a colecção:))

Eu quero o Johnny Depp. Vou escorregar no passeio e quero que o Johnny Depp, já com juízo, me levante. Depois pega-me ao colo, enquanto eu me esforço por desmaiar, leva-me desfalecida para o banco de jardim, eu acordo e... seremos felizes para sempre. Ámen.

ps- o Depp, entretanto, já tinha desistido de ser actor de cinema. Desiludido com a indústria, dedica-se, inteiramente, ao estudo da literatura inglesa e vive, afastado do mundo vão, numa cabana do Massachusetts. À beira de um lago. Ou de um rio.:))

Emma Larbos disse...

Ah nem me fales em heróis românticos, aventureiros, inconformados e desalinhados! Esse sempre foi o meu príncipe encantado. Lembras-te da série "Homem rico Homem pobre" de há muitos anos atrás? A minha irmã apaixonava-se pelo homem rico e eu sempre pelo homem pobre, com aquele belo barco, os cabelos louros despenteados e o mundo todo à frente.
Deixo o Depp para ti, não gosto muito do tipo físico. Dos actuais escolho o Jude Law (os louros sempre me seduziram).

Arábica disse...

Lizzie,

os dois exemplares de Corín Telado, foi assim entre a Enyd Blyton (que saudades das aventuras dos cinco e das gémeas!!) e a que depois me veio seduzir pelo oriente: Pearl Book. Depois disso, entreguei-me de alma e coração a máximo gorki e a emile zola :)
Sem falar nas incursões por Júlio Diniz e Almeida Garrett-obrigatórias.

Isto até aos 15.

Depois chegou Fernando Pessoa e Florbela Espanca e viraram tudo do avesso.

Associo com muita facilidade, acontecimentos, anos e as diversas fases que vivi.

A bicicleta, por exemplo, foi só com 10 anos, numa fase em que estava menos gorducha e em que as botas ortopédicas eram trocadas por ténis, 3 vezes por semana.
Nessa fase, o Colégio de Santa Clara, parecia-me de longe a minha escola de sonho! :)
Desde que me enviassem "Belinhas" e montes de bolachas de baunilha, claro! :)

E a colecção Brigitte, ninguém leu?
Isto é, Odette de Saint Maurice?
Entre os 10 e os 13, salvo erro...
Um pintor, Olivier, a sua jovial mulher, Brigite, e os rebentos que ao longo dos vários livros iam nascendo e crescendo.
Até já serem avós.

Quanto ao primo, marido da prima, era um marido exemplar, amigo e dedicado à familia.
Achava imensa graça ao fascínio que a mulher tinha por aqueles pequenos livrinhos. Era ele que os levava para ela, comprando à meia dúzia.

E levava também rebuçados e bombons.

:)

Beijinhos, ainda a fazer a digestão das ervilhas com ovos :)

Arábica disse...

Emma,


eu também escolhi o pobre.


Era tão tão!!!! :)

Lizzie disse...

Emma:

se te fartares do Jude Law, não deites fora que eu sou mulher de esforçar desmaio para os dois. É lindo e fotogénico.

A propósito ainda hei-de botar post sobre a rainha do desmaio ensaiado.

Não vi essa série, mas sei que foi muito importante e inovadora em termos técnicos. Lembro-me de ter ouvido uma conferência sobre isso.

De qualquer forma, podes ficar com o Nick Nolte. Sou mais Peter Stauss mas de camisa aos quadrados à beira de um riacho, OU a sofrer de melancolia ( mas corajoso, com o futuro à frente) metido num barco num laguinho espelhado do Massachusetts. Deve ficar bonito a fritar tiras de bacon e ovos ao pequeno almoço. E a preparar os baked beans. As desmaiadas não podem cozinhar:)

Podem é ficar sentadas no sofá a conversar com o Depp, o Jude Law, o Strauss e o Kevin Spacey que agora, assim de repente, não me lembro quem mais possa bater à porta.

A mim sempre me fascinaram aqueles heróis solitários e desalinhados que via quando andava em digressão: muito asseadinhos, bem educados, calados e sózinhos. Têm trabalhos mais ou menos braçais durante o dia e à noite vão a tudo quanto é música, dança, teatro, cinema e nas horas de almoço, pegam no seu pocket book que até pode ser o Ulisses do Joyce.

Parece cinema, mas existem mesmo.

Lizzie disse...

Arábica:

Dos portugueses os que mais li, se bem me lembro, foi o Eça de Queiroz e o Camilo. O Bernardim Ribeiro e outros de escrita "musical" andaram comigo, mesmo além fronteiras, durante anos.
Também li o Raúl Brandão quase todo. E a Maria Judite de Carvalho mais o Jorge de Sena.
Assim de repente não se me ocorre mais nenhum.

Sempre fui mais de prosa que de poesia. Esta só a corrosiva seja virada para o interior ou exterior.

Da Florbela, olha, nunca gostei. Prefiro as Cartas de Soror Mariana Alcoforado:)Adoro.

E da Odette Saint Maurice acho que nunca li nada. Não me lembro mas acho que não.

Russos? Dostoievsky e Gogol sempre com um bocado de Tolstoy.

Com pena minha não comi ervilhas com ovos. Meti uma pizza no forno não sem antes lhe ter acrescentado corações de alcachofra, anchovas e pickles.
Tenho ideia de a ter comido bem tostadinha. Meia a dormir porque não lembro de coisas que me disseram:))

Emma Larbos disse...

Não vos conto o que li porque perco a conta.
Arabica, sem me permites uma pequena correcção: a série Brigitte não é da Odette de Saint-Maurice!!! Sorrio da tua confusão porque tem todo o sentido. A Brigitte é de uma autora francesa cujo nome agora não me ocorre e a Saint-Maurice é portuguesíssima, casada com aquele senhor que era frade e agora canta o fado (como é que ele se chama?) e praí avô das manas Medeiros (as do maestro), se a memória não me falha. Sorrio - dizia eu - porque tanto os livros da Brigitte como os da Saint Maurice, que li todos, pertenciam a um mesmo universo de literatura juvenil tipicamente Antigo Regime, supostamente pedagógica e formativa da juventude, transmissora dos bons valores da família, em que as mulheres não trabalhavam, eram dedicadas ao lar e aos filhos, apoiantes incondicionais dos maridos. Tinham sempre uma caterva de filhos. Os pobrezinhos eram sempre muito conformados e bonzinhos e agradecidos pelo bem que os patrões lhes faziam, havia sempre um padre amigo da família e a coisa toda, no seu conjunto, era politicamente correcta (para a altura), bafienta e deixava-me cheia de complexos e a pensar "eu nunca conseguirei ser assim tão boazinha". Isto na idade - pelos 12, 13 - em que eu ainda achava que tinha uma certa obrigação de ser boazinha. Depois passou-me.

Arábica disse...

Quando referi o que li,era só para verem a confusão que ia na minha cabecinha :)



E por confusão: quem teria escrito a Brigitte?

Lizzie disse...

Emma:

O Frei Vicente foi o 2º marido da Odette de Saint Maurice. O 1º era um conhecido pediatra da Alfredo da Costa.

Tanto quanto sei,o romance deu grande escandalo na altura, tanto mais que se tomaram de amores em Fátima.

Foi de sentido inverso a um outro romance com pessoas conhecidas no meio do fado aristicrático: havia um senhor que se apaixonou por uma fadista, ainda sua familiar, e desiludido, virou frei e cantor.
Curiosamente, nasci, antes do tempo e por isso ali, na casa ao lado, onde este drama passional se desenrolou.
A mãe desta fadista, tinha, para mim, uma das vozes mais expressivas da história do fado.

(estou a puxar tanto pela memória coscuvilheira que já está a transpirar)

A história da família da D. Odette é muito confusa, mas dizia-se que era fruto, por sua vez, de paixão entre o clero e a burguesia "brasonada" do tempo de D. Miguel.

D. Odette era sogra do maestro António Vitorino de Almeida que por sua vez é pai das manas Medeiros, sendo o maestro filho de uma senhora virada a cantora lírica chamada Amélia Goulart de Medeiros.

Esta senhora frequentava umas tertúlias musicais, onde, vê lá tu, marcavam presença uns senhores e umas senhoras que tinham a mania que eram tocadores de jazz, familiares de outra senhora que, de vez enquando dizia, NÃO ESTOU DE PALAVRA e da donada casa dessas tertúlias.

Tal criatura nunca teve a vontade de ser boazinha, não senhora. Casou várias vezes mas nunca teve vontade de ter filhos. Por acaso teve um, já em idade muito tardia para o efeito, que morreu na Guerra Colonial.

Deixou, em testamento,com a concordãncia dos familiares, a tal casa ao Estado português para dali se fazer um museu da música ou uma escola para tal vocacionada.
A residência estava cheia de documentação em pautas e instrumentos. Um piano e um violoncelo eram a minha paixão, cá por coisas.

A dita morreu, salvo erro, em Dezembro de 74. Deve ter sido nesse mês porque é nele que morre quase toda aquela família.

Por confusões da época, não se chegou a cumprir o testamento. Um dia a casa apareceu despojada do património. Serviu para outros efeitos e agora... está em ruínas.
Mesmo que aos sucessores saísse o euromilhões, não lhe podiam dar o destino didáctico-testamentário que gostariam porque pertence ao Estado.

Só sei da história do piano e do violoncelo, mas não vou contar porque não é bonito ir para o avião de olhos inchados. Ainda se pensa que estou com gripe.
Sou coscuvilheira, mas discreta.

E mais digo que nunca li nada da da Brigitte.

Se alguma vez tive vontade de ser boazinha,não me lembro.

Talvez seja da exaustão da memória.

Arábica disse...

:)


boa viagem, Escritora de mão cheia de memórias e viagens -em violoncelo, discretissimo.


Um beijo

tolilo disse...

A minha tia Ligia adorava livros da Madame de Ségur.

Lembras-tre deles, tia Lizzie?

so lonely disse...

lizzie,
à falta de novo post voltei a ler este, os dois abaixo e escutei a conversa qua aqui se disse.
encolhi-me a um cantinho e não falei. escutei...

irei passar pelas casa das pessoas que aqui estiveram e, estou certa, vou gostar.

quanto a Corin Tellado nunca li mas, na minha adolescência cheguei a deleitar-me (que ráio de verbo) com Luisa Maria LInares e Concha Linares Becerra.

e agora só mais uma coisa: (sem querer ferir susceptibilidades) lizzie, não acho gracinha nemhuma ao Depp nem acredito que ele fosse capaz de levantar alguém do chão e muito menos transportar esse alguém (a não ser que fosse um bébé de colo) fosse para onde fosse. já o Jude Law, que também não acredito fosse capaz de pegar em nós e levar-nos às costas mais de 5 metros, quanto a esse sim, faz parte do meu imaginário, esse arranjaria eu forças, ou levá-lo-ia num daqueles carrinhos de madeira com rodas,que os miúdos fazem para descer as ruas. até já me perdei, nem sei se a frase tem sujeito e predicado, mas também não vou voltar atrás para corrigir.

bem, gostei muito de andar por aqui.

farei as minhas visitas...

Haddock disse...

...

uii!! o que rendeu a corín tellado!!
decidamente, temos de ler a senhora.
sim, não penseis que somos só bd!!
ficai sabendo, lizzie, que - ainda em idade de triciclo - nos iniciámos na literatura com as fotonovelas da crónica feminina, instruídos pelas técnicas internas de manutenção do lar [então "criadas". sim, pois nossa progenitura só lia coisas sérias (muitas das quais encomendados pelo "círculo de leitores")]! só mais tarde descobrimos a "revista pirata" (das pastilhas), coleccionada pela irmandade (mais velha e que não nos ligava peva). muitos clássicos ficámos nós a conhecer por aí; recordamo-nos particularmente do "miguel strogoff".
mas as estantes — que não as da sala-de-estar — disponibilizavam enid blyton (que, ao que consta, detestava criancinhas), "colecção azul" e até o escandaloso "regresso a peyton place" (sequela de "peyton place", que nunca encontrámos por lá, mas cuja ausência também não comprometeu o domínio do enredo...).
como podeis ver, biblioteca de elevado gabarito!!
é óbvio que não lemos tudo. preferíamos ver (primeiro) os filmes ou séries e, posteriormente, as telenovelas. mas rapidamente percebemos que isso não nos diferenciava... então, e para impressionar os outros, de vez em quando lá folheávamos a "revista reader's digest": ohh lálá... o figurão que (não) se fazia com essa "cultura"!!

gratíssimos por estas nostálgicas reminiscências!

vénia...

Anónimo disse...

faça o favor de escrever um livro.

excelente.

Miguel Batista disse...

sabes lizzie, estamos a caminhar a passos largos para uma sociedade mais premissiva e liberal, com uma mente mais aberta, porem é com pena que muitas vezes reparo que é na minha geraçao e nas geraçoes mais novas que se concentram ainda muitos preconceitos, por vezes mesmo ate em coisas tao insignificantes como o que vestes, o que ouves, o que fazes, o que defentes. ja deviamos ter percebido que o gosto é uma questao pessoal e ha algo que se chama direito á diferença. todavia ha ainda quem pense que so eles se vestem bem, que ouvem boa musica, que defendem os ideais certos. porem enquanto nao apreciarem a diferença nao vao amar nada, pelo menos verdadeiramente, so se ama verdadeiramente a musica, quando entendemos todos os generos, mesmo que nao seja a nossa onda, so se podem defender ideais quando conhecemos o outro lado, e se continuasse a falar, nao sairia daqui. a nota que fica é que so temos a ganhar com a diferença,com a diversidade e com o contacto com estas, a cada experiencia nova aprende-se sempre mais, afinal de contas é impossivel aprender menos.
dark kiss

Lizzie disse...

Arábica:

foi boa a viagem, sim senhora.

Cada vez que lá vou, actualizo uma parte do sangue:)

Já conto.

Lizzie disse...

Tolilo:

diz à tia Lígia que me lembro de ter lido a Condessa, sobretudo as "Sofias", que era rapariga quase tão sesastrada como a tia Lizzie.

Se o menino comer a sopa toda, a tia Lizzie oferece uma colecção do Noddy.

A tia hoje acordou chantagista. Pergunta à tia Lígia o que quer dizer chantagista que a tia Lizzie vai responder às outras pessoas, tá bem?

Beijinhos

Lizzie disse...

So lonely:

respondendo ao de baixo sempre lhe digo que a avó era pessoa de força interior e exterior. Claro que há muita coisa que só se percebe quando somos grandes, ou seja, quando começamos a sentir na pele a humanidade das fraquezas. A lição que se pode tirar, é que racionalidade e "comando" não são necessáriamente sinais de frieza.


Quanto a cavalheiros, se calhar tem razão: melhor nos carregaria o desmaio o Stalone que o Depp ou o Law, mas aqui só para nós, a probabilidade de desmaiarmos à frente deles é capaz de ser mais pequena ainda que o seu desenvolvimento muscular.:))

Já agora, sempre lhe digo que já vi o Depp ao vivo e a cores e fiquei tão contemplativa que até se me varreu o desmaio. Além de o achar bonito, tem uns gestos quase baléticos e um carisma maior que o Obama.

A esperança é a última a morrer.

Passe por aqui sempre que lhe aprouver e sem se preocupar com concordâncias de sujeitos e predicados e outras.

Acha que eu (olha quem...) se vai preocupar com isso?

Lizzie disse...

Capitão:

fomos de nos rir com v. descrição.

Crónica Feminina? Lembramo-nos do seu formato de bolso e em tons de sépia, à venda numa loja de um senhor com capachinho onde nossa família masculina de igual idade ia comprar BD, onde vós já aparecíeis, não nos lembramos se com ou sem fralda.

Nunca fomos muito de BD. Éramos mais de construir a nossa própria em brincadeira de rua.

Nossa familia primal mais velha não nos ligava nenhuma. Éramos de andar sempre sujas de tanto azougar. Além disso não éramos de ler cardápios de meninas bem portadas. Odiávamos "Rosários e Terços".

Temos ideia de ter lido o Reader´s:) na parte de curiosidade científica.:) temos ideia de ter sido quando andávamos malucas com o Espaço 1999. Queríam-nos cirurgiãs, tal era o nosso afã em esventrar bonecas para lhes saber o mecanismo do choro e nós embirrámos que havíamos de ir à lua.:))

Lemos, não sabemos onde, que grande parte dos escritores infantis ou não eram de ter paciência para a criançada ou mostrou tendências pedófilas.

Sabei que só somos nostálgicas quando vem a talhe de foice ou quando nos dão saudades do Massachusets. Como não gostamos de calor, só sonhamos com casinhas em bosque à beira da água em tal paisagem.

Quando fizerem 40º, mudaremos a nostalgia para o Alaska.

Continência

também com agradecimentos a v. leitoras memórias

Lizzie disse...

Anónimo:

agradecida mas não me considero escritora.

Lizzie disse...

M. Angelus:

do que dizes, também eu me queixo.

Na minha geração também há fidelidades a esteriótipos e dogmas. Infelizmente.

Tive a sorte, e continuo a ter, de fugir de um país que ainda continua espartilhado, em que se vive mais para a imagem que se quer que os outros tenham de nós do que aquilo que somos. É um preconceito pequeno burguês ou novo rico.

Vem tudo da educação e do acesso à cultura. Vim agora de um sítio onde cada um é respeitado per si. Onde a liberdade e a diferença individuais não passam pelo atropelo dos outros. Nem pela imposição de valores.

Só acredito na liberdade quando ela PODE partir do interior para o exterior. Normalmente é sinal maduro de respeito.

Kisses