quinta-feira, 30 de julho de 2009

Vai este em intenção explicativa e apressada dos métodos de Merce Cunningham, para quem eventualmente tenha curiosidade em saber da pujança de tal nome, que me soa, logo verão porquê ao

Exuberante pincel do caos.




Talvez por andar a competir com os relógios e em imaginação visual rodoviária, ocorre-me que a dança americana, no séc. XX, desenha duas grandes, entre outras, auto-estradas das quais derivam estradas, estradinhas e os chamados caminhos de cabras, todas vias destinadas a povoar o mapa do mundo.

Uma, mais antiga, chama-se Martha Graham, a outra partiu desta e chama-se Merce Cunningham.


Merce começou por ter aulas de piano e dança no ensino secundário com uma senhora simultaneamente professora e performer de vaudeville.

Foi correndo vida e estudos até que Martha Graham o viu e, deslumbrada, o levou para a sua Companhia.

Viviam-se os finais dos anos trinta e, sobretudo nos EUA, andavam os espíritos inquietos na busca de novas formas de modificar o baile ( e outras artes) que tinham recebido das épocas passadas.

Abreviando, começou a construir coreografias ainda sob o tecto de Martha Graham e por ela influenciado, embora já entrasse em dissidência com a portentosa mestre. Esta punha todos os acentos na transmissão das turbulências da alma e


Merce já tinha tomado contacto com a pessoa que mais o haveria de influenciar ao longo dos próximos cinquenta anos: o músico John Cage , avesso a promiscuidades entre sentimentos e artes. Cage era um experimentalista em busca da essência da arte pura.


Martha sugeriu-lhe que fosse estudar para a School of American Ballet cuja orientação estava sob o jugo de Ballanchine, o tal que não gostava muito de ver emoções próprias, subjectivas e individuais na expressão dos bailarinos. Preferia corpos que falassem técnicas sem sentir para além delas. As suas faces seriam, idealmente, de traços congelados. E assim se viriam a caracterizar os bailarinos de Merce.

Dado a observações um tudo nada obsessivas com o corpo, reparou que os bailarinos Clássicos tinham as pernas mais fortes que o tronco, considerado rígido e sem flexibilidade, e os da Dança Moderna, muito entroncados, ostentavam perninhas sem vigor.

Durante toda a vida, desenvolveu exercícios para que se fortalecessem de igual modo as duas metades. Sempre trabalhou para ter à frente torsos flexíveis em cima de pernas potentes. Foi uma das suas particulares peocupações e características.

Ou nem tanto, mas mandam os mitos que se esqueçam os outros interessados na matéria.

Agora vem a parte mais interessante.

Chegamos aos anos cinquenta, altura em que fundou a sua própria Companhia. Dizem as más línguas, que com uma forte componente autoritária. Dizia que aceitava a entrada de qualquer bailarino, mas os escolhidos só saíriam quando ele quisesse.


Merce, conjuntamente com outros artistas, John Cage como guru, e baseado no famoso dito de Albert Einstein, que ambos veneravam, de que “não há pontos fixos no espaço”, virou-se para a teoria oriental do caos:
desordem aleatória que move toda a natureza. Sem pensamento. Sem racionalidade. Sem cálculo. Sem sentimento ou emoção.

Uma espécie de sljysurgtqwrjhg~qpo8835t83, aqui no teclado.

Merce começou a aplicar em dança o que Jackson Pollock, também fã do caos, fazia nas telas: o dripping, ou seja, aquela coisa de espalhar ao acaso tintas, cores, cinza, cigarros, liquor e o que mais lá pousasse (na realidade uma falácia, porque não era o acaso que lhe guiava a mão, mas pronto).




Ora em termos de dança, chamemos-lhe, sei lá, convencional, as coreografias são movimentos sujeitos a uma ordem de espaço e tempo.

Os bailarinos movem-se e estão sujeitos a esses parâmetros pensados pelos coreógrafos consoante as finalidades e os efeitos desejadas para a obra.

Está-se no ponto A, vai-se para o B, depois pára-se no C e etc.

Quem costuma ver dança, mesmo que raramente, sabe o efeito "dramático" que estas deslocações e paragens têm.

Merce lembrou-se de transformar os bailarinos em trinchas de Pollock.

Nos ensaios, ou antes de se levantar o pano, já com público sentadinho, mandava moedas, papéis e que mais fosse para o chão. Eram as marcações aleatórias de espaço. O poder criativo do acaso. Ultimamente mandava o computador decidir as variáveis.



Para os movimentos adaptou as teorias do ying and yang. Coisa complicadíssima e demasiado técnica. Não vos vou maçar com linhas continuas, quebradas e quejandas. Credo!

Por tudo isto, ficará para a história como o criador da Chance Coreography.

O que interessa é que na natureza, o caos faz com que nada seja igual ao que já foi e que o agora seja completamente diferente do que será.

Daí que Merce transportando tal ideia para a dança e convencido por Cage, rejeitasse os espectáculos iguais (que por acaso em artes de palco nunca são, mas está bem…).

Ora os bailarinos-pincéis, nunca sabiam o que lhes ia calhar na rifa antes de subir ao palco. Tinham que saber, os da companhia dele, “ler” a tal complicação do acaso segundo a caligrafia de Merce.
Para os que não estavam habituados a tais azares, a coisa tornava-se ainda mais esquizofrénica.

Mais ou menos como aterrar uma pessoa num sítio ermo da China e seguir a sinalética chinesa para chegar a Pequim.


E vem daí a falta de expressão facial e o aspecto, perdoem-me, de máquinas de movimento dos seus bailarinos: era necessária tanta, mas tanta concentração, que não restava ruga ou esgar para mais coisissíma nenhuma.

Mas a tal loucura aleatória abriu a estrada para os futuros happenings ou events, tão celebrados e quase artisticamente obrigatórios no posmodernismo.

Nos anos sessenta, Merce embora continuando com o caos, , mais uma vez influenciado por Cage, rendeu-se ao ressuscitar actualizado das teorias Dadaístas, mais conhecida por Pop Art.


O músico começou a introduzir sons do quotidiano nas composições. Merce fez a tentativa de prescindir de bailarinos profissionais e das salas de espectáculos, e pôr pessoas sem formação bailarina a dançar-lhe os tais acasos.

Como é fácil de perceber, dada a dificuldade, é como exigir que uma pessoa com a instrução primária se ponha, de repente, a escrever uma tese de doutoramento sobre o Ulisses do James Joyce.

Não resultou, mas mais uma vez abriu os caminhos para as experiências posmodernas, que ainda hoje se podem ver por aí. Como herança.

Por essa altura, elegeu Rauschenberg, artista plástico sempre fascinado pela dança, como colaborador. Foi época de produção mútua de obras primas.




Mas, ao contrário da mestre Martha Graham, Merce não convidava músicos, pintores, figurinistas, cenógrafos, costureiros, designers, arquitectos, para misturar a dança com as outras artes segundo o conceito de arte total e misturada de Wagner. Achava que se conspurcavam. Perdiam a pureza própria.


Temos assim e portanto, em palco: dança,
uma exposição de varias artes visuais ,
de conceitos de vestimenta,
de experimentações arquitectónicas
e um concerto de música,

não tendo nenhuma delas a ver com as outras.

Não?



Merce e Cage, detestavam o conceito “burguês” de harmonia, do equilíbrio, da estética clássica.

Ora, misturando a apetência pelos valores orientais, a contestação filosófica e política aos tais valores burgueses herdados, nomeadamente a uma certa racionalidade e arrumação de ideias, Merce foi transformado e publicitado como demiurgo do futuro por uma determinada intelectualidade, perdoem-me outra vez, ferida de um certo snobismo, nos anos sessenta/setenta.

Foram-lhe atribuídas ideologias que não teve, feitos que não praticou, esquecidos pormenores incómodos, como o seu respeito pela técnica formativa do Ballet Clássico, sempre presente, até pelo gosto do desafio às forças da gravidade terreste.



Mas não será esta a condenação dos mitos?
O de serem inventados aquém e além do que foram?

Ele lá saberá...





31 comentários:

Frioleiras disse...

Dwepois da Pina ...Merce Cunningham..........

"Merce lembrou-se de transformar os baillarinos em trinchas de Pollock"...

.............gostei imenso de ler este teu artigo..
sobre ele...

o Reverso disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
o Reverso disse...

cheguei ao final do post e vi: 1 comentário. pensei é a frioleiras (sempre atenta). podia não ser mas, por acaso, era.

o tema não é o meu forte. aliás não tenho nenhum.
mas como sempre fiquei encantado.

a bailado pouco vou e, a última vez que fui foi ao teatro Camões e muito me chateou que durante uns 15 minutos depois de subir o pano continuassem a deixar entrar pessoas que muito calmamente passavam pela frente de quem tinha chegado a horas.

e, como não conhecedor, sempre vou dizendo (e peço desculpa a quem seja expert no assunto) mas aprecio muito o cloud gate dance theater of taiwan.

para si os meus respeitos e a minha admiração.

o Reverso disse...

cheguei ao final do post e vi: 1 comentário. pensei é a frioleiras (sempre atenta). podia não ser mas, por acaso, era.

o tema não é o meu forte. aliás não tenho nenhum.
mas como sempre fiquei encantado.

a bailado pouco vou e, a última vez que fui foi ao teatro Camões e muito me chateou que durante uns 15 minutos depois de subir o pano continuassem a deixar entrar pessoas que muito calmamente passavam pela frente de quem tinha chegado a horas.

e, como não conhecedor, sempre vou dizendo (e peço desculpa a quem seja expert no assunto) mas aprecio muito o cloud gate dance theater of taiwan.

para si os meus respeitos e a minha admiração.

Arábica disse...

Lizzie,

li ontem antes de sair, mas sem tempo de comentar.

Continuo a tirar-te o chapéu pela originalidade com que nos vais dando a conhecer paralelos afastados da minha realidade...

Quanto a Merce, houve a coincidência de ter estado a semana passada a ouvir John Cage e ter visualizado alguns vídeos dos trabalhos de Merce, poucos dias antes da sua partida.

Continuo de gesso e cal até dia 11.
Parece que o alinhamento dos ossos, sem arames a discipliná-los é obra de arte que requer muito, muito tempo.

Estamos pois em banho maria, eu e o braço, a desejar-te um grande, feliz e salgado fim de semana :)

Lizzie disse...

Frioleiras:

por acaso gosto muito mais da Pina do que do Merce.

Como tudo, é uma questão de pura subjectividade.

E não concebo o Merce sem o associar ao Pollock (que por acaso me deslumbra pela vida, pela luz, pela textura que se sente nos "quadrinhos").

Há quem o ligue ao Rothko. Pessoalmente não vejo relação nenhuma: um, apesar de zen, é muito terreno e o outro é quase místico contemplativo.

Subjectividades outra vez:))

Isto é só um post muito reduzido.
Só que a partir dele, coitadinha de mim, tive encomenda para escrever outro, noutra língua (coitadinho de quem está a esta hora a corrigir os milhares de erros ortográficos:))mais explicado e desenvolvido.
Esse talvez já tenha a dignidade e a prosa de "artigo":)

Já uma pessoa não pode dormir as horas que precisa:)


Boas férias para ti.

Eu cá vou ficando. Tão verde que já me sinto com bolor.:)

Lizzie disse...

Estimado Triliti:

os meus agradecimentos.
Tem razão quanto à atenção da Frioleiras.E da sua também não me esqueço. Inté que dá gosto.

Quanto ao teatro Camões, também tem razão. Mas a culpa não é dos arrumadores (que acho muito simpáticos e, de vez enquando deviam usar chicote)mas da falta de educação do público: além de passarem à frente, ele são os telemóveis em regime de sms, ele são os comentários, ele foi o jantar na casa de não sei quem, ele é a pastilha elástica...ainda hão-de vir as pipocas e a coca-cola.

e a última, que me deixou constrangida, foi após a peça Isolda da Olga Roriz quase, muito quase, não terem batido palmas.
Goste-se ou não, pelo menos premeie-se o trabalho da coreógrafa, das bailarinas (e aquilo é mais difícil do que parece) e demais participantes.

Ou tem "pulos" e "circo" ou não há palmas.

Em relação ao Cloud Gate, por quem é, nada contra. São bons.

Apenas um pequeno "senão" (pareço um comentador de ginástica da RTP dos tempos da Nadia Comanecci): é que reparando bem, eles misturam, e falo em chineses e afins, as técnicas clássicas, modernas e contemporãneas, com o seu toque de contorcionismo e artes marciais.

Já vi coisas que são autênticos Kung-Fus baléticos ao som de Tchaikovky. Não há nada tão gracioso como um Cisne malabarista. Muitas voltas dá o pescoço.:)

A coisa melhora muito quando bailarinos ocidentais.

Tudo é uma questão de heranças culturais. Obviamente e sem desprimor.

Os meus maiores respeitos.

Lizzie disse...

Arábica:

isto de estar a responder aos vossos simpáticos comentários e o antipático do telefone não parar de tocar, é como ter gesso no fio condutor dos pensamentos:))

Então está quase! Já faltou mais para dia 11. Para os ossinhos ficarem definitivamente em fila indiana, respeitadores da ordem braçal.Cómo Dios manda!

Pois eu hoje resolvi dar folga à meia elástica. Estou, patronalmente, a pensar despedi-la. Não sei se é compatível com a minha febre de obras prevista para o fim de semana.

Anda uma figueira centenária, a pedir para eu lá botar um estrado no final do tronco. Os ramos estão mesmo a jeito. E da última vez que lá estive, para salvar o gato da vizinha, reparei que a paisagem, lá de cima, se estende. O estrado pede um pequeno tecto e debaixo do tecto uma boa cadeira.

Faz de conta que estou no Massachussetts.

Quanto ao Merce e ao Cage, duas almas gémeas. Por acaso existiram e existem muitas, nas convergentes dança/música. Nem se consegue imaginar a obra de um(s) sem o outro(s).

Viste aquele vídeo em que ele, octogenário, dança (com um braço de cada vez),agarrado a uma barra?

Um sinal gritado e desperado de força anímica (já andava de cadeira de rodas) com todo o dramatismo que o patético (até em arte) pode ter.

Enfim...

Bom fim de semana com gesso só no braço:))

Arábica disse...

Lizzie,

esse vídeo não vi.
Mas devia ter visto. :))

O gesso com o tempo voltou a ser apenas um gesso, uma materia inerte, a quem de momento não ligo grande coisa, fora do universo da água.

Já fiz as pazes comigo. :))
Já me perdoei.
Que às vezes, também é preciso.

Hoje (com ordem do anjo da guarda)já comi o bife de faca e garfo. :)
Sensação boa.

Olha tu vê lá em que obras de carpintaria e equilibrio te vais meter!! :)

Mas imaginando a partir do que contas, há realmente sitios onde uma "casa" na arvore é obrigatório! Um luxo obrigatório.

Ás vezes, não basta mandar rasgar janelas, pois não? :))


Besos

tolilo disse...

Titia Lizzie

vou de férias com a minha titia lígia.

Chuac!_ para ti...

Lizzie disse...

Arábica:

já não será a primeira casa na árvore que faço, não senhora!

Já fiz um miradouro noutras paragens. Muito livro lá foi lido. muita coisa projectada. Aliás quase todas as casas tinham uma ou duas árvores habitáveis.
Em Portugal é que não vejo esse hábito.
É tão útil ter vista ao nível do chão da terra como ver melhor a parte aérea. Há que ter olhos e sentidos para tudo:))

Gesso nunca usei! Sei lá, acho que não me fica bem:)
só usei cadeira de rodas (felizmente por pouco tempo porque tenho mau feitio para ser empurrada) e várias vezes canadianas. Já nos tratamos por tu. Já têm nome.
Como já disse noutros tempos e noutro blog, e foi coisa muito brincada, uma responde pelo nome de Greta e a outra de Garbo.:))
Uma longa história...

Às vezes conversam com outras: a Edith e a Piaf. Por acaso são mais baixas que as minhas.

Costumam encontar-se, quando o tempo anda inflamatório, com uma que anda isolada e é a mais alta e mais velha, chamada Frankenstein.

Não sei que nome o Merce terá posto à cadeira de rodas. Se fosse minha chamava-lhe, hummm, Silent Wind.
(chicken chao min i ching ying-yang é demasiado vulgar).

Ainda bem que fizeste as pazes. Assim já não brigas ao espelho. credo, cruzes:))

besos

Lizzie disse...

Tolilo mais cor de rosa da tia Lizzie:

então vai!

Porta-te bem e diz à tia Lígia para te besuntar com protector solar. Com esse tom ruivo que tu tens é perigoso.

E chapéu na cabeça!

E t-shirt.

O rabinho pode andar ao ar para ver se perde o ar de pastel de nata antes de entrar para o forno.

Diverte-te!

A tia Lizzie ainda tem mais duas semanas para penar. Coisas de grandes.

Beijinho na bochecha.

o Reverso disse...

Lizzie´

...com o seu toque de contorcionismo e artes marciais.


julgo que terá, talvez, muito a ver com "tai chi" (que ando para experimentar praticar há uns tempos mas ainda não me dispus. só como experiência. vamos a ver).

um bom fim de semana.

Anónimo disse...

mandou ler este texto

com ar sério


lemos
lemos
lemos



só trabalho


má :-D

Lizzie disse...

Estimado Triliti:

Pois que penso que a tal influência de arte marcial não terá muito a ver com o tai chi.

Tudo o que vi desses orientes (em geral, claro) é mais gesto brusco e tempos puxados ao máximo.

O tai chi é um excelente exercício físico de flexibilidade e tonificação da maquineta.
Parecido com umas práticas inglesas de aquecimento muscular utilizadas por algumas companhias de dança. Aliás foi nele inspirado.

E tai chi para mim não funciona (a tal inglesice sim) porque me falta a parte mental da questão.
Não sou nada dada a filosofias orientais.
Sou mais de pôr o espírito num crepe chinês e num chao-min de galinha que o pensamento a vaguear na estratosfera do que, por cultura e nascimento, não faz parte dos meus valores.
Também gosto mais de chá de jasmim que de yoga:)

Se calhar é do meu signo astrológico.))
tivesse nascido noutro mês e, sei lá...

Uma descansada semana para si.

Lizzie disse...

Ai eu é que sou má?

Têm aqui (e ai, ai que vai mandar ler o outro) a papinha quase toda feita e sou má?:))

Não foi post a pensar em Vossas Excelências, mas disseram-me que parecia uma cábula. Vê lá tu!:))

Muita merda para vocês. Não vou poder estar aí de corpo mas estarei d´alma.

Come gaspacho por mim. E boquerones:) com uma caña bem fresca. E...

Saudades

Arábica disse...

Zizzieeeeeee?

então como se está aí por cima???

:))

Lizzie disse...

Arábica

ai coitadinha de mim que ainda ando cá muito por baixo.

Até a altitude da cama me parece um arranha céus, com vista deslumbrante:))

Ou ando muito pesada ou é um esforço hercúleo desapear-me dela e pousar os pés no chão:))

Quanto mais o miradouro na árvore...
abandonei-me lá por uma escassa meia horinha, sol já tombado, e com o João Pestanudo encostado ao ombro. O que vale é que botei umas cordas à volta dos troncos, assim tipo ringue de boxe, não vá ele encostar-se tanto que me entorne árvore abaixo.

Agora vou ao reforço da vacina anti-tetãnica, ou seja:

vacina=injecção
injecção=pãnico
pãnico=fobia
fobia=agulha
agulha=fuga
fuga=cem metros barreiras em três segundos

até dava uma performance no CCB ou na Culturgest.


:)))

Arábica disse...

:)))

Alien8 disse...

Ah, Lizzie, então foi deste que vieram os célebres "happenings"!!!

Não é possível deixar de apre(e)nder uma lição tão bem explicada e ilustrada, como outras que por aqui tenho encontrado.

A abrangência de artes diversas, a comparação, as interligações, são fascinantes - já para não falar nas filosofias e ideologias.

Coisa digna de porquinhos vietnamitas, mas esta é mesmo muito críptica, que daqui não sai nada :)=

Um abraço!

Haddock disse...

...

atirava aleatoriamente moedinhas e papeluchos para o chão?? marcações esquizofrénicas no espaço na tentativa de lhe dar ordem?? e isto mesmo antes de se abrirem as pesadas cortinas... para total chilique dos bailarinos??

bem... estivera lá eu e, obviamente, demitia-o!! ou, no mínimo dos mínimos, exibia-lhe um figurativo plié e virava-lhe elegantemente os costados!!

convenhamos, lizzie,
além dos cenários... (e só alguns - que se consomem num ápice!) era tudo uma imeeeeeeeensa chatice sem sentido, sequer estético!!
meras intelectualices!!

perdoai-nos, mas andamos a modos que de trombas e depois vai tudo à frente!!
******... pois.


vénia...

Haddock disse...

...

atirava aleatoriamente moedinhas e papeluchos para o chão?? marcações esquizofrénicas no espaço na tentativa de lhe dar ordem?? e isto mesmo antes de se abrirem as pesadas cortinas... para total chilique dos bailarinos??

bem... estivera lá eu e, obviamente, demitia-o!! ou, no mínimo dos mínimos, exibia-lhe um figurativo plié e virava-lhe elegantemente os costados!!

convenhamos, lizzie,
além dos cenários... (e só alguns - que se consomem num ápice!) era tudo uma imeeeeeeeensa chatice sem sentido, sequer estético!!
meras intelectualices!!

perdoai-nos, mas andamos a modos que de trombas e depois vai tudo à frente!!
******... pois.


vénia...

Lizzie disse...

Alien,Verdito Mío:

o criador, melhor, inspirador dos happenings não foi só esta criatura. Houve outras até ligadas à arte conceptual.

O cúmulo desta última vi eu, até me levantado e saído que a modos que tinha mais que fazer: um senhor francês como Deus o botou no mundo, só que com mais pêlos, sentado imóvel numa cadeira a praticar dança conceptual, ou seja, a imaginar o que estaria a dançar se mexesse o rabinho dali:))

Dada a atenção dos espectadores, concluí que a única não telepata ali era eu.
Tu como és extraterreste talvez visses mais qualquer coisa.:))

Depois o dito "bailarino" fez uma dança em que vestiu o pénis de bailarina clássica e era uma tristeza porque, coitadinha, faltavam-lhe as pernas e os braços.

A crítica achou genial.

E nenhuma arte vive sózinha. Alimentam-se e vampirizam-se umas às outras. É aí que está a graça.

E olha que conheço um porco brincalhão que faz uns desenhos na terra com as patas, assim circulares, e vai daí, uma pessoa que é especialista em notação coreográfica (não eu, note-se)olhou para aquilo, espantou-se, porque estava ali material do fim do séc.XVIII. Tal e qual.

Será o bicho alguma reencarnação que engordou com a idade?

Obrigada e um grande abraço!

Lizzie disse...

e, Verdito, logo lá irei ao de baixo. Tom Jones, o mineiro?:))

Lizzie disse...

Capitão:

sabeis quem depois apanhava os papelinhos e as moedinhas? Pois a tal eram obrigados os bailarinos!

E com dores nas cruzes. Sem ai nem ui. Imaginai, ao fim de um dia:manda-apanha, manda-apanha.
Mas alguns gostavam da tarefa porque era uma participação directa no acto criativo. Fomos de conhecer dois que pareciam fazer parte do "povo eleito". Seguidores discípulos servis de "Deus" que lhes transmitiu as peneiras.

Agora usam-se mais garrafas vazias de água não alcoólica, daquelas de plástico

(esta vai-nos custar cara mas já andamos enjoadas de ver tanto voo garrafal nos palcos e achamos que a tarimba do plié não faz mal a ninguém e, nessas coisas somos de ser militares, aqui onde nos ledes).

E quanto a intelectualices, sabei que ainda não há muito tempo, estávamos nós de cavaqueira em esplanada no Chiado e saiu-nos boca fora uma heresia quanto ao Merce e vai uma senhora, muito intelectual e ideológica que percebe tanto de dança como nós de mecãnica de automóveis, ia tendo uma apoplexia e tanto esbracejou e levantou a voz contra a nossa tacanhez, que ficámos surpreendidas como não se ouviram palmas face ao hiperrealismo do happening.

Sabeis que há quem fale bem mas o difícil é perceber o que dizem.
Como sempre, reprimimos o riso, e ficámos britãnicas e portuguesas que nesse dia não tinhamos acordado espanholas nem judias.

Pensámos noutra coisa e observámos a coreografia do acaso dos pombos atrás das migalhas das torradas ao som de Simon and Garfunkel cantada por um errante artista à espera de moeda.
Achamosia um primor exemplificativo da "fenomonologia".

As melhoras de vossas trombas.

Também andamos de face descaída, a precisar de asteriscos.

Continência

Arábica disse...

Oh Senhora de Limões e artes várias, venho desejar uma fuga plena de satisfação, dos pós terrestres para esse seu novo farol, ainda que sem mar à vista :)

Não lhe bastava ver os limões, pois não?? :)

Fiquei pelo tempo suficiente, de ler tudo de fio a pavio, solidáriamente triste com a bailarina sem braços ou pernas, mas ainda mais com as cruzes fustigadas das outras, a quem membros não faltavam.

Gostei da sessão de Tai-Chi de 2 horas que fiz há uns anos atrás.
Talvez porque foi executada num bosque, rodeados de carvalhos centenários, lá para as bandas do Bom Jesus de Braga. E também gosto de Yoga, que tão bem me fazia.
Acompanho-te ainda assim, com o mesmo prazer em crepes, chao-mins e chás de jasmim :)

Bom fim de semana, Zizzie, besos.

Anónimo disse...

ufffffff


parecia que estiveste lá


sempre

agora a caminho daí


obrigada
obrigada
obrigada

Lizzie disse...

Arábica:

pois que se fosse a aula de ioga, o mais provável era imaginar-me em autoestrada a duzentos sem radares nem polícia de trãnsito..))

Para mim não dá. Não consigo manter o espírito quieto na disciplina de meditação:)
e se um prego estiver no meu caminho espeto-o mesmo. Para faquir também não tenho jeito. Tenho mais para colchões confortáveis:))

Por acasos tenho que apanhar limões para levar para o farol que me estão a dar ganas de ir ver o mar nem que seja para comer gazpacho fazido a la Madrid já que do de Sevilha não gosto muito.))

Bom fim de semana que vou a correr antes que os limões fujam.

Coitadinha da bailarina amputada!
Bom fim de semana.

Besos

Lizzie disse...

Então estou eu cheia de pressa e apareces tu!

Já sei que correu bem. Felicidade.

Não sabia é que tinha o dom da ubiquidade.

Parabéns!

Volta lá para o país à beira mar plantado para dar descanso aos calamares, coño:))

Boas férias.

Beijinho a modos que estoirado.

Alien8 disse...

Lizzie,

Olha que sim, o porquito pode ser uma reencarnação, isso é que pode!

Contrata peritos e depois vai à TVI :)))

Quanto à dança conceptual, hmmm, dança conceptual my a.., para usar uma expressão cara aos súbditos de Her Magesty e sobretudo aos seus descendentes transatlânticos, faz-me lembrar umas cenas a que assisti em tempos, e que te hei-de um dia contar, envolvendo um certo grupo teatral que levou à cena "Macbeth, o que se passa na tua cabeça?", com a assistência, sobretudo os membros de um grupo de teatro rival, a dirigir aos actores, além dos previsíveis "elogios", o gesto que Bordalo imortalizou! De morrer a rir. Vi aquilo empoleirado nas traves dos bastidores. Mas depois falaremos disto... se vier a calhar.

Um abraço.

Lizzie disse...

Alien:

my a..., ou em certos casos a pain in the a...

em espanhol, bom, por el cul... atoda a hora e instante quase em rivalidade e competição com o tão corriqueiro coño.

Pois se até a ministra da cultura diz tais coisas...:))

E essa história deve ser engraçada, se vier a propósito, claro.

Dead Theater, com diria Sir Anthony Hopkins?

Oh Dear...:))