terça-feira, 14 de outubro de 2008

Diário letárgico e idiota mais ou menos convalescente

que estou parca de palavras e ainda mais tonta de pensamentos. Passo a explicar porquê:



(a vossa paciência, por favor.)

Recebo de Madrid vários telefonemas de vozes desfeitas, ia a semana passada ainda infantil, com lamentos e revoltas que muita era a obrigação de trabalhar e grande a recusa do corpo em obedecer aos propósitos de sair da cama: dores por todo ele, com centro no estômago a fazer flecha para a coluna, descendo para as pernas, batendo nos pés e tomando impulso para subir para os braços poupando a cabeça já muito sacrificada de peso de conteúdo desconhecido.



E que alguém já tinha ido ao hospital e de lá tinha saído com diagnóstico de virose com ordem de prisão domiciliária para não contagiar quem não tivesse culpa dos passeios dos afectados por Sevilha, já que os pacientes da maleita tinham tal jaleo em comum

Esta que preguiçosamente aqui vos escreve, muito empática e serena mas com certa altivez saudável, dedicou-se a desejar melhoras aos demais, comprometendo-se a ajudar, quando não mesmo a substituir à distãncia alguma parte do trabalho em falta.

Até que a semana chegou à adolescência. Concordarão comigo, que é entre terça e quarta-feira, dependendo da maturidade e da saturação com que cada um a sente.

Se nunca fui dotada de grande energia matinal, asseguro-vos que na manhã adulta de quinta-feira, me senti vazia de toda e qualquer acção, tendo sido a noite de orgia de filmes de terror nos sonhos.



Mas levantei-me. Sou responsável e trabalhadora.

E olho para o iogurte magro de pedaços que dá corpos perfeitos e mais para os cereais e dizem-me as intuitivas entranhas ser o lacticínio Made in China e o complemento restos de aparite saída da serração mais próxima.

Mais me apetecia cenoura crua sem falar nos suculentos talos da couve penca estacionada no frigorífico. Reconheci-me na fase roedora, intervalada por desejo de canja polvilhada da intelectual massinha de letras.

Avançando a dita quinta-feira, ai senhoras e senhores, que comecei a senti-lo, a ele, ao vírus, sorrateiro e perverso.

Dava até para lhes fazer espécie de organigrama geográfico e administrativo:
concelho de administração situado no estômago ;
sala de imprensa, com forte faladura, na vesícula;
operariado da construção, ou demolição, no esófago;

martelos pneumáticos na coluna;
passeios turísticos em cruzeiro pelo sangue: ora atracavam numa articulação, ora na outra, em grande desordem portuária.

Onde estaria a polícia de choque? A ver televisão sentada nas salas dos gânglios? Refastelada? Inerte?

E de noite, ai, e de noite, estou mais uma vez com custo ao telefone a saber novas da evolução da doença dos demais e é tanto o tropical calor que pego no termómetro digital: 32,5.

Olha que só tenho isto: será que já morri e não dei por isso?


De lá, do outro lado, em vez de susto, consolo ou curiosidade pelo além, levo com:
distraída como tu és, não me admirava nada!

É justo ouvir-se tal coisa?

Mas diz-me uma réstia de razão que ainda consigo conservar que os medidores antigos de mercúrio, tirando as quebras, nunca se avariavam.

E como na sala do tal conselho de administração, estão agora a raspar as paredes, decidi, em vez de ir à urgência hospitalar olhar para o provável, àquela hora, Tv shop, atirar-me ao ulcermin do meu cão greyhound, paciente de gastrite recorrente. Sempre é menos deprimente.



Lembrem-me de agradecer a terapêutica ao veterinário, que no meio de tal tempestade, começou a despontar uma ponta de sol, que sexta feira até me permitiu entrar em contacto com os visitantes deste espaço bem como visitá-los. Espero que o ulcermin não se tenha notado muito no que vos escrevi.


E sábado deu-me apetite de bitoque. Mais batatas fritas. Muitas e muitas batatas fritas. Sequinhas e estaladiças. Tantas. E que bem se soube a truta gigantesca ao jantar. Grelhada, recheada de bacon. As couves de Bruxelas que há séculos não comia.

Agradeço a tisana de cidreira que fazem o favor de me ser trazer à cama, mas cai-me como gasolina em chamas petrificadas na sala da administração.

Desculpa lá, mas apetecia-me mais um sumo de piña colada.




Domingo, as excursões do cruzeiro pelo sangue aliviam a velocidade. E, parece-me que também o número dos passageiros deles.

Na farmácia a dótora pergunta-me se quero um tal de cêgripre. Não o conheço de parte nenhuma. Quero ulcermin para repor o stock do cão.

Ah, não é uma griprezinha? Está com essa carinha de doentinha.
Não! É o vírus de Sevilha? Um novo!
Veja lá,
nunca se pode dizer que se está bem, ai! Tão amarelinha! Que maçada! Ai é o Outono! Ai, que nem parece a senhora!




Passo pelo supermercado e sei lá se é do vírus ou do exército, só eu, sim só eu, almoço meio quilo bem pesado de camarão. Acompanhado de canja. E pão torrado. Mais cenoura ralada com couve roxa.

Hoje que é terça-feira as limpezas nas paredes ainda não acabaram de todo. Os andaimes e a retro escavadora na coluna ainda não se foram embora, mas o código de trabalho vai dando periodos de descanso mais longos aos trabalhadores. E confesso que os pulsos, tornozelos e joelhos enfim...quem me dera que o ulcermin chegasse lá...



De qualquer forma se tiverem aí umas amêijoas à Bulhão Pato, com broa de milho bem cozida para o molho, uma saladinha de caldo verde com cogumelos, uma canja com ou sem literatura, um sumo de cenoura… e um donuts recheado ou não de chocolate...

Agradecida!

king arthur - purcell

30 comentários:

Vanda disse...

Lizzie :))~



...ainda estou a rir. Fungosa. Mas a rir :)) que crónica!! Tu deverias ser convidada para escreveres para uma daquelas revistas, sabes? daquelas que têm um nome feliz e capa de muitas cores :)) não te vejo enquanto autora destas -deliciosas e cheias de humor- crónicas, assim em revistas cinzentas e cheias de numeros :)

Solidária contigo e com mais uma mão cheia de amigos, informo-te que também estou acometida de um grave virus gripal que no meio de todos os outros sintomas, trouxe a fome, consigo. Deploravel fome, dado que a comidinha nem sabor tinha, mas que lá ia marchando, ia, direitinha ao estomago, que parecia rejubilar com cada garfada engolida. Pois também passei pelo cêgripe...e ao fim de 3 dias de ser gripe...lá virou clamoxyl...porque isto de não trocar de bronquios há perto de 50 anos, tambem já nos dá (a mim e à dra da farmacia), uma intimidade provocantemente irritante: já sabíamos que seria lá, mais dia menos dia, que o acampamento do estado maior viral tomaria posse:))

Pois também no sabado me arrastei até ao p.doce mais proximo, porque me parecia que só uns belos bifes da vazia fariam efeito e mais umas garrafinhas de nectarissimos de laranja,cenoura e limão, porque sim, porque beber liquidos cor de laranja me traz sempre a sensação de energia e ai!!!! energia só para estar deitadinha, aninhada em fungadelas, desmaiada de dor de cabeça e ai!!!!! só depois do primeiro bife da vazia o clamoxil fez efeito, caprichoso virus, que me fez passar por gravida, tal era o desejo do tal cheio da vazia e de néctares cor de laranja....

Pois te desejo encontrar no proximo post ja recuperada de tão estranha maleita que açoita a peninsula ibérica :) e também recuperados todos os outros, os meus e os teus :) a quem contudo, não deu com tanta fome :))

Beijos, Lizzie. obrigada!:))

Emma Larbos disse...

Ai Lizzie, não sei se sofra de forte compaixão pelo estaleiro nas tuas entranhas ou se salive de inveja pelo meio quilo de camarão. O bitoque e a canja, por mim, podes partilhá-los com o cão, que bem merece ser compensado pela expropriação, mas o caldinho verde, os cogumelos e a truta deixam-me de água na boca, apesar de ter acabado de jantar um prato de tofu estufado com alho francês e acompanhado de espinafres salteados em alho.
Mas já estás boazinha e o cão não ficou amuado, pois não? Isso é que é preciso. Fiquei, pelo menos, a saber que entre os vírus e as úlceras há vasos comunicantes que eu desconhecia.
Melhoras!

Alien8 disse...

Lizzie,

Eu bem sei que é feio rir do azar dos outros, da doença pior ainda, tanto mais que o vírus retratado de facalhão na mão, pronto a atacar a donzela desprevenida, parece ter sido capaz de resistir até mesmo ao poder curativo dos emplastros (porosos rojos, não esquecer!) El Elefante, mas... a verdade é que estou farto de me rir, tenho que o reconhecer.

Transformar um vírus num relato destes, abrilhantado pelo maravilhoso Rei Artur, é obra, com seiscentos diabos!

Fiquei com a ideia de que o salto qualitativo se deu no sábado, com o apetite de bitoques, por via do ulcermim canino da véspera. Daí ao camarão, terá sido só um pequeno passo. (Meio quilo, livra! E eu acho que como muito...:)

Espero que já estejas completamente refeita. Posso oferecer-te, de momento, lombo de porco assado com batatinhas idem, arroz basmati simples, molho de cogumelos e nata, e broa frita, que foi o meu modesto jantar, confeccionado pela Lola, que também te deseja as melhoras totais e te manda beijinhos.

Um beijo (cauteloso, que ontem também não me senti lá muito bem...)

Lizzie disse...

Vanda Clamoxylica:
gosto lá eu, a quem já chamaram "velho dos marretas" de números...

Os meus pulmões e respectivas vias de acesso têm mais ou menos a idade dos teus mas os meus devem ser mais velhos porque a dra pneumonologista receita o Klassid que é mais forte que esse teu.

Havias de ver a cara da secretária da doutora quando lhe digo que é para lhe dizer que ontem estava scotch-brite e hoje já vai em esfregão de arame. Telefona, sempre a olhar para mim, desconfiada, e depois diz-me: a doutora diz que a vê já. E vem à porta do gabinete a rir:
-já cá faltava o furacão. Quantos cigarros andamos a fumar
- cinco!
-mentirosa
-tá bem. Dez!
-aldrabona!
-muitos. Não os conto...vai-me pôr de astronauta? (prova de função respiratória que manda fazer sempre a toda a gente).
E eu começo a deitar o ar fora fazendo umas habilidades com os músculos abdominais e a técnica esbugalha os olhos e a médica ri à gargalhada e quando vou carimbar a receita, a secretária continua com aquele olhar pequeno a mirar-me e mais me mira quando a dra lhe diz que volto daí a oito dias e saio-me com um "o mar está bravo", ou coisa do género.
É daquelas para quem estar doente não é preciso só sê-lo:também é preciso parecê-lo.

A minha gente ficou toda esfomeada. Nas conversas telefónicas eram só descrições de apetites estranhos. Um até disse que estava com uma gravidez histérica.
E sorte a nossa, comparando com a tua, que este vírus sevilhano nunca deu dores de cabeça e até agora ninguém teve betoneiras nos bronquios nem lixa na garganta.

Para a próxima vez que o destino te quiser doente vai até Espanha. Parece que lá os vírus são mais generosos. Ou limitados.

Beijinhos e as melhoras:))

Lizzie disse...

Emma:

cá por mim e pelo cão, podes guardar os espinafres. Lá por ter músculo que sobre, nunca sofri do síndrome de Popeye. Quanto ao tofu...depende...talvez em jardineira.Ou com BATATAS FRITAS.BATATAS FRITAS.BATATAS FRITAS.

E a salada de caldo verde,olha comprei ontem duas embalagens do dito e os cogumelos e eu, que não gosto de cozinhar, esmerei-me no salteamento. Comi com peixe que já estava frito (o meu esmero tem os seus limites)secundado por três romãs. Madurinhas. Já estava para me ir deitar e ainda voltei à cozinha para umas anchovas com alcaparras montadas numas tostas. Integrais, bem entendido.

ANCHOVAS!!!!

E espero não ter úlcera nenhuma. Só este vírus para curriculum.

E há mais camarão no congelador. Gostas cozido com ligeiro piri-piri?

PICKLES!!!

e olha que emagreci. Foi a opinião das calças Tété que vesti hoje. Até estão Tétonas, vê lá tu.
E, disseram-me há bocado que ainda estou amarelinha e baça, coitadinha.

Lizzie disse...

Oh Alien
sabes que acho aquele vírus parecido com o comentador/professor/açoreano Medeiros Ferreira (acho que se chama assim)? Coitado do senhor, não do vírus:)

Lembrei-me do Rei Artur porque se eu fosse cantora de ópera, estivesse em posição fetal com dores de estomago como estive e tivesse que cantar, saíria uma coisa parecida: ah...ah...ah.
(O que vale é que o Purcell lá na tumba não me leva a mal porque sabe que gosto muito dele).

E não te rias do El Elefante que é óptimo para as dores musculares. Se se chamasse La Pulgona, olha, já não me fazia nada.

E não me fales em natas (nem em moranjos) que não posso comê-las sem riscos.
Antigamente era um pedaço alérgica a camarão mas ensinaram-me que a casca tem uma enzima que corta a histamina. Seja por isso ou porque deixei de ser alérgica...meio quilo é pouco!
Agora o arroz basmati simples, o arroz basmati... e as batatinhas têm casca? Estaladiça? Enfolada? Têm? Vinho é que nem pensar...ai só de pensar.

E de vez enquando vou ao armário veterinário. Ainda no outro dia tinha um arranhão na perna com mau aspecto e uma dermatologista conhecida disse-me para lá esfregar pomada oftálmica. Foi tiro e queda: até parece que a perna ficou a ver de tão curada.

Quando vou à farmácia da dótora ela pergunta-me sempre se os medicamentos são para mim ou para os "bichinhos". A semana passada, suponho que por causa do hábito, olhou para a receita e disparou a usual pergunta.
Lá tinha escrito Dr....., médico veterinário....... Isadora Duncan clamoxyl injectável ampolas uso veterinário dar 1,5ml de 48 em 48 horas.

Quando deu pelo acontecido ficou com cara de 42º em termómetro de mercúrio.


Beijinhos com certa distância e também para a Lola.

Frioleiras disse...

bem, bem, bem ...

tem cautela!!

Olha que os virus são coisa séria!!! Não é para te assustar mas, há uns anos, chegada há horas de Pequim fiquei , primeiro como tu deposi...... completamente "off"
resumindo
não fosse detectado a tempo, já aqui não estava...
foi
uma miningite viral...........

tem cuidado, pois!

bj

Alien8 disse...

Lizzie,

Realmente, o vírus tem uma certa parecença, tem... :)

Pena quanto às natas, mas por acaso tenho por cá umas com riscos... devem servir :)

As batatas TINHAM casca, estaladiça, enfolada. Pois tinham...

As de hoje também tinham, mas eram maiores e cozidas, com manteiga por causa do colesterol, a acompanhar lulas assadas. Yam...

Já passaram umas horas desde o jantar, por isso, ao ler algo sobre comidinha, não resisti a abordar o tema. E, daqui a nada, abordarei também a comidinha propriamente dita, que quem se deita sem ceia... lá diz o povo.
Nada disto me faz bem à saúde, e muito menos à barriguinha, que começa a ser preocupante, eu que era tão magro... enfim... mas não tenho maneira de escapar, que se há-de fazer?

Tens então uma bichinha chamada Isadora Duncan? Festinhas a dobrar para ela, sobretudo se for gata.

A Lola retribui os beijos.

Eu deixo-te aqui um, já com menos distância, que o vírus parece ter-se ido!

Graça Brites disse...

Lizzie,

Tu escreves a crónica hilariante do vírus Sevilhano que te pôs doente e nós fartamo-nos de rir - um riso saudável e simultaneamente estrepitoso e encantado - que fez da caixa de comentários um roteiro gastronómico que até eu fiquei esganada de fome, sendo os ataques de esgana gastronómica raros por este lado. :)
Espero que o vírus rabino que, a julgar pelas tuas descrições é bem potente e competente a escalavrar instalações estomacais, já tenha mudado a rota e dado às de vila Diogo.

Melhoras e beijinhos.

Lizzie disse...

Frioleiras:
que arrepio!
Lá foste à pulsão lombar para analisar o líquido,não?
Arrepio outra vez!
O vírus de Sevilha sempre deve ser menos perigoso que o chinês...cá para mim...
pelo menos o nosso exército parece estar a dar conta do recado:todos os dias as dores vão diminuindo.

Mas tens razão quanto aos vírus, nunca se sabe do que são capazes:
há anos, chegadinhos de Buenos Aires, fomos todos internados, e isolados, vitimas de um. Em vez de nos pôr a dançar o tango, deu-nos rigidez na coluna, fotofobia e umas cefaleias que não me quero nem lembrar.
Uns dias a soro e analgésicos e acabou tudo em bem.

Ainda bem que te curaste, credo, e estás bem viva a ouvir o Nyman:)

beijos

Lizzie disse...

Alien:
estou furiosa!
Há bocado fui almoçar e não havia aquela canjinha tão leve e saborosa enfeitada de hortelã do costume!
Como é o dia mundial da alimentação, estavam lá umas serigaitas flausinas da nutrição e...a canja não presta! Faz mal!
Também não havia pudim de coco! Engorda! E tem açucar.E só serviram uma microscópica fatia de pão de Mafra.
Já não chegava a ASAE?
Agora tem que se comer empadas às escondidas? Pois já cá cantam duas!

E ontem ao jantar também comi lulas assadas com manteiga e limão e...batatas com casca enfolada:)e salada de caldo verde com raspas de um chouriço espanhol que não tem ponta de gordura:))))
E depois estive a ratar pipas enquanto vi uns dvd que tinha que ver.
Mas já comi menos. Já estou melhor. Com apetites mais serenos. Mas o caldo verde e a canja continuam. Bem como o antiácido para rematar. Bah. Sabe a baunilha rançosa.

Tu vê lá se não te excedes! Tu vê lá...olha a saúde. Gostas de moelas em molho de tomate? Com travo de pimento verde? E de choco frito regado com limão? Com caldo verde:))

Beijinhos para vocês com a distãncia já reduzida a metade: "O seguro morreu de velho":)

Lizzie disse...

Graça:
tu estás com fome?
Vai já ao médico. Já!
Será que o vírus já chegou aí? Não te dói nada?

Então eu primeiro chorei,cheguei a chorar! Depois apeteceu-me gozar com ele. E comigo, aproveitando a boleia.

O estupor (ele, não eu) faz parte do lobby da construção! Por mais que o mandem parar ele lá vai escavando. Mas muito menos. Muitíssimo menos. Deve ter medo do fisco. Há-de ir à falência, mas lá em Madrid, disseram que o processo leva oito a quinze dias.
Acredito porque uma da minha gente de lá levantou-se às quatro da manhã, hoje, para se empantorrar de boquerones finalizados com um abacáte.

Tu,assim por acaso, não vais a Sevilha nos tempos mais próximos? Devias ir, é uma cidade muito bonita!:)

Beijinhos e obrigada.

Alien8 disse...

Lizzie,

Olá! Boa tarde!

Isto começa com "Boa tarde" porque são 16:09 no meu computador e nestes sítios. Onde estarás tu que, às 7:49 já dizes "ainda há bocado fui almoçar?"

Ou tens a hora no blogger marada, ou estás nos antípodas, ou almoças muito cedo :)))

Com que então a canjinha faz mal? A quê, pergunto eu. Sei que, ao contrário da crença generalizada, não é nada fácil de digerir, mas é seguramente responsável pelo tratamento, cura e afagamento de maleitas diversas e variadas - ou, pelo menos, a gente sente-se melhor... Aquelas serigaitas da nutrição... ainda bem que sonegaste duas empadas e lhes deste o devido uso. Uma fatia de pão de Mafra, bah!

Vejo que te preocupas com a minha saúde, o que muito me comove:

"Gostas de moelas em molho de tomate? Com travo de pimento verde? E de choco frito regado com limão? Com caldo verde:))"

GOSTO! E tudo isso só me fará bem :)))

Que coincidência o jantar quase igual, apesar da diferença horária :)

Hmmm... para além de comida para pássaros, o que são pipas? Esclarece-me, por favor!

Beijos para ti, sejam a metade da distância por agora...

Lizzie disse...

Alien:
estou em Portugal continental! Neste momento em Lisboa!
O problema é que não sei acertar o relógio:)

Quanto à canja: a senhora que a faz dá primeiro uma fervura no frango para que se solte a gordura e suponho que as aviáricas toxinas, deita a água fora e então depois, na segunda água, é que faz a canja própriamente dita.
Com esta fórmula nunca me "pesou", ao contrário de umas quantas "inteiras" que já comi.

Também gosto à maneira espanhola, com umas gotas de limão, e à maneira ancestral judaica, com umas gotas de vinagre de sidra (dizem eles que é uma forma de tornar a comida mais digerível e desinfectada).

E escrevi PIPAS!:) nem reparei: é do hábito:)
São sementes, predominantemente de girassol, que vão ao forno, com ou sem casca, envoltas em sal finíssimo e/ou picante.

São, com o milho e o grão fritos, um vício espanhol e vendem-se em tamanho grande ou pequeno. Pessoalmente prefiro as pequenas.Acho mais saborosas. E adoro.

Costumo ir a uma loja em Madrid que tem, avulso,com várias modalidades de temperos, enfim, mais sofisticados em especiarias.

São óptimas para ver dvd ou quando não apetece fazer nada.:)) e é muito comum comprar na rua e ir andando e trincando. A mim não me dá jeito. Gosto mais refastelada de sofá, terraço ou jardim:))a acompanhar uma bebida. São óptimas com vinho branco leve e gelado ou com whisky ao cair do dia. Com chá não ligam:))

E o grão com um toque de pimenta verde? (Vou ao carro buscar que ainda lá tenho uns pacotes, nham, nham):))

Beijos para ti também.

ps. a bichinha Isadora Duncan é uma galga italiana, ou seja, uma miniatura do tamanho de um gato só que de pernas mais altas. A irmã chama-se Martha Graham.
O gato que anda lá, com tendências depressivas, chama-se Dostoievsky.:)

pentelho real disse...

senhora de lizzie,
havia lá no meu reino uma velhota que tinha remédio para todas as maleitas.

dar-vos-ia o endereço se o soubesse.

mas dois dias passaram já sobre as vossas queixas. espero que tenhais melhorado.

de qualquer modo, fica um conselho, talvez duvidoso, ponde de parte o yogurte chinês e servi-vos do bitoque e outros...

Lola disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alien8 disse...

Lizzie,

Muito obrigado pelos esclarecimentos.
Se quiseres acertar o relógio do blog, eu digo-te como se faz. Se quiseres :)

Olha, nunca comi pipas, mas devem ser boas. Pela descrição, ficaria cliente. Tenho-me contentado com as pevides. E tiras de milho também. "Garbanzos" (é assim?) fritos é que também nunca provei.
Tive em tempos um amigo asturiano que me falava frequentemente do que ele dizia ser o prato típico das Astúrias, "garbanzos", e nem eu sabia o que isso era, nem ele sabia como lhes chamar em Português. Até que um dia chegámos à conclusão de que se tratava de grão de bico. Espero que a conclusão esteja certa, ou andei muitos anos enganado :) Enfim, conversas de expatriados cheios de saudades, que iam sempre dar, naturalmente, aos petiscos dos respectivos países...

Belos nomes têm os teus bichinhos!

Um abraço.

P.S.: Apaguei o comentário anterior por... hmmm... erro de identidade :)

Lizzie disse...

Alteza:
para iogurte de qualquer nação e receita, não posso nem olhar. Imaginai meu estado que nem o de frutos silvestres que tanto, quando normal, aprecio. Parecem-me as amoras mísseis sem governo.

Agora estou com apetites marítimos, com ou sem casca ou concha, em filete ou com espinha.

Mas as melhoras vão chegando, ainda que o cansaço me tolha a andança.

Ai Alteza, podera eu comandar o meu próprio exército...

E vós...tomai atenção às infecções e contágio, aí onde estais...Bom!

Bom e calmo fim de semana!

Lizzie disse...

Alien:

pois que me dava jeito acertar o relógio:))

E é isso mesmo:garbanzo=grão de bico.
É tão bom que aqui sempre me encomendam desde que dei a conhecer.
Outra coisa que é muito apreciada e que não gosto apesar de nunca ter provado:)porque não gosto da parte visual da coisa, são as lãminas de torresmo sequíssimo.

O tal milho que falo são os bagos e não as tiras. Incham, ficam ocos por dentro mas não explodem como as pipocas. Em gíria chamam-se "oros" porque, quando perfeitos, parecem em cor, pepitas do dito.
Enfim, como a loja fecha à meia noite, logo já vou despachar as encomendas:))

Como anda tudo solidário de apetites:) já dei o aval para jantar tiras de sepia(choco) grelhadas com legumes salteados e "patatas". Com muito limão.Com Um limoeiro inteiro:)

Sei o que é isso de ter saudades da comida quando se está longe.
Às vezes só me lembrava dos cozinhados da minha mãe.


Beijo e bom fim de semana.

Haddock disse...

juntamos-nos à risota dos presentes!!
lamentando, por certo, o vírus que vos tomou, lizzie. e daí, talvez não, pois, seja dele a culpa ou do remédio do cão, vemos-vos especialmente inspirada com a maleita que afectou a vossa unidade fabril.
e, a propósito, a febrilidade mede-se sempre em mercúrio. nunca fiar naquelas coisas que nos enfiam ouvidos adentro: é tudo importado dos chineses...
quanto à parte gastronónima, impressionou-nos a combinação de camarões com canja...
mas vamos a caminho com as amêijoas à bulhão pato. providenciai, todavia, algo que não chá de cidreira para acompanhar ou fazemos marcha atrás!!!


as melhoras!!

vénia...

Anónimo disse...

:))))))))))))


Espero que os ares de madrid te curem!



Ou...



Beijos!

Muitos!


P.

Vanda disse...

Lizzie,

embora a fome viesse diminuindo, a oferta gastronomica é tanta e tão variada que ai! mesmo fora de horas (nunca tive horas muito certas para os apetites)um choco frito e regado com limão (daqueles que se comem no leo de setubal) estaladiço e com sabor a pimenta...ai...caía que nem ginjas! :)) canja passo. Gosto, mas ainda traz no caldo, reflexos de noites frias, gargalhadas quentes, sorrisos miúdos, giros, a cruzarem-se com as riscas da toalha, a tilintarem nos copos de ice tea de limão, só de limão...e as batatas com pele, hummm, também podem vir...e o basmati, o meu preferido, terá sempre lugar :))

Para o ano vou a um/a pneumlogista. Já prometi há meses atrás, à minha amiga lexotan e volto a prometer. Cigarros, muitos. Mesmo assim o truque tem resultado: longe do portatil o consumo baixa, no quarto(onde nunca fumei)nem me lembro do cigarro e assim, de forma um pouco manhosa, vou me controlando...mas sou sincera, já ando farta das paredes do quarto e do ecran da tv, mas os cigarros pôem-me cavernosa e viciada por viciada mais vale da 2 e da outra de informação que sempre se vai vendo o lado de lá do mundo...

E como também li por aí sobre as Pipas, não posso deixar de me recordar do quarto, das algibeiras, dos estojos, das minhas filhas, onde as Pipas salgadas reinavam e eu sempre a avisar que aquilo era sal a mais para elas, mesmo não querendo que elas fossem umas (in)sonsas :))

E agora também a neta, gulosa de sal :)) as pede e as adora trincar :))

São viciantes sem duvida, atrás de uma terá sempre que vir outra :))


Como afinal os nossos comentários aqui: pipas várias e de sabores vários, uma atrás da outra :))


Deixo-te um abraço e prometo que para a proxima juntarei ao meu vírus :)) um outro qualquer de raça estrangeira para ver em que estado ficarei :-D

Bom fim de semana, querida Lizzie!

Anónimo disse...

Venho só para te contar: depois de vos ler, fui direitinha à cozinha e vá lá...vá lá :) lá consegui inventar uma caldeirada de bacalhau que já fumega :))

Na ultima semana do mês poderiam evitar comentar sobre apetites? e sobre petiscos? :))

É que se está numa fase de se esgotarem as provisões existentes e pronto, apanharem-me "desprevenida" poderá levar-me ao consumo exagerado de outros vicios :))))))

Lola disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lola disse...

Lizzie,

Chego no fim das tuas maleitas, espero.

Concordo inteiramente com as terapêuticas.

Faltou talvez uma sobremesa calórica, como uma boa tigelada ou uma sopa dourada, assim tudo doces com montes de ovos:)))

E um bom vinho do Porto.

Uma boa suadeira entre lençóis e depois adeus gripe:)))

Beijos grandes sem qualquer distancia, eu vacinei-me contra a gripe:)))


Mais beijos

Lizzie disse...

Capitão:

agradecida por vosso barbudo riso, ficando na dúvida se é colgate ou pepsodent, passando por pasta medicinal Couto.

Também achamos que tal termómetro foi feito na China, dada a baixa temperatura lida: sabei que dois ex colegas chineses que tivémos, sempre nos diziam que nós europeus a virar para o caucasiano, cheirávamos, mesmo imediatamente pós duche, a mortos. Vêde a coerência entre o olfacto e o apetrecho.

Capitão, iamos lá nós servir-vos cidreira...tomai a chave da adega e servi-vos consoante apetite fermentado ou destilado.

Trazei, portanto, as ameijôas. Ponde aqui e comamos. Vinde. O abre garrafas está na primeira gaveta do lado esquerdo.

Continência de guardanapo na mão.

Lizzie disse...

Pêzinha do meu coração:

sem "Ou..." curei-me! Pelo menos dei um passo imenso.
Não há nada como mudar de ares.
E...já está, pela minha parte, tudo pronto.
Que vírus voluntarioso e trabalhador este...para a próxima quero ser contagiada com outro:)

Beijinhos.

Lizzie disse...

Vanda:

A basmati e uncle ben´s não resisto, ou melhor, são quase os únicos arrozes que gosto. Canja, só confeccionada como descrevi ao Alien.

Quando era muito miúda ia ao pneumonologista porque era "fraquinha" dos pulmôes e alérgica a muita coisa. Um dia o meu avô estrangeiro levou-me para passar férias no Alentejo e deu-me a cura:rebolar no chão até me fartar, correr à vontade, sujar-me, apanhar frio e calor, andar agarrada a cães e gatos e patos.
Dizem-me que ao fim de um mês já não tinha semelhança.

Agora continuo a ir, porque sempre fui, porque gosto da médica apesar dos insultos e das discordãncias: ela diz que um asmático é-o para toda a vida e eu digo-lhe que estou curadíssima.

E só há pouco tempo é que se nota nas radiografias que sou fumadora, talvez por nunca ter conseguido "travar" o fumo. Às vezes os cigarros ficam a fumar-se sózinhos no cinzeiro. Esqueço-me.

Quanto a apetites...o meu também já está a esmorecer. De qualquer forma, também nunca fui muito disciplinada nas horas deles.

Beijinhos e boa semana.

Lizzie disse...

Anónima:
Exagero de outros vícios? Veja lá se não a prejudicam muito e se não são mais caros que a comida.
Conheci uma pessoa que subtituía (dizia) a comida ( por suposto déficit financeiro) por um vício e muito infelizmente, era uma pessoa grande em muita coisa,morreu muito cedo e já sem idade.

Foi a semana passada a última semana do mês?

E,não costumo ter gostos exuberantemente caros e muito menos por serem, justamente, caros.

Lizzie disse...

Lola:
pois acho que já estou boa, tirando uma dor de estomago de vez enquando, já sem tanta força,mas...o vinho do Porto não pode ser subtituído por whisky? Ou cognac?

É que se eu beber bebidas doces, não me levanto durante três dias. Acho que o fígado não gosta e manda doer a cabeça além de eu ficar quieta e o mundo lhe dar para o movimento rodopiante:))

E tu não me fales em calor sudorífero que eu não gosto: sou mais bicho de frio. Muitas vezes saio da cama quente, vou ao exterior sem agasalho e nada de constipação. Até posso andar encharcada até aos ossos.
Se estiver num sítio frio e entrar num sítio quente, ai Lola que temos festa de espirros, de tosse, de lacrimejar.

Ascendências!:)


Muitos beijinhos e boa semana. Sem vírus:)