quarta-feira, 15 de julho de 2009

Quis a hora que o sol , entrasse pela porta, acompanhado da dança das folhas de um limoeiro, e fosse bater num livro esquecido, na estante, mostrando-o ao meu olhar sonolento, logo acordado como a um chamamento.

Estava ali, aquela capa dura e antiga, com duas vidas, enfim, amarrotadas, em diálogo, lá dentro, ou, melhor dizendo, mais um exemplo de como um livro pode ser uma espécie de


Balbúrdia dos espelhos cegos


Consta que Lucia Lopresti, italiana nascida nos finais do séc.XIX, era criança burguesa, sorumbática, altiva, snob com laivos de frivolidade à la carte, mas muito dada a leituras e intelectualidades várias.
Abreviando, deitou por terra o nome com que nasceu, e adoptou o de uma amiga de família, senhora de suprema elegância e mistério, chamada Anna Banti. E assim viria a ficar para a história, sobretudo para a das batalhas acesas entre feministas ( a vitima que alerta para os perigos da submissão) e madonas mais defensoras do recato feminino e guardião do lar.

O livro mais importante que escreveu, Artemisa, haveria de a colocar no centro da tal balbúrdia, que neste mundo, olhar para santa ou para demónia depende tão só e apenas das dioptrias que se usam na alma.


A dita Anna, respeite-se a sua vontade, dedicou-se plenamente à escrita, à história de arte e à critica, atingindo alguma respeitabilidade no meio.
Até casar com um seu professor chamado Roberto Longhi. Dizem as más línguas que ela casou com ele mas nunca ele com ela.


E toda a vida se sentiu inferior ao marido, mantendo uma atitude de reverência ao génio. Mas já lá vamos ao desenvolvimento que espero sucinto.

O eminente ditador de opinião e do gosto, apresentou-a a Artemisa Gentileschi, uma pintora barroca da escola de Caravaggio, que teve a ousadia de, sendo mulher, usar pincéis e tintas para evocar temas mitológicos e religiosos, coisa impensável, ao tempo, na generalidade das cortes europeias, à excepção da de Charles I de Inglaterra, por onde Artemisa passou, atrás do homem que lhe haveria de comandar a vida: o pai (considerado, mesmo à luz da época, mais empresário egocêntrico que dedicado e zeloso progenitor).

Resumissem-se, pois, as mulheres a pintar (riscar) flores e líricas naturezas mortas, motivos mais adequados aos seus parcos cérebros derivados de neurónios de costelas.



Aliás, a tal Artemisa foi “esquecida” e abafada pela Igreja durante séculos, atribuindo-se a autoria, e a violência viril dos seus quadros, ao pai Orazio do mesmo apelido. Assim se determinou por invisível decreto.



Anna tornou-se amiga para a vida do fantasma de Artemisa.

Esta encomendou-lhe, do além, uma espécie de testamento teimoso que começa pela frase que haveria de entreter a dita balbúrdia ideológica: non piangere (não chores).

Anna escreveu tal prosa encomendada duas vezes: o primeiro manuscrito ardeu num bombardeamento da 2ª Guerra.

Com alterações, reescreveu toda a prosa que soa a desabafo acomodado, ou a ironia sarcástica (palavras chave na contenda), de auto-retrato. Cada um, ou uma, puxa a interpretação da obra à sua brasa.

Artemisa , teve vida agitada e não feliz. Andou de terra em terra, foi raptada por um mestre perfeito, violada, amante clandestina de um homem para si ideal, andou com a virgindade perdida pelos tribunais e finalmente casou (para lavar a honra do pai) e teve filhos, com quem admirava, agradecida, mas nunca amou.

Apesar disso, conseguiu continuar, até à morte do pai, o seu labor no território masculino, sempre afirmando a sua feminilidade.


Para as mulheres do início do séc. XX, incluindo as suas admiradoras, pela obra, Isadora Duncan e Martha Graham por ex., tornou-se um modelo pioneiro de como todas as actividades artísticas desenvolvidas pelos homens podem ser exercidas pelas mulheres, dependendo tudo, tão só e apenas, de uma questão de localização histórica e não de capacidade criativa.

Mas

Artemisa, de vida localizada no séc.XVII, era humilde.

Sempre referiu, à linguagem falada e escrita da época, a necessidade de qualquer mulher ter um mentor, homem de bem, que de mal também serve, que lhe oriente a vida.
Ninguém sabe se, na tal forma de fantasma, ditou a Anna as virtudes femininas que esta enumera no seu livro: a humildade para servir a carreira do homem (marido, pai, filho, irmão, sobrinho, tio,etc) dignificando-se através do seu sucesso, abnegação de si em prol da imagem social, fragilidade, condenação, pela ordem natural da nascença das coisas, a engolir a seco desgostos e eventuais solidões. Tudo sem qualquer tipo de questões quanto ao rumo. Obviamente. Os efeitos secundários das perguntas são dote masculino.



Artemisa sempre se apresentou como filha de Orazio; Anna, mesmo viúva, nunca deixou de pôr o nome de Roberto como cartão de visita. Orgulho por ter sido escolhida por Roberto. Uma espécie de certificado de garantia passado por Roberto. Uma esmola da clarividência de Roberto.



Quando assumiu direcção da revista cultural Paragone, de que o marido foi fundador, não lhe alterou a linha de pensamento.

Se bem me lembro, lá estão umas sovas opinativas, em escrita pomposa e contorcionista, a algumas mulheres afoitas de corpo inteiro como Pina Bausch ou Trisha Brown, referidas como masculinas na sensibilidade.

E se o seu Artemisa é dedicado a Roberto, bem como o lamento de viuvez que escreveu sob o nome de Un Grido Lacerante, a verdadeira antiga Artemisa dedicou os seus quadros a Orazio, fonte de toda a luz.

E mais: se ao longo de toda a obra de Anna se repetem as palavras desgosto, choro, grito, no trabalho de Artemisa repetem-se cenas metafóricas de vingança, amputação e dor. Para as feministas dos anos vinte e pós modernas dos sessenta, são imagens de verdadeira representação gráfica da justiça desejada.



Susan Sontag, considerou o ditado da fantasma como um extraordinário manifesto feminista de superlativa e subtil qualidade literária.

A representante da espécie de Mães de Bragança italianas, como um manual de bom senso e de como o trabalho, seja ele qual for, deve manter a ancestral, e por divina determinação , virtude da passividade feminina.

Qualquer mulher, feminina, que se preze, deve gritar muda e queda.


Eu, tenho a vaga ideia, de me ter deitado outra vez no sofá, então já a olhar para a dança nocturna e fresca da folhagem do limoeiro.

Se os livros saltaram da estante e se envolveram em brigas, bulhas, gritos, choros, lamentos, confidências, risos, debates, braços de ferro, posses de verdades, telepatias, não dei por isso. Adormeci!
Quando acordei, estavam desarrumados, como sempre, provavelmente em coerência com a balbúrdia dos sentimentos ao longo dos tempos.

Que me lembre, nenhuma sombra me segredou ditados ao ouvido.


E além de dançar folhas, o limoeiro, ou a limoeira, está mais preocupado em dar limões que em reportar guerras folhadas de ideias.
É o que me parece!

34 comentários:

Frioleiras disse...

interessante.....

e 'vero'

pois...................

tu lá vais encontrando histórias...
(q são sp mais ou menos oportunas...
mesmo que contem histórias passadas em aldeias cujos telhados são de telha e não de cristal......................)

Lizzie disse...

Frioleiras:

encontrando e lembrando.

A propósito (isto de ser desarrumada tem destas coisas)

não sei onde tenho uns livrinhos antigos,

comprados num alfarrabista com loja decorada à fairy tale,

onde constam vários processos em que os telhados de cristal se partem todos (alguns viram até lusalite), e onde consta, precisamente, o da pesquisa da virgindade da Artemisa, aquela complicação da Catarina de Aragão e mais vários, cada um mais humilhante que o outro.

Credo!!Que métodos!

E histórias há muitas.
Qualquer dia conto a do bailarino, que afinal era bailarina, no tempo em que as mulheres estavam interditas ao baile enquanto espectáculo.

Ou aquela da Virginia Woolf...

Enfim, tantas.

Acho graça às histórias e aos arredores delas. As aldeias fazem sempre parte de uma terra maior.

Haddock disse...

e depois há as mais discretas, mas que, nem por isso, deixaram de merecer registo e até literário (pena ter sido feito por fidalgos novecentistas...). ocorre-nos, a título de exemplo, aquela que ficou conhecida por "morgadinha dos canaviais" e cuja existência não foi de todo ficcionada, mas tão só brutalmente suavizada!!
"madalena constança" era, não só na essência mas na atitude, uma libertária!! uma jovem mulher, supostamente fora de tempo, que casou com quem quis, que se revoltou contra párocos e bispos, que mandou açoitar maus maridos e que criou a primeira indústria de lanifícios, que dava preferência no emprego a mulheres e com salário igual ao dos homens.


entre ficção e realidade, quanta imaginação não pode haver!!


vénia...

Lizzie disse...

Capitão:

da Morgadinha não sabemos. Gratas pela vossa informação.
Por motivos nossos, somos mais "pupilas" do dito fidalgo.

Mas a Madalena Constança e as suavidades literárias, fazem-nos lembrar uma dama do Maine que, também ela, foi mote de prosas.

Vede: a dita, no início do séc. XX, foi professora, como era hábito em filha de advogado, médico ou outro liberal.
Casou com herdeiro industrial diletante e estróina.

Às tantas, mandou construir um anexo à casa principal para alojar o marido ínutil mais cunhados; tomou conta da industria de botões e ampliou-a para mais cinco ramos;
deu emprego e pagou formação superior a mulheres;
mandou fazer escolas;
fundou uma fundação (passo) sem ter o seu nome (parece que era discreta);
instituiu um prémio, com bolsa, para jovens artistas (também sem o seu nome).

A graça está em que os "fidalgos" literários se apegam a que era histérica, ditadora e sem ter o plácido sentido maternal nem o da multi abrangente compreenção conjugal. São mais as "patologias" que os feitos. Estes passam quase em rodapé.

A versão de damas escritoras,fala do trabalho, do carácter pioneiro, da força, do cansaço, dos dilemas interiores.

Somos de achar que o nosso limoeiro, se fosse dado a exprimir pensamentos, diria que há situações universais.

Somos de concordar com a vossa conclusão.

Continência

Arábica disse...

Lizzie,

...pois parece-me que já recuperaste! :)

Que inveja ter um limoeiro que desperta e leva a recordar paginas lidas de vidas passadas!

Não ouvi gritos, nem vislumbrei qualquer sombra, com excepção da sombra que as mulheres, ao longo dos séculos, tiveram sobre si.

Por coincidência, trago "novidades" de uma outra personagem, já aqui falada anteriormente e da qual tinhamos perdido a memória do nome da autora. Pois, a tal Brigitte, solteira e depois casada com Olivier o pintor, nascida e criada em Paris :), colecção que para meu espanto, acaba de ser reeditada!
Fará sentido?
Não sei.
Mas tirei as dúvidas sobre o nome da autora: Berthe Bernage.

O gesso continua solidamente, impondo-me impotências.
Pior que outro qualquer marido tirano. :)
Confesso-me sem palavras, anémica de qualquer poesia ou mesmo morta para qualquer inspiração mais elevada.
Estender roupa, fazer uma tarte ou qualquer outra domesticidade comum, é a poesia urbana que me rouba toda a criatividade <:)

Melhores dias virão :)

Beijos.

Anónimo disse...

o que por aqui se aprende.........






sempre...............

Alien8 disse...

Lizzie,

Ora, para o que te havia de dar o limoeiro!

Contas-me coisas que desconhecia, e e refiro-me aos factos, que a moral das histórias não é nova para mim, naturalmente. É interessante ver como as ideias e as práticas evoluem ao longo do tempo. É talvez possível pensar que os avanços não podem ser sempre súbitos e miraculosos (também os houve e há), mas não deixam de ser avanços e de dar base e causa a outros... e assim se mudam os tempos e as vontades.

Fico a pensar nas subtilezas da relação matrimonial ou amorosa e nas influências que a "reverência" (ou amor? Ou admiração?) pela outra pessoa pode causar no pensamento e na escrita que se pretendem libertários. Tenho dúvidas de que o pensamento abstracto não esteja, de algum modo, nesses casos, condicionado pelo concreto, se é que me entendes, e sei que entendes:)

Não tomes como crítica as minhas elocubrações,prego!, porque são antes pelo contrário. :)))

Um abraço.

o Reverso disse...

...e, nestes dias de calor, como sabe bem uma boa limonada . não uma limonada das que se vendem já engarrafadas, mas das que se fazem com verdadeiros limões.

e como sabe bem, também, um post como este...

o que por aqui se fica a saber...

Lizzie disse...

Arábica:

hoje ainda estou mais recuperada:)

O mar,a teimosia e uma antipatiquíssima meia elástica (parece-me uma daquelas mitológicas tias velhas)são grandes terapeutas.

Tive o pé tanto tempo de molho na rebentação que nem sei como não me nasceu um limoeiro salgado dos dedos.))

Como tive uma revelação (sem fantasmas nem sombras), em que vou começar a trabalhar, disseram-me que me nasceu um limoeiro na cabeça.

Se vires um ser escuro com folhagem a sair dos ouvidos, sou eu!

Fazer tartes com o braço engessado? Não arranjas nada menos trabalhoso?
Salada de atum, ervilas com ovos, bifes com batatas de pacote?

Estender roupa é uma chatice. Com canadianas é acrobático. Até os pássaros se riram. Os bichos de conta enrolam-se com o susto.

Quanto a sombras, bom, algumas mulheres não as tiveram outras, continuam a tê-las.
Continuo a ouvir ditos de mulheres:

lá em casa quem usa calças é ela...
gosto de gambuzinos mas como ele não gosta não compro...
o marido da x é meio amaricado...
aquilo não é homem não é nada...
foi violada porque o provocou...
elas são piores que eles...
elas metem-se debaixo deles...
pôe-se na galderice em vez de ir tratar da casa...
nem deve saber estrelar um ovo...

E da Brigitte, confesso que não sei nada:)) Obrigada pela tua pesquisa.

Melhores dias hão-de vir. Espero bem que sim.))

Lizzie disse...

anónimo:

pois que não sou professora.

Sou só curiosa e coscuvilheira, mas no bom sentido. Acho eu!


Já aqui tenho dito que toda a gente aprende com toda a gente.

Lizzie disse...

Alien, Signore:

Também não acredito em mudanças súbitas e bruscas. Há uma parte cultural que se arrasta, para além da história pessoal de cada um.

De vez enquando há uns empurrões para a evolução das mentalidades. Estou-me a lembrar, p.ex. da Movida de Madrid.Talvez Espanha não tivesse evoluído como evoluiu sem ela. Já ninguém estranha que um amigo meu tenha optado por ficar em casa ( em tele trabalho)e a cuidar dos filhos enquanto a mulher anda em suores de doutoramento. Com o apoio incondicional dele. Ainda por cima ele é de Madrid e ela nasceu em Barcelona:)))

Quanto a reverências, amores e admirações, acho que são coisas absolutamente diferentes.

O amor e a admiração não implicam a amputação da própria personalidade. Pode-se amar e admirar, mantendo ideias próprias. Mantendo a identidade. Se calhar ambas as partes ganham com isso. É estimulante. Pode influenciar, de modo criativo, as obras.

Dos casos que conheço de reverência e não sendo psicóloga nem psiquiatra nem congénere e sem fazer qualquer julgamento positivo ou negativo, parece-me haver da parte do reverenciador/a, uma certa infantilidade.

O parceiro/a é visto como o adulto que trata de, que protege, que sabe muitas coisas, que toma decisões. O eterno pai, ou mãe, muitas vezes mitificados como seres modelo. Ideais.

Por razões de História, é mais frequente nas mulheres. Embora alguns homens conhecidos assumissem o papel de filhos. O meu querido Klee, por ex.
Além de aspectos matrimoniais, não posso deixar de associar a obra dele, às notas musicais que a mulher ensinava.

Enfim, não se pode cortar nada em fatias e arrumar em caixinhas. Nem História, nem sentimentos.

E adoro as tuas elocubrações (tive que ir copiar senão haveria confusão de letras)!

De "pregos".))) é que não posso ouvir falar nos tempos mais próximos..)) embora hoje já tivesse andado de martelo na mão. Aqui onde me lês, sou mulher mas sei martelar! E não desdenho uma boa chave de parafusos nem fio eléctico.:)E as chaves inglesas?

Muito martelei em vingança:ora toma, pum, toma pum! Ai, coitadinho! Mea culpa do traumatismo craneano do martelo.


Abraço e boa semana.

Arábica disse...

Lizzie,

bem, nem sei por onde começar :))

imaginar-te nesses preparos de limoeiro em flor parece-me uma imagem deveras feliz :))
Já com a velha tia elástica enfiada pela canela acima, o resultado é diferente, fico solidária contigo:)) sei o que é de guerras passadas :))
Água mole em pedra dura....já se sabe que o resultado da teimosia foi positivo :))

Ervilhas com ovos fiz ontem.
A tarte pode-se comer de forma elegante e simpática à dentada e os ingredientes são de fácil manipulação, pelo que é de repetir.
Já o bife.:)
Como o corto, como o como? ;)
Recuso-me (por enquanto) ao festim da carne "à la troglodita" :))
E vivam os jaquinzinhos fritos do café da esquina :)

Quanto à Brigitte, julgo que era a Emma que se lembrava. Não precisei pesquisar, quando a semana passada fui comprar o "mundo sem regras" de amin maalouf, a dita estava em repouso num dos móveis da entrada.
Percebe-se, tinha acabado de chegar do século passado, ainda não refeita do peso das malas e dos albuns de fotos :)) assim me pareceu. Um pouco atónita com a quantidade de pessoas que, febris, passeavam pelo chiado num chorrilho de línguas estrangeiras.

:) Beijinhos e que venham as limonadas "made by Lizzie"

Lizzie disse...

Triliti:

"prego", veramente, no parlate de limone que sou viciada em limonata e o limoeiro não está aqui ao pé de mim. Que cosa!

Limonada engarrafada só da Don Simon.
De resto, ai Triliti, é ir apanhar limões ao hermafrodita e ninfomaníaco do limoeiro (permanentemente grávido em qualquer estação), botar no espremedor, pedras de gelo (sem ser o picador da Sharon Stone no filme, que a bem dizer, prefiro a pintura mais artistica da Artemisa) e ir saborear a frescura para a esperguiçadeira (ainda somos parentes por parte do dolce far niente).

Ainda bem que gostou do paladar do post, embora seja, enfim, um pouco ácido. Doces com calor, só mesmo um gelado italiano mas com pouco açucar.

Os meus habituais respeitos

Arábica disse...

E volto agora, depois de almoçada em ervilhas. E este segundo "round" pareceu-me mais saboroso que o de ontem.

É realmente verdade, que ainda hoje, a sombra existente sobre certas mulheres (e homens!!), parte de outras, quais jardineiras com mestrado em poda, prontas a cortar pela raíz qualquer sinal característico de invulgaridade.
São pela "normalização" ou não querendo tb adiantar julgamentos de valor, talvez não "vejam" mais do que lhes é dado ver, sem saírem da sua cultura, sem se atreverem a saltar o muro (baixo mas pesado), do que lhes foi ensinado.
Teriam que pôr em causa outros tantos maridos, mulheres e bispos.

Corriam o risco de nunca mais serem as mesmas.

Já viste a carga de trabalhos e o disparate? :))

E vou-me. A digestão requer-me sombra :)

Lizzie disse...

Arábica:

A velha tia elástica apanhou água salgada. Secou. Encolheu.

Para a tirar houve quem sugerisse a tesoura. Mas a tia tem vinte e tal anos, foi feita especialmente para mim e rejeitei tal cirurgia mortifera.
Foram precisas duas pessoas (além de mim, esticada), um alicate, muito disparate e riso, ais e "coños", vinho verde,ameijoas, peixe assado, batatas a murro, para a tirar. Mas saiu e a perna ficou inteira. Graças a Deus.

Para comer bifes:
encaixas o garfo entre a palma da mão e o gesso (deve ter uma pequena folga);
esticas os dedos, se conseguires, para o segurar e espetar;
cortas o que tens a cortar;
comes, depois, à americana e à espanhola: só com o garfo, utilizando a mão boa.

Gosto de jaquinzinhos, mas trincho-os: não como as cabeças nem a espinha. Dá muito trabalho.

A Brigitte já não deve ter cabeça para confusões. Vejo-a mais nas termas ou na Corporacion Dermoestetica em conversa com a Barbie.:)) Se a Artemisa e a anna Banti também lá estão, isso talvez o limoeiro saiba:)

Beijinhos e as melhoras com teimosia.

Arábica disse...

:)) eu quero depois do gesso, um braço elástico com direito a essas iguarias :)) Confesso que comprei vinho verde para acompanhar as ervilhas, mas não consigo sacar a rolha! grrrrrr :) estás a ver a impotência???

Os dedos movem-se (já dei com eles a dançar de forma desinibida) mas não posso imprimir qualquer tensão muscular, sob o risco de desalinhar o rádio
(imagino sempre nesta altura da conversa um velho rádio a cair ao chão e a desintegrar-se em muitas peças),por isso o bife está guardado para os jantares partilhados, quando com um ar angélico digo para quem me acompanha, não te importas de mo cortar??? :)

Não me parece que a Brigitte se entretenha a conversar com a Barbie, mas como ela não era preconceituosa, tudo pode acontecer. Também não a julgo com tendencias dermocosméticas. Vejo-a, ao fechar da loja, sorrateiramente a cuscar todos os livros editados, no entretanto destas 4 décadas de cativeiro.
A maravilhar-se com alguns e a ficar perplexa com outros. Desafiando a sua osteoporose, deve andar a dançar entre escadotes e escaparates :).
Sim, porque agora que já se libertou da sua missão pedagógica de fada do lar no século XX, resta-lhe curtir o que o seguinte, tem para lhe oferecer :)

Libertemos as personagens do seu destino :)

Lizzie disse...

Arábica:

a evolução fez-se sempre com desarranjos ou em consequência deles. Nunca nada é muito pacífico, seja em que campo fôr.

E se há pessoas que gostam de dominar, o problema é que, até às vezes por uma questão de conforto, há outras que gostam, ou precisam de ser dominadas.

Independentemente da vontade do "dominante". Às vezes não o quer ser. Esse papel é-lhe dado. É-lhe imaginado. É-lhe construído. É uma projecção de um sonho e de uma necessidade.

Enfim, cada pessoa é o que é. Não é "justo" que tenha que "ser" o que se quer dela e não lhe está na natureza.

Alguma mulher podia esperar que o Picasso fosse eterno esposo fiel e pai dedicado?

Ou o Dalí andasse com trezentas mulheres?

Ou que a Marlene Dietrich se tornasse dócil dona de casa?

Mais depressa caberia um prato de ervilhas com ovos escalfados entre o braço e o gesso:))

Que sesta dormiria agora...

Arábica disse...

É verdade, sim.
E todas as vidas e todos os perfis têm o valor que têm, no curso do tempo e da História das sociedades, onde se inserem.
Valem por si mesmos.

Mesmo assim, depois dos últimos comentários fiquei a imaginar as tuas personagens (vindas do post)com as outras duas (trazidas dos comentários), numa conversa.
Muitas vezes a palavra perdulária veio à baila. :))

Sesta?
Não podes.
Pega mas é na cesta que
tens de colher limões, lembras-te? :))

Bom, isto hoje foi uma overdose de conversa. Hora do recreio plena.
Sigo para os claustros, para te deixar no teu "sumo" recolhimento.

Besos

o Reverso disse...

vou já deitar-me e de alma regalada.

e porquê?

- encontrei por aqui o "meu" caro capitão com quem mantivesteis esclarecedora e interessante conversa. (que me fez recordar com alguma saudade a morgadinha do júlio, que foi leitura obrigatória nos meus tempos do liceu gil vicente.

- e a saudável cavaqueira (apesar do gessos e das canadianas) com a simpática arábica.

e assim, nem mais sinto mais necessidade de ir passear-me por outras casas (embora goste delas) e vou dormir, tenho a certeza, regaladamente.

obrigado a todos

o Reverso disse...

"mais sinto mais necessidade"


é demais !...


boa noite.

Lizzie disse...

Arábica:

Pois, a Brigitte, que não conheço, terá agora o cabelo pintado de louro menopausa? Calças cigarro às ramagens? Suponho que rejeitará as leggings de lycra ou o fato de treino para ir ao continente comprar o Activia adelgaçante.

A última vez que falei com a Barbie, reparei que arrumou o duplo queixo atrás dos pavilhões auriculares. Já lhe vai faltando força nas pálpebras para segurar as pestanas postiças. Andava desconfiada que o Ken estava apaixonado por uma pré adulta tartaruga Ninja.
Mas como ela passou uma noite com o Ronaldo...open mariage.

Não tenho nada a ver com isso,fiquei calada, embora a Anna Banti tenha dito que o Roberto disse que se trata de um comportamento desestruturante da interacção do núcleo familiar, na proporção inversa da simbiose dos sexos, cabendo tal desvio na hermenêutica históricamente atribuída, à pujança sinergética masculina, anatómicamente inerente al huomo.

Truman Capote vestiu-se de freira e risse para dentro.

A Artemisa chorou imenso e como se actualizou, fez uma instalação-vídeo em que Judith leva Holofernes a ver o Real Madrid jogar com o Milão, a beber cañas e depois ao talho, onde lhe corta a cabeça que depositou no eco-ponto.
Como o vídeo é a preto e branco, não sabemos em qual.

Por encomenda artemisiana, Anna escreve um poema visual.

Estou à espera das férias para dormir as sestas que me apetecerem.

Ontem apanhei mesmo limões. O limoeiro tem que ser aliviado de tanta descendência senão fica corcunda dos ramos.

Os frutos, a esta hora, já atingiram terras de Espanha.

Então hoje qual é a comida permitida pelo gesso?

Para abrir vinho, entalas a garrafa nas pernas cruzadas, seguras ligeiramente com o gesso e o saca-rolhas faz o resto:))

Ora aprende!


:))

Lizzie disse...

Estimado Triliti:

Folgo que tenha tido uma noite descansada. A minha não foi coxa de todo e devo ter adormecido mais ou menos por essa hora, depois de ter assassinado duas mosquitas incómodas, ter limpo a prova do crime da alvura de gesso da parede, e ter ido fumar um cigarro, em simbiose nicotínica com o aroma genuíno do limoeiro completamente diferente do anunciado em detergentes.

Ou no Liceu Nacional da Rainha Dona Leonor não se falou da Morgadinha, ou estou com amnésia.

Do aristocrático nome de Constança só me lembro de uma colega hippie, que ostentava farto buço, carpélio nas pernas, fartos seios flutuantes e soltos, cabelo donde sempre se esperava ver sair ratazana a sacudir o pano do pó. Isto a olho nu, que sempre fui dispensada das aulas de ginástica, por já a ter em demasia até nas corridas para metro e autocarro para ir para outras lições e trabalhos.

O que a gente muda...:))

Também acho graça a estas conversas, sobretudo quando se brinca com coisas sérias.

Continuação de bons regalos da alma. Se pudermos todos contribuir para isso, é grande o meu contentamento.

Fique à vontade, sente-se no sofá que mais lhe agradar.

Respeitos

Lizzie disse...

Errata Discreta:

O nome de Constança (a hippie)corresponde a um apelido, no meio de uma vastidão deles, e não a nome próprio.

Apenas um pequeno núcleo tratava a criatura por tal nome, por razão que a reserva da vida privada,de toda a gente envolvida, me impede de descrever.

Atenciosamente

Lizzie

Canto da Boca disse...

"... e, já agora..." cá estou a ter mais um espaço para estar, sentir e me entreter.
Vou voltar tantas vezes, sei que vou.
;)

Lizzie disse...

Canto da Boca:

...e, já agora...volte sempre:))

E não precisa de bater à porta. Costuma estar aberta por via dos sóis e das luas, das estrelas e dos cometas, que trazem luz.

E obrigada!

Alien8 disse...

Lizzie,

:)))))))))))))))))))))

E só mais uma coisinha:

"O amor e a admiração não implicam a amputação da própria personalidade. Pode-se amar e admirar, mantendo ideias próprias. Mantendo a identidade. Se calhar ambas as partes ganham com isso. É estimulante. Pode influenciar, de modo criativo, as obras."

Concordo, claro. Não implicam necessariamente. A questão que coloquei é se, muitas vezes, não o terão implicado. Ou seja, não procuro juízos de valor, mas de facto.

Um beijo e votos de excelentes marteladas no maldito prego, agora que já está fora :)

Arábica disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Arábica disse...

:))) só tu para me fazeres rir!
Não sei o modelo das calças, mas calças de certeza. :) Porque eu descendo de uma familia onde às mulheres sempre foi permitido usá-las. E às vezes, mais que permitido, a isso foram obrigadas.
Bom, por outro lado, tenho costela de mulheres tementes a Deus e ao Diabo, sangue de invictas e solitárias virgens, que viam o sol desaparecer entre acordes de piano e molduras de talha dourada.
Quando me distraio, lá se põem todas elas também em troca de mimos, umas porque muito se cansaram, outras porque pouco conheceram...


"Não tenho nada a ver com isso,fiquei calada, embora a Anna Banti tenha dito que o Roberto disse que se trata de um comportamento desestruturante da interacção do núcleo familiar, na proporção inversa da simbiose dos sexos, cabendo tal desvio na hermenêutica históricamente atribuída, à pujança sinergética masculina, anatómicamente inerente al huomo." Tanta parra!!! :-D

E por parra, vamos às uvas: o vinho continua por abrir. A filha passou por cá e não resistiu, lá se foram as restantes ervilhas.

Ontem foi dia santo na loja.
:) out!! :)

Hoje fiquei-me pelos claustros, depois da visita à matriarca, que com isto tudo, voltou à rua, sem medos e até ver, sem desiquilibrios.

Andei a brincar com tinta da china.
Um destes dias ainda compro um baldinho e uma pá e vou fazer castelos de areia para a praia :)

:)Besos, senhora dos limões!

Lizzie disse...

Alien:

questa implicacione e da vero complicata:))

Claro que muitas vezes, o desenvolvimento de uma autonomia própria, ficou (e fica) prejudicada por via dos amores, na maior parte das vezes unilaterais.

Ou pondo a questão de outra maneira: como teriam sido as obras sem a condicionante da admiração (às vezes obcessiva, possessiva, confundida com amor)?

Assim de repente (e falando só de gente já defunta) estou-me a lembrar de Dora Maar e de Olga Koklova, já que falei do Picasso.

Tinham talento a rodos e quer uma quer outra, por razões diferentes, divinizaram a criatura. Sentiram que Picasso era tão, tão grande que, no meio de grande dramatismo, se inferiorizaram até deixarem de existir. Tornaram-se espelhos cegos do que criaram da personalidade dele.

(Picasso haveria de dizer que se cansava de mulheres "fracas". Respeitinho só teve em relação a Gertrude Stein, a Martha Graham, entre outras que se recusavam a ser meros reflectores fosse de quem fosse)

Noutra vertente, estou-me a lembrar da Callas e da sua "psicose"-sem conotação de julgamento- em relação a Onassis. Destruiu-se. Manchou o talento.

E Camile Claudel. A sua admiração/amor/paixão por Rodin, impediram-lhe o desenvolvimento da grandeza plena da obra, quanto a mim tão boa como a dele.

E...já agora..., teria a música de Chopin tido toda aquela expressão, sem a relação dependente e tempestiva, com George Sand?

Fico por aqui senão nunca mais acabo:))

Mas em resumo, e quanto a factos, aqui os amantes são como pregos e os amados como martelos: interdependentes.
Uns pôe-se a jeito para que os outros os suguem e nós (público das obras) somos os "exteriores" que olhamos para o resultado da dramaturgia.
Batemos palmas que são... amargas.

Ainda hei-de utilizar um prego psicopata que conheço, numa obra qualquer:))) e vai ser já neste fim de semana, se tiver tempo.:))
Até vai levar verniz acrílico que é para lhe parar a tara no tempo:))
Famoso já é.))

Abraço

(inté que podia botar posts sobre cada uma das criaturas para desenvolver as histórias delas, mas ando afogada de trabalhos, ai, ai e logo agora que é época de sestas...)

Lizzie disse...

Arábica:

quando eu morrer, por causa do blog, vou ter uma bonita recepção lá em cima. Muita gente vai estar de paus para me bater, porque matar-me mais já não podem, evidentemente.

O Roberto há-de-me obrigar a ler os textos dele (o que botei ali e inventei, vai-me custar caro);

a Artemisa vai-me obrigar a lavar os pincéis e não posso fazer figura de alérgica, porque já não tenho o problema de morrer com edema da glote ou bronco-espasmo;

A Anna Banti vai-me pôr a fazer renda, sentadinha numa cadeira, de pernas juntas em diagonal esquerda e a ouvir os folhetins do Tide e eu não vou poder dizer que me esqueci dos óculos de ver ao perto na terra, porque os mortos são livres da contingência dos sentidos e chegados à eternidade perdem a noção da idade. São assim uma espécie de novos ricos do Tempo.

E, como ainda tenho memória e sei distinguir, quando olho para o armário, saias de calças, sempre te digo que tenho uma neurose contra a tinta da china.

Faz-me lembrar o tipo de desenho espartilhado, ou seja, o geométrico, do liceu.

Gostava mais do tira-linhas doido e das misturas com a tinta Quink que aliás me valeram um castigo.
A castigante odiava usar calças.
O tio-avô do Jazz achou graça e deixou-me fazer fazer música visual improvisada à vontade, desde que limpasse os derrames da criação.

Nunca vi este tio-avô de saias, mas tenho pena. Devia ficar lindo. Sobretudo porque na altura as mini estavam na moda.

Qualquer dia dou-te um curso: manual da deficiência temporária na vida quotidiana.

E a propósito de deficiências, alguém devia meter nos neurónios da generalidade da população, as normas de respeito.
Andando de canadianas percebe-se o desprezo pelas necessidades de quem as usa: nas caixas prioritárias do supermercado, quem está na fila finge que não vê,os lugares de estacionamento cheios por quem anda perfeitamente, não existem rampas em sítios públicos e a lista é longa...

Adoro brincar com areia. Ai o que eu gosto de artes efémeras...:))

Besos e...abre a garrafa:))

Lizzie disse...

e, Alien, tenho-me esquecido de falar no oposto.

Também há bastantes casos em que o amante "dependente" produz inspirado no e para o amante.
Neste caso, o ser mais "forte" dá energia ao mais "fraco". Funciona como bateria, quase manipuladora da corrente.

(também sem juízos de valor, que isto continua as motivações do tal estimulo são controversas)

Olhó:) Dalí a ser constantemente empurrado pela Gala como já o tinha sido Paul Éluard (que ela considerou de rodas empenadas);

olha lá para a Alma Mahler (fascinante) que empurrou o Gustav, o Werfel, o Gropius, o Klimt, o Kokoshka (a modos que deve estar mal escrito:))e assim, com tanto empurrão teve uma importância decisiva nas novas correntes artísticas. Coordenou amores e ideias:));

e mais a irreverente e altiva Lou Salomé que ela foi o Wagner, o Nietzsche, o Rilke do Bom Deus e nem o Freud escapou. Por amores e desilusões, mexeu com os ímpetos, provocou fúrias, doçuras, lamentos que leêm e ouvem,

e a María Taglíoni que com a sua expressividade e leveza no uso de pontas no Ballet, despertou paixões e botou apaixonados a desenharem coreografias em que o seu corpo voasse...

e etc

que acabou o intervalo:)))

Arábica disse...

Lizzie,

a alegria que eu senti ontem, quando, ao cair uma gota de tinta da china sobre o móvel, não ouvi uma voz ácida repreendendo-me e dizendo-me arruma isso tudo, já! Palavra que olhei para trás.
E depois sorri e curti as curvas e as formas; e todos os pingos e gotas, foram um qualquer bálsamo de liberdade encontrada ao fim de muitos anos!
Nesse tempo a minha "castigadora" também não usava calças.
Nem imaginas o seu ar, quando um dia, por tentar descobrir como o tinteiro da carteira funcionava, ele saltou na minha direcção e me transformou numa menina azul!
Até a língua estava azul (devo ter aberto a boca de espanto!).
Ainda hoje não sei se a tinta azul provocou a moinha no estômago ou se foi o receio da sua reacção, quando me fosse buscar à escola!
:)

Não te preocupes com o amanhã castigador de ajuste de contas do destino :) vejo-te à altura do desafio e até inovadora na posição dos joelhos, quando chegar o tempo das rendas :))
E que tide, Zizzie? :) O castigo vai ser tu própria lhe contares estas e outras enredadas "tragédias amorosas" :))

Quanto ao curso a que te propões :)) aceito-o de bom grado, ms desde já te digo, que quando usei gesso na perna direita, vivia num terceiro andar sem elevador. :)) Nem por isso fiquei em casa. Valiam todas as formas de descida e subida. E que dançar foi importante na recuperação total.
Há loucuras com efeitos secundários tão positivos!! :)

Este gesso do braço teve o efeito secundário de me recordar o outro, da perna.

Nove anos e setes rios, em naufrágio de papel.
Com castelos de areia.

Ou não fossem, a maior parte das vidas, castelos de areia, que guardamos na memória.

Entre gaivotas e faróis.

Abraço, para lá das coordenadas.

Arábica disse...

[...E já agora...] aceita encomendas?

Não, não, de limões, não. :)

Uma Marta Graham contada por ti.
Sei pouco, mas o suficiente para querer mais.

:) aceita a encomenda, Senhora dos Limões?

Lizzie disse...

Arábica:

lá muito para trás já dediquei prosa inteira à Martha Graham. Agora estou à pressa, mas depois digo-te o título que dei à coisa.:)) Não me lembro dos recentes quanto mais dos remotos.

E a minha castigadora achava deselegante andar de calças. Só em passeios mais ou menos desportivos.

E o castigo vinha do princípio de quem suja,limpa:))

Para a javardice, achava ela e se calhar bem, devia-se usar roupa velha ou já estragada. Para estragar definitivamente. De resto,soava a desperdício e a meninos mimados.

Saía-se logo com um vocês têm roupa mas há quem gostasse de ter e não tem.

E depois ficava, às vezes, sem palavra:))e assunto arrumado.

Quanto a vidas parecerem castelos na areia, hum, não sei. Castelos, leva-os o mar e vidas guarda-as a memória.

Lembrar, com saudade e sorriso, deve ser, das melhores homenagens que se podem fazer.

Besos e bom fim de semana, que eu vou carregar limões,martelos e pregos,em princípio, para as bandas do mar.