quarta-feira, 29 de outubro de 2008

continuando a falar da noite, em olheiras, e tentando evitar, ou não, ataques de psicose do barbudo Capitão Haddock, aqui vos vou falar da

A silenciosa observadora dos outros



Já não sei há quantos anos recorro ao bar-restaurante da Consuelo quando as longas noites deixam de ordenar as horas.

Provavelmente aos mesmos que indo à varanda das traseiras, já o dia caiu há muito, vejo uma silhueta feminina com o exacto formato de uma sombra, passar em direcção à sua aparente sala de cinema: o tal sítio onde se misturam noctívagos cheios de fome, tédio, trabalho, solidão ou simplesmente, cheios de vontade de ver gente que de alguma forma se lhes assemelhe na vigília das horas vazias.


Dizem que a senhora sombra se chama Guadalupe. Ninguém sabe se é realmente o nome dela ou se alguém assim lhe chamou no propósito obrigatório de dar um nome a toda a gente, como se o não tê-lo esvaziasse o conteúdo da personalidade.
Diz a Consuelo e relatam-nos outros que a Guadalupe chega por volta da meia-noite. E que se senta na mesa já reservada, na sala de entrada de onde tem grande visão para todas as outras.



E que depois de instalada e compondo a sua excentricidade, dispõe sobre a mesa um maço de tabaco Ducados azul por encetar, e um livro encadernado a verde com letras douradas que nunca abre: Arturo Rimbaud, su vida y su obra.



E que levanta o braço, gesto que irá repetindo, para o primeiro rum escuro da noite. Simples no inverno, com gelo no verão.
Tentamos em olhar discreto adivinhar a idade daquele rosto aciganado e bonito: sabe-se lá se o corpo anafado quase obeso lhe estica a pele contrariando as naturais rugas ou se… pode ser qualquer número redondo entre os cinquenta e os sessenta porque o olhar ora vago ora contundente, sem permitir fuga à observação também não dá registo de cansaço ou esperança, de início ou desistência.

Parece-nos assomada à janela da loucura. Ou dentro da loucura a olhar para este nosso lado tão maquilhado de suposta e controlada proporção geométrica de sonho e realidade.

Mas já não nos incomoda que nos vigie os gestos, nos adivinhe as palavras nos lábios, nos decifre os olhares.


Sentimos que já nos despiu e analisou todas as faces. Talvez tanto que já perdemos a vergonha de qualquer nudez.



Já nos habituámos ao desconforto da totalidade daquele silêncio, mesmo quando à entrada e à saída lhe sorrimos recebendo em troca um olhar que sentimos intenso e interessado.

Já por mais de uma vez me pareceu que fixava a cadeira em frente com se alguém, de estatura média ali, transparente, se sentasse. Dizem-me que é imaginação minha: concordamos que, provavelmente, será tão livre que nem para fantasmas abrirá qualquer diálogo.
E já tamborilou os dedos e sorriu os olhos quando, por alguma ocasião especial, a Consuelo permite a música leve em presença ou de fundo.

Enquanto petiscamos rapidamente, uma escritora diz que ela vai ali sugar a vida dos outros e talvez seja mais sábia que ela, a profissional do voyeurismo letrado;



um estilista e um designer com estética virada ao trágico, pensam-lhe o traje que lhe saliente o mistério dos olhos verdes escuros;




uma arquitecta de interiores imagina-lhe a casa de tempo antigo, despojada de tudo, com decoração metódica e milimetricamente arrumada:nunca deixará a loiça por lavar ou a cama por fazer;



um pintor queixa-se de não lhe captar a essência, que os traços lhe fogem como fugiam a Picasso frente ao carisma de Gertrude Stein,



e, claro, imaginam-se movimentos ao som de uma cantata chorosa de Bach, misturada com um violoncelo dorido de Tchaikowsky, ou talvez uma canção irónica de Helen Humes, num palco vazio para “ela” melhor se inventar no rasto que deixa debaixo do seu sol nocturno.




Do outro lado perguntam-me a rir:
- então o próximo será sobre o quê?
-sei lá, olha se calhar sobre a Tía, a da assustadora página em branco…
- vále, sabes que mudou para Ducados vermelho ?
-a sério?




22 comentários:

Alien8 disse...

Lizzie,

Estava à espera da Consuelo, e afinal sai-me a suposta Guadalupe da sombra, dos Ducados e dos 30 segundos :)

Um "retrato" muito bem composto, mistério q.b. e muita matéria deixada à imaginação de quem lê.

Ah, mas aquela mesa de acepipes... bom, as outras imagens são excelentes, mas aquela mesa de iguarias... já estou a repetir-me, pois é.

Uma figura, a Guadalupe. Digna de um local como o "refúgio" da Consuelo (e vosso!).

Voltarei mais tarde para reler, que agora é tempo de jantar. Pelo menos no meu blog :)

Beijo.

Lizzie disse...

Alien:

vamos lá ver se o relógio já está certo pela hora continental portuguesa...

Lizzie disse...

e está mesmo!

Como é que eu hei-de deixar de fumar?
Chego aqui leio "30 segundos", fico nervosa e tenho que fumar um cigarro para amainar a fúria!
30" não dá para ninguém bater o pézinho com a animação que começa depois. Que coisa! Nem se ouve o ritmo do cajón!

Agora já botei esta "tired" ( espero que esteja inteira), porque me faz lembrar as muitas Guadalupes brancas e negras que tomavam assento nos bares e clubes de Boston: copo numa mão, cigarro na outra, a ver passar a vida dos outros, umas a viver, as outras com ar de quem espera serenamente a morte definitiva, habituadas que estão a morrer aos bocadinhos.

Quanto a mistérios, há quem diga que a Guadalupe foi professora de literatura atacada de uma coisinha má chamada esgotamento. Este é o dito mais frequente entre muitas outras histórias. Já ouvi tantas...tornou-se um mito de hábitos tão ritualizados que até a mudança do género de tabaco é uma novidade digna de espanto.

E, quanto a acepipes, bom, tapas são tapas. Na fotografia tens, de costas e com rabo de cavalo, uma senhora americana que tem um jeito enorme para a cozinha e que, também atacada pelo vírus sevilhano, se disponibilizou a cozinhar em ordem dos nossos apetites. Coitadinha.

Depois tens, mais ou menos ao lado dela,uma espécie de rolos de filetes de peixe temperados com ervas e vinagre. Trincando encontras uma enxova no meio.

A seguir, o palito atravessa, qual espada, presunto e queijo de cabra muito curado.

O homem que está em segundo plano na fotografia mais abaixo, tem como hobby,trajar avental e inventar iguarias. Come imenso e não engorda o peso de uma pena(vou fumar outro cigarro porque estou cheia de inveja e quando tal acontece fico cheia de nervos:))

E agora são 16.40: vejamos que hora aparece no comentário...

beijos

Lizzie disse...

1º- errata-desta-vez-dei-por-ela:
anchovas e não enxovas. Credo.

2º- acrescentei agora a imagem da menina com a cadeira à volta do tronco: interpretação, em termos de criação de moda, da figura estática que é a Guadalupe.

Não, não dá muito jeito vestir, mas conhecendo-lhe a história é, penso eu, uma prova de criatividade.

Alien8 disse...

Lizzie,

Pois é, os 30 segundos dão cabo dos nervos... mesmo na Tired.

Como é que hás-de deixar de fumar? Cá vai uma resposta muuuuiiiito original: Só tens que deixar de fumar 1 (um) cigarro: O próximo. Fácil, não é? :)))

Parabéns! Tens as horas certas! :)

E não me tentes com tantas tapas, não me tentes! E mais quem as prepara e o eterno mistério da Guadalupe. Esses mistérios relacionados com bares de tapas e quejandos dão-me fome...

Uma bela foto, a que acrescentaste. Pouco prático de vestir, é verdade, mas criatividade não lhe falta.

Beijos.

Emma Larbos disse...

Uma das coisas de que mais gosto nos espanhóis são os nomes. Nunca se encontra uma Cátia, nem uma Tânia, nem uma Anabela, nem uma Odete. São as Consuelos e as Guadalupes, as Pilares e as Carmens, de inspiração tão mariana e antiga. Depois têm uns poéticos, como Marisol, Paloma, Lola, Gemma ou Rosalía, e outros simplesmente bizarros, como Rocío e Maruchi (isto são lá nomes que se ponham a uma filha?...). Conheço uma que se chama Maria Luzdivina (!)
E os homens? Porque será que os hipocorísticos que usam soam sempre a nome de boneco de brinquedo? Pepe, Paco, Javi? Quem é que pode dizer, levando-se a sério, "Amo-te, Pepe, Paco, Javi"?!
Enfim, do Senhor Argemiro não digo nada porque dessa categoria de nomes também por cá temos muitos da mesma geração.

Olha, desculpa lá, Lizzie, hoje deu-me para a antroponímia!...

Emma Larbos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Emma Larbos disse...

Fui eu que apaguei o comentário anterior, estava duplicado, por escesso de zelo no clicar.

Haddock disse...

mil agradecimentos, lizzie, pela vossa sensibilidade para com o nosso estado psicoticó-irritativo...

sobre loucos - embora estendível à extravagância - deixaram-nos isto no sono:

"Os homens chamaram-me louco; mas ainda não está assente se a loucura é ou não a mais elevada das inteligências, se quase tudo o que é glória, se tudo o que é profundidade, não provém de uma doença do pensamento, de um modo de ser do espírito à custa do intelecto geral. Os que sonham de dia têm conhecimento de muitas coisas que escapam aos que só sonham de noite. Nas suas visões brumosas, captam foragidos da eternidade e estremecem, ao despertar, por verem que estiveram à beira do segredo. Captam pedaços de algo do conhecimento do Bem, a ainda mais da ciência do Mal. Sem leme e sem bússola, penetram no vasto oceano de luz inefável, como se para imitar os aventureiros do geógrafo núbio, agressi sunt Mare Tenebrarum, quid in eo esset exploraturi. Diremos, por conseguinte, que sou louco. Reconheço, pelo menos, que há duas condições distintas na minha existência espiritual: a condição de razão incontestavelmente lúcida, e a condição de sombra e de dúvida."


Edgar Allan Poe


isto, em resposta a isto!



mas também pode ser "só" a solidão a apaziguar-se num engano voyeurista à procura de argumento para mais um dia...

vénia...

Lizzie disse...

Alien:
vou comprar tabaco...)Estou à beira de um ataque de demência por causa dos trinta segundos. A Pearl, lá para o minuto e tal, declama o cansaço...eu berro a fúria!

A mim "el tapeo" faz-me fome porque é uma forma de comer um bocadinho de cada coisa sem ficar a abarrotar. Sou mais petisqueira que de "racíon". Quando vou lá, muitas vezes não almoço nem janto.

E que boas e confortáveis são as sopas, tipo creme, servidas em pequenas tigelas de barro nas noites de outono/inverno ao balcão da Consuelo. A preferida é a de espargos. Fumegante. E a seguir, no gosto, a de cogumelos. A ferver.:) E há quem beba caldo de alface para as insónias.Pois que não aprecio.

Para a semana sigo o teu conselho, não sei se integralmente: vou ver se prolongo nas horas o acender do próximo cigarro:)


Bom fim de semana e beijinhos

Lizzie disse...

Emma:
ainda bem que te deu!

Fica sabendo que conheço uma Maria Rosa del Cielo e um Juan Fonte Santa e um Javier de la Iglesia. Para além da Maricruz, Mariflor e das várias Marias de la O. E adoro Núria. Também conheço Argentinas mas nenhuma Guatemala. Nem nenhum México Manuel.

Ainda ninguém me explicou porque é que os Franciscos são Pacos!

Se eu dissesse "amo-te Pepe", o mais natural era o meu cão salsicha ultra miniatura vir ter comigo de rabo a abanar. Imagina a confusão!

Não são só os nomes: é a maneira musical de os pronunciar. Por exemplo, o estilista da menina da cadeira chama-se Delfín. Dito em português o im acaba logo,é taxativo. Em espanhol prolonga-se. A sílaba morre lentamente.

Mas já ouvi dizer que com a conversão dos ciganos às igrejas evangélico-protestantes os nomes de inspiração católica estão a acabar. É pena, porque são bonitos.

Pensei que gostasses de Rocío!

Bom fim de semana,Maria Emma de los Nombres, Niña de Lataba y Rodrigo!
Vále!

Lizzie disse...

Capitão:

somos de achar que alguns loucos fazem uma espécie de turismo sem guia por caminhos desconhecidos no território da razão. Seja noite ou seja dia. Uns têm sentido de orientação e voltam,outros perdem-se na selva. Uns sabem que estão perdidos, outros esquecem-se da terra nativa.
A fronteira é confusa, sem geografia marcada.
Há quem diga que para os artistas a criação é a bussula. Não sabemos nem temos a pretenção de saber.

E há quem finja, com a plena consciência do bem e do mal.

E falais de solidão. Cá para nós é estado que vai muitas vezes empurrando quem nela está para o portão, discreto, da loucura até se abrir de par em par.

Sabei que a última vez que vimos a Guadalupe e os seus silêncios, pensámos que se calhar não fala porque as palavras dela não coincidem com as nossas. Talvez não consiga que a entendam.

Estando ali não é NINGUNEADA, a expressão espanhola para as pessoas que vivem sem que ninguém repare que elas existem.
As tais que, quando desaparecem, ninguém lhes nota a falta.
Quem frequenta não entra sem ver se ela está nem sai sem confirmar.

Estamos-vos imensamente gratas pela "tubagem". Adorámos! Sabei que ficamos deliciadas sempre que ouvimos a sonata que é a voz e a pronúncia de Vincent Price. Chegámos a ver filmes terríficos:) só para ouvir aquela voz. E de Tim Burton, já sabeis que somos fãs (ou fans, agora não nos lembramos como se escreve, somos turistas num reino onde as letras se trocam).


Continência

Anónimo disse...

Fantástico!





Turista das palavras:)))!




Mil beijos!





P.

Alien8 disse...

Lizzie,

El tapeo, pois, el tapeo..
Tirando o caldinho de alface, também eu.

Tenho que ir a essa coisa da Consuelo... para a semana, está-se mesmo a ver :)))

Um recado para a Emma Larbos, com cujo comentário também já me ri um bocado:

E então "Amo-te Meco?" :)

Bom fim de semana.
Beijos.

Vanda disse...

Lizzie,

será que tu e o Alien fazem parte de algum "projecto merendeiro/petisqueiro"?

Isto é lá coisa que se faça aos vossos leais e altruistas leitores!! :)

Santa Guadalupe me valha!

Belissima crónica, Lizzie! se um dia voltar a Madrid lá irei em busca do sitio da Consuelo...

Por acaso, quando estive em Paris, recordei-me de algumas passagens de Simone de Beauvoir, lidas duas décadas atrás...

Existe algo de estranho em nos vermos em sítios que até aí tinham feito apenas parte do nosso imaginário!

Neste caso concreto da Consuelo, será certamente menos estranho, devido à ausencia de décadas entre o imaginar fisico da narrativa e a concepção real.


E quanto aos nomes...que tal um "amo-te Pancrácio?"

:)


Beijos risonhos

Lizzie disse...

Pêzinha:

enquanto me ficar só pelo turismo palavroso enfim...o pior é se vou ter à agência de viagens errada:))

Olha, oferece-me um GPS com controlo remoto não vá o diabo tecê-las:))

Beijinhos

Lizzie disse...

Alien:

(e indirectamente Emma, já agora...)

com tapeo ou sem tapeo, giro é ouvir as dobragens dos filmes, onde raramente o my darling é traduzido pelo minha querida/o
Temos assim:
mi corazón
luz de mi vida
cariño
mi cielo
mi blandura
mi dulzura
mi torróncito
alegría mia
mi sueño

e assim de repente não me lembro de mais já que hoje é segunda feira, dia da mente adormecida.

proponho para reflexão um "Tonico, te quiero, no te apartes de mí qué me muero en el infierno de mi vida esta".

Beijos

Lizzie disse...

Vanda
e que tal "amo-te Eleutério"?

Por acaso estou com vontade de, logo à noite, ir ver se ainda tenho corações de alcachofra em vinagre no FRIGORÍFICO!:)

Com a minha habilidade para a cozinha, Vanda, o que seria de mim se não me espanholasse aqui, se não viesse com carrego de caixas e frascos para depenicar,como diz uma amiga, ou "não comer nada de jeito" como diz a minha mãe, seguido do "tem a quem sair!".:)

Valha-me Nossa Senhora da Agonia, que alguns sítios que tinha vontade de conhecer, resultaram em desilusão, por vários motivos, mas graças à Nossa Senhora dos Remédios, outros houve em que não tinha espectativa nem publicidade aderente e me encheram as medidas, por...pequenos pormenores, aqueles que fazem os sítios, na minha cabeça, terem a imagem de um ninho ou da vastidão do mar.


Beijos

Vanda disse...

Lizzie,

ainda bem que falas em FRIGORIFICO :)) amanhã é dia de atesta-lo :) Ai :))) que desforra maquiavélica :))

É verdade que com ou sem santas, nem sempre os destinos das viagens correspondem às expectativas...

E por vezes temos que procurar muito para encontrar o local que ficará para sempre de "culto". Lembro-me por exemplo do Chipre, onde foi preciso fazer muitos Kms e quase estarmos perdidos, para encontrar a praia deserta onde as tartarugas deixavam os seus ovos...


Beijos

Lola disse...

Lizzie,

Eu também gosto de me sentar na mesa de um café a observar os outros, discretamente:)))

E faço histórias imaginárias que poderiam encher vários livros:)))

E as pessoas que passam na rua?

Não sou voyeur, mas a vida das vidas que se cruzam connosco é um mistério fascinante.

A Guadalupe está muito exposta, de voyeur passa fácilmente a objecto de voyeurismo.

Adoraria estar nesse ponto de encontro de todas as insónias, nesse mundo mágico que nos descreves...

Beijos grandes

Lizzie disse...

Vanda:
atesta-o bem!:)

E quanto a sítios, não os procuro: prefiro encontrá-los. A procura tráz expectativa e ansiedade. A descoberta tem o sabor da surpresa.

Os meus sítios de culto foram achados no "deixa ver onde isto vai dar". Por desvios:)

beijos

Lizzie disse...

Lola:
um das minhas fontes de inspiração, mesmo que conscientemente não dê por isso, têm sido exactamente as pessoas com quem me cruzo nos mais variados sítios.
Normalmente contam histórias através dos gestos, dos olhares.

Também sou discreta e nem para a Guadalupe tenho olhares prolongados, como aliás já ninguém habituado a ela tem. As mudanças são motivo de preocupação. Uma vez esteve uns dias sem aparecer e logo a Consuelo a procurou, apesar dos poucos dados e só pela descrição física.

Acho que ficarias lá muitissímo bem. Acho que te sentirias confortável, com muitos e tantos livros para escrever:))alguns de enredo francamente inacreditável.

Beijos.