terça-feira, 23 de setembro de 2008

Boto o presente inspirado na mania das grandezas elogiosas da minha amiga P. e no desejo simpático de outra amiga, Graça B., que eu desembrulhasse (a expressão é dela) um bom 21 de Setembro. Assim, por veneta e ganas, tirei a fotografia da moldura e escrevi-lhe uma

Carta ao regresso do que fui





Miúda:

Ficaste assim estática num dia 21 de Setembro, no Jardim dos Inglesinhos, ali para a Lapa. É o que está escrito no teu reverso.

Estamos em igualdade de circunstâncias: eu não me lembro de ter sido tu e tu não sabes o que a vida correu para além desse instante. Tanta metamorfose.

Cresceste, mas não muito. De corpo. De alma, talvez o normal, dependente como é do exterior. Percebeste várias vezes que a alma é um jogo de espelhos em que tudo reflecte tudo, desde a luz às trevas. Só as almas cegas pensam poder saciar-se com a sua própria água.

Ficas já a saber que virias, por andanças várias, a lidar diariamente com esses seres secretamente animados e implacáveis que são os espelhos. Com sorriso, riso, medo,lágrimas, dor. Tal como muitos outros, conheceste-lhes a exigência. Ouviste-lhes os reparos vorazes.



Com os olhos bem abertos, virias a saber que a perfeição, para ti, não existe, embora com amor, lhe tenhas conhecido o rosto no corpo e na mente dos outros. Todos juntos, aprenderam o incómodo que é aquela máscara chamada vaidade. Como os outros, sentiste o pavor na hora de dar um passo na direcção do foco.


Para o bem e para o mal, aprendeste muito cedo a perceber o significado das duas palavras curtas mais poderosas do mundo em todas as línguas: SIM e NÃO.

Também ficaste a saber, com tenra idade, que não existem verdades únicas, mas só pontos de referência: vou-te dar um exemplo escandaloso:

eras um bocadinho maior do que aí e num jantar solene, tu que falavas tão pouco e a trocar sílabas, sem aviso preparatório para a catástrofe perguntas-te: mãe, o qué puta?

Uns acharam natural dada a parca idade, outros riram-se, outros fingiram que não ouviram, outros que era bom prenúncio de espírito curioso, outros levaram-te à pressa à pia baptismal da igreja da Praça de Londres: se morresses, com aquele feitio de lembranças repentinas, talvez Deus ainda te desse o benefício da dúvida, com entrada para o purgatório, porque paraíso, o sítio onde ninguém pergunta nada, para ti, nunca!

Grosso modo, talvez estivessem ali resumidas as opiniões que irias encontrar no resto dos dias. Até hoje, que ainda estás viva, embora estivesses cara a cara com a morte duas vezes.

A água benta, minha filha, não te limpou o pecado da teimosia. Entre outros, não dignos de inferno, convenhamos. Com plena consciência e intenção disso, está descansada: nunca prejudicaste ninguém. Não nasceste com fome de competição com quem quer que fosse a não ser contigo.

Mas enfim, talvez tenha sido ela, a teimosia, que te levou, com outro nome, J.S., até quase te esqueceres daquele com que nasceste, para paisagens distantes que guardaste no interior dos olhos. Tiveste a noção que não passavas de uma entidade microscópica.

Percebeste quanto trabalho e aprendizagem te esperava. Não pudeste fugir ao entendimento, ali, naquele caldeirão de nações, que a maldade, mas também a bondade, podem ter todas as pátrias e raças.



Talvez não percebas, aí tão parada, os acasos do mundo. Mas olha que tiveste, num dia 21 de Setembro, sentada à beira deste lago de uma outra cidade com vocação de cor outonal perfeita, muito tímida face àquele ser que transpirava tanta competência, sabedoria e sensibilidade - a ordem dos factores é arbitrária-, uma conversa que te tatuou a vida para o futuro.





Aprendeste que existem pessoas que são rochas, árvores, que abanam mas nunca caem nem abandonam, que mesmo com instrumentos de corte, conseguem unir, colar pedaços. Na altura ainda não sabias, mas acabavas de descobrir uma jazida de diamantes sem preço: a AMIZADE.





Ficaste rica. Ainda hoje te sentes milionária. Mudaste de terra, aumentaste a fortuna.

E nesta tua nova cidade tudo era, e é, veloz e vivo. Entre o passado e o presente, entre paz e uma guerra sempre latente.


Chegaste lá já mais crescida. Deitaste a cabeça num peito seguro e ouvindo-lhe o estimulo do bater do coração, descobriste de forma aberta que com tudo se pode criar. Nenhum mito inibe o que se quer dizer, ou a forma como se quer dizer.


A urbe colou-se-te à pele. O som do linguajar grave, arranhado e rouco ficou nos teus ouvidos.
Qualquer dia conto-te porque voltaste para Lisboa. Mas sempre com um pé cá outro lá.
Como na vida de todas as pessoas, acontecem coisas felizes e infelizes. E nada se apaga, como dizem algumas canções mentirosas.













Nunca se começa do zero sem história. Quanto muito, as boas e más cicatrizes esvanecem-se e quando se dá por isso, já não se sente a dor.
Dizem que faz falta saber gerir estas coisas. Como se a vida fosse uma questão de teoria económica...de equação com resultado certo.
Olha, eras um pouco mais velha quando começaste a aprender e a trabalhar o equilíbrio.





Mas nunca se sabe saltar no arame. Há quem chame crescer à sucessão de quedas. E sobrevivência e esperança aos músculos que retomam a verticalidade. Mas cada um tem a sua forma, sem a rigidez de uma ciência exacta.


Baseada em ti, prefiro olhar para as coisas boas, recolher-me nelas quando os dias são envinagrados. Quando todos os cansaços parecem vencer tudo.


Às vezes dizem-me que tu saltas da fotografia e me invades. Que não me largas, por mais inocência que perca. Más línguas sem espelho, que eles também são possuídos pelas deles. E ainda bem.



E segue a folia!

No Ritz,


Puttin on the Ritz - Fred Astaire


ou numa qualquer cabana simples pintada e decorada com sonho e ternura onde pode caber tanta gente. Vai-se enchendo a arca dos afectos.


Qualquer dia volto a escrever-te. Agora volta para a moldura.

E pára de bambolear e dar com os pés que ainda partes o vidro. Credo, há manias que só morta perderás.

A tua versão já tão grande vai tentar esquecer sombras e medos que o futuro, pensa ela, ainda não acabou.

26 comentários:

Lizzie disse...

Alien:
respondo-te já neste. Vem a propósito:)
Acertaste!
Mais um:) e já são tantos:)
Nunca saltei nenhum, infelizmente.

Muito obrigada à Lola e a ti.
Os abraços, não faz mal que sejam atrasados.Recebem-se sempre de braços abertos.

Ora tomem lá meus "sentidos" e agradecidos!

Graça Brites disse...

Miúda, espera um pouco... Não voltes já para a moldura. Antes, deixa-me dizer-te que também eu fico estática a olhar para ti nessas calças de suspensórios e peitilho tão em uso nesses tempos em que eras assim pequenina. Apesar de ter chegado depois de ti ainda apanhei a moda e lembro-me bem de como eram confortáveis.
A metamorfose é aquela evidência que sempre nos espanta mas que todos conhecemos. Felizmente há os detalhes, inalteráveis. Trocando as voltas ao parágrafo da Lizzie, há lembranças que o tempo não apaga e tu sabes mais do que ela pensa que tu sabes. Porque, como ela admite mais à frente, nunca te foste embora de vez. Só te deixaste transformar um bocadinho. De resto tens caminhado sempre ao lado dela. Com a franja mais ou menos atirada para o lado (ou para cima, tipo madeixa espetada como a do notre ami Tintin) e a testa ao léu, mas com a mesma incisão no olhar, os mesmos lábios tranquilos, repousados na serenidade de quem sabe o que é a espera inteligente, mas que se sente, estão apenas a aguardar o momento certo para as perguntas que se destinam a saciar a curiosidade e a decifrar os enigmas do mundo. E esta é uma parte da procura do tesouro. Também é assim que se enriquece.
Gostei imenso de ler sobre o resto do caminho que ambas têm percorrido. Confesso um fraquinho especial pela parte do desfile em que vestiram a pele mista de ghost and bride, onde se percebe, mais uma vez, as formas variadas de olhar o tempo. Aqui uns olhos arregalados na ponta dos dedos e outros quase escondidos na textura translúcida do pano.
E podia ficar aqui até ao sol-pôr! Mas tenho que ir lá fora fazer como a formiga. Vou guardar um pouco deste Outono quentinho no armário dos presentes. Nunca se sabe as voltas que a vida dá e posso para o ano não conseguir enviar-vos um dia inteiro por e-mail. (por causa dos megas, do tamanho do ficheiro e assim…):).

Beijinhos amigos,

Anónimo disse...

Comovente!!


Nos espelhos!

Ouço-te dizer

Com a tua confiança: vai, não tenhas medo !!!!

Vai !!!


Não me esqueço !

Lembro-me sempre !!!



Obrigada


Mil beijos



P.

Alien8 disse...

Lizzie,

Uma bela, lúcida e comovente viagem por ti. Parabéns duplos, portanto!

Conheces-te bem. E continuas de algum modo a ser a miúda da foto. Felizmente. Mas com outra dimensão. Também felizmente :)

Um beijo.

P.S.: Agora que li o texto e vi onde puseste as músicas, a primeira das quais é só uma amostra, acho que percebi o teu problema. Normalmente, as músicas são colocadas na barra lateral, e não no corpo do post. Nada o proíbe, mas o querido blogger provoca muitas vezes descoordenação entre os elementos.
Se calhar ainda voltamos a isto... :)

Lizzie disse...

Antes de mais

PEÇO DESCULPA AOS VISITANTES pela amputação da música da Eva Durán, que, quando foi aqui publicada, estava inteira e agora que vim aqui, vejo que fugiu na sua maior e mais importante parte. Até no Imeen. Vou tentar, dentro das minhas parcas possibilidades, recuperá-la.

Ay Eva, que lástima! No me va la ordenadora ni con punta de santo!

Lizzie disse...

Srª Dona Graça B:

Não vou já para a moldura porque acho que nunca lá estive toda. A Grande não sabe mas fico sempre com a cabeça de fora. Às vezes ralha comigo mas eu sou mais forte.

A jardineira é azul, costurada e bordada pela minha avó. A minha mãe veste-me assim porque eu gosto de rebolar o rabinho no chão e estrago os vestidos e os joelhos todos.

A Grande também sempre teve a mania de fazer perguntas fora do sítio.Por exemplo, vou-lhe contar: no outro dia foi assim:
- los zapatos me quedan fatal. Te gustan?
e vai a Grande (traduzindo)
- onde é que está o cd dos madrigais do Monteverdi?

A Grande é muito perguntadeira!

A Grande está sempre a ouvir perguntar: "a que propósito vem isso agora?"

Eu tenho uma franja bem cortada. A Grande agora parece a Mísia porque tem um desenho parvo no cabelo: tem assim como uma escada rolante que vai ter ao patamar.A nossa mãe até perguntou se tinha cortado o cabelo por ter queimado. E foi pintando alguns muitos cabelos de branco.Eu não tenho paciência para pintar cabelos um a um.

A Grande inspirada por mim enfiou o tecido pela cabeça abaixo. Porque teve uma alembradura para responder a uma pergunta que andava a fazer nos pensamentos dela sem saber. A Grande acha que há respostas que vêm ter com ela porque tinha perguntas atrás.
A Grande não acha graça às pessoas vestidas de noiva, acha mais graça vestir-se de fantasma que é o que faz quando vai fumar cigarros à noite no jardim. Eu ensinei a grande a olhar para as estrelas.

A Grande também formiga como a Srª. Deve ser mau formigar quando não apetece. Coisas dos Grandes.

Agora vou dormir a sesta enquanto a Grande vai para o formigueiro.

Gostei muito de estar consigo, minha Srª.

A Grande é que gosta de mandar beijinhos. Eu gosto mais de passou-bem com a mão. A Srª é boa porque não me puxou as bochechas como os outros Grandes costumam fazer.

Lizzie disse...

P.:

Há pessoas para quem o espelho é a versão destemida delas.É preciso é não ter medo dessa face oculta e olhá-la sem temores.
Limitei-me a reparar no teu reflexo, talentoso,e...mostrei-te.
Por isso vai, vai sempre que energia e sensibilidade para ir não te falta.
E das dúvidas, dessas, nunca te hás-de livrar.Mal de quem se livra...



Beijinhos

Lizzie disse...

Alien:
como me conheço, enfim se calhar, relativamente bem, sei que o meu lado calmo vai vencer o lado do mau génio e me vai impedir de mandar o computador contra a parede.

Com que cara é que amanhã, quando fôr ver o espectáculo da Eva lhe vou dizer: olha, cortei-te o pio! :)

O que é a barra lateral?...:)

Precisava de mais tempo para me dedicar a esta coisa.

Quanto à miúda, olha,neste mundo preciso eu mais dela do que ela de mim!As duas lá nos vamos rindo!Tem as suas vantagens ela ter sido uma pestinha, nem que fosse pela curiosidade. Havia lá boneca que chorasse e não fosse estripada e dearticulada para ver o que tinha dentro?:)
Ai, e a perdição de pinturas murais com o baton da mãe...e o bombeiro a serrar as grades da varanda... enfim.

Obrigada, Alien, e um bom fim de semana

Lola disse...

Lizzie,

Ando por molduras sem tempo a vadiar...

Consigo ler os textos que escreves mas não consigo abrir os comentários quando ando por aí a formigar...

Chego tarde mas a tempo de deixar um abraço apertado ( à grande e à pequena) e montes de Parabéns pelo aniversário e por seres quem és: uma pessoa linda.

Lizzie disse...

MILAGRES!
que consegui, não me lembro é como, que a Eva cante tudo outra vez.

Não há nada como o método tentativa/erro,no meu caso, mais erro que tentativa.:)

Mas pronto, MILAGRES!

Lizzie disse...

Lola:
já me tinha perguntado se andarias a formigar muito, já que vi que a tua casa andava de persianas fechadas mas felizmente sem o letreiro vende-se ou aluga-se:)

Espero que, ao menos, gostes do que formigas. Andar formigando sem gostar do que se formiga é que é dramático. E há tanta gente a formigar para o que não nasceu...

A Grande agradece-te muito e a miúda anda à tua volta aos pulos, já com as calças rotas e cheias de nódoas da manteiga dos scones. Escusava era de ter metido o dedo no bico do bule! Agora só partindo a louça!

As duas damos-te um enormíssimo abraço e desejamos-te um descansado fim de semana.

Alien8 disse...

Lizzie,

Ah, pobres bonecas... pobre baton... pobres bombeiros... eheheheheh!

Parabéns pela rectificação da música da Eva Durán. Trial and Error é fundamental, para todos! Mas olha que agora continuo a ouvir só 30 segunditos...

Enfim, a barra lateral, mais conhecida em amaricano por sidebar, é aquela coisa que fica à esquerda ou à direita dos posts, conforme o modelo ou layout utilizado, e onde está o Perfil, o Arquivo do Blog, etc...

No teu blog fica à direita. O estranho é que no meu browser habitual (Firefox) vejo dois posts quase lado a lado (o actual e o de 8 de Setembro). Já no Internet Explorer aparece tudo bem. Macacos me mordam se entendo...:) Devem ser coisas do "blogger".

Mas não te preocupes. Vê-te ao espelho do tempo y agrandate niña!

Bom fim de semana.
Um abraço.

meus instantes e momentos disse...

Vim conhecer teu blog. Muito bom, parabens , ótimo tudo aqui. Volto.
Tenha um belo finbal de semana.
Maurizio

Miguel Batista disse...

como sempre, uma selecçao encantadora de imagens associadas à melodia das palavras!!

dark kisses

Masturbatrix disse...

Parabens! Magnifica a sinfonia de palavras.

E gosto tambem do rosto de criança com o olhar perdido no preto do jardim dos segredos, que como as árvores cresceu tanto.
:)

Lizzie disse...

Alien:

Vê lá tu que me foi dito que a tal malfadada música nuns computadores se ouve completa e noutros... coiatadinha. Está azarada.
Até neste já vi que é para onde lhe dá embora na maior parte do tempo esteja inteirinha.

Cá para mim é castigo da alma das bonecas e aviso dos bombeiros para eu não voltar a meter a cabeça onde não devo. Também alguém de etnia cigana me disse que foi fruto da zanga da Edith Piaf. Não me parece! :)

Vou ver se me deito cedo e, no caminho para casa não bato em nada...

Abraço por hoje que se calhar amanhã lá saíra pergunta:))

Lizzie disse...

Instantes:

obrigada e volte sempre que lhe apetecer!

Lizzie disse...

Angelus:

é o que me chega à cabeça, sem pensar muito.

Já que falas em imagens, também foi sem pensar que pintei o retrato interior e sentido de uma pessoa que conheço, ou seja a última imagem que está no post.

Quando penso ou programo, sinto-me a perder instinto.

Obrigada e dark Kisses.

Lizzie disse...

Masturbatrix:

obrigada por ter gostado da "sinfonia".

Eu não queria crescer, mas não tive outro remédio:)
Espero não ter perdido o olhar.

Quanto ao jardim, já não existe. No sítio das árvores e das sebes, cresceu um prédio. os crescidos,às vezes, gostam de destruir.

Obrigada mais uma vez.

A. disse...

...muitos parabêns
e tantos beijos...atrasados!


já aqui tinha vindo, comovi-me
...e fui sem saber o que escrever.

ando assim ultimamente, não sei mais o que dizer, porque o que sinto e penso ultrapassa qualquer coisa que te possa escrever.





...gostava de saber deixar palavras mais sentidas mas não sei...(e como alguém sempre me dizia; -Não sabes escreve!),é verdade.


beijos e beijos , minha querida Eli. sempre.

*

A. disse...

...eu também tinha uma franja assim.

:)

Lizzie disse...

Passarinho:

claro que sabes escrever. Eu sei que sabes. E não é preciso escrever muito. Não é! Basta,tantas vezes, condensar o que se sente em meia dúzia de vocábulos.Ou gestos. O importante é que se saiba ler, ouvir, ver.
A quantidade de vezes que já te vi escrever com o corpo...a escrita que se lê no silêncio da alma.

Muito obrigada, em meu nome e em nome da miúda franjada, que já sinto tão longe, como se fosse outra vida, aquela que parti em duas. Ou fui partida. É assim que me penso:o antes e o depois do palco vazio.Tudo muda, Passarinho, quase tudo menos os habitantes da cabana. Sorte a minha.

No sábado deu-me uma veneta e pedi ao meu Manolo para me dar tesoura na franja:) Fiquei só com um biquinho. Parece uma seta:)
Pode ser que me entre mais luz para os pensamentos.

Obrigada também pelo convite.

E toma um abraço do tamanho da minha nova idade.:)

Haddock disse...

eco: "e agora volta para a memória"... bonito!
compêndio de desastres e vitórias, e, claro, de cada vez mais presa ao princípio. nostalgia que pode fazer dela uma caixa de pandora...
ignorai, lizzie. hoje estamos negros: apareceu-nos uma branca temporal, i.e., um cabelo branco a avisar o sítio do juízo de que já não somos miúdos...

aguardamos pelos (ora) interstícios de vossa animada biografia.

vénia...

A. disse...

...

[É assim que me penso:o antes e o depois do palco vazio.Tudo muda...quase tudo menos os habitantes da cabana.]







...sorte a Tua, querida Eli.e muito obrigada por tudo.tudo, tudo.

**

Vanda disse...

Lizzie!

Parabéns tão atrasados!

Parabéns à miuda que saltou da moldura e à mulher que a abriga, entre teimosias :) e perguntas directas :)) capazes de por sem jeito qualquer um :))

Parabéns à que escreve, palavras soltas, coração sem trevas, ceu com nuvens que são parapeitos de gaivotas...

Parabéns à que dança aqui para nós e nos faz sonhar, sorrir, pensar, ir mais longe, sentar, abrir os braços, envolver...e volver.

Parabéns à que cruza os mares.

Parabéns à que come azeitonas e se deixa seduzir pelo pão. à que transporta bagageiras de memórias.

à que conhece a dor, mas a transforma em sabedoria.

a Ti.

tÃo atrasados como cá de dentro :)


beijo!

Lizzie disse...

Vanda:

o teu acerto em algumas coisas pôe-me os olhos aguados, que a dor, o crescimento, sei lá se com sabedoria, dizem eles, não foram capazes de matar a miúda nem as perguntas.

Deixo-a saltar da moldura. Não me apetece prendê-la, só controlá-la que sem control seria um perfeito desastre, assim com este tamanho e com tanta coisa para guardar na memória.Já pesada. Já pesa, Vanda:)

O coração tem trevas, sim: faz parte do acto de viver. Quem não as tem? Mas prefiro mandá-las para um quarto do fundo, pintado com a cor delas e abrir as janelas de par em par.
Aliás quem as abre são os olhos e os gestos das pessoas de quem gosto. Às vezes basta-me olhar para os bons corações genuínos para me sentir escancarada e...agradecida. E adormeço:)
e se alguém deitar a cabeça no meu ombro e adormecer penso que tenho a obrigação de me sentir feliz.

Obrigada Vanda

abraço e beijo